Capítulo 20: Obrigada pela ajuda.

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Julian se afastou de mim, observando meu rosto com um sorriso tão grande, que fazia meu coração doer de tão rápido que batia, enquanto um frio surgia na minha barriga, em uma mistura de ansiedade e vergonha. Estava tão feliz em vê-lo, que não conseguia parar de sorrir, sentindo minhas bochechas quentes e doloridas por causa do sorriso que não deixava meu rosto.

—Você está bem? —Questionou baixinho, inclinado o rosto para mais perto de mim, fazendo meu rosto esquentar ainda mais. Balancei a cabeça que sim, vendo o sorriso de Julian se tornar incrivelmente maior. —Tem certeza que quer fazer isso?

—Tenho. —Sussurrei, sentindo o calor das mãos de Julian na minha bochecha quando ele passou os dedos ali, me causando um arrepio quando colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. —Quem é ele?

—Steven. —Julian e eu olhamos para o rapaz, que agora enfiava um grampo na fechadura com a porta fechada, fazendo uma careta enquanto parecia muito concentrado ao girar o grampo lá dentro. —Ele manda bem com grampos e fechaduras.

Escutei um estralo da fechadura, antes de Steven testar a porta e ver que ela estava trancada. Ele abriu um sorriso e se virou pra nós dois, erguendo a mão e fazendo um sinal positivo com o dedo, antes de indicar a floresta atrás de nós. Julian segurou minha mão, antes de Steven pegar nossa frente e nos o seguirmos, tentando fazer o máximo de silêncio possível.

Julian não estava brincando quando disse que estava frio. Praticamente me encolhi com o ar gelado que bateu contra o meu corpo. A floresta estava na mais absoluta escuridão e tudo que eu ouvia era minha respiração e nossos passos pelas folhas secas no chão. Olhei para trás por um segundo, observando a sombra da casa com as luzes todas apagadas, exceto pela luz do lado de fora, na frente da porta, onde um dos seguranças estava parado de pé.

—Abby? —Julian me chamou baixinho, só então me dei conta que havia parado de andar, segurando a mão dele e o impedindo de ir também. —O que foi? Mudou de ideia?

—Não, eu só... —Olhei para a casa de novo, pensando por um segundo no que minha mãe faria se descobrisse. Mas eu não tinha absolutamente nada a perder. Eu já vivia presa naquela casa todos os dias. Não havia como algo ser pior do que aquilo. —Não é nada, vamos.

Julian hesitou, como se achasse que eu tinha mesmo mudado de ideia. Mas abri um sorriso pra ele, antes de seguirmos pela floresta atrás de Steven. Quando a casa já não podia ser mais vista, ele ligou a lanterna do celular, nos ajudando a achar o caminho até uma das partes do muro que cercava a casa.

Fiz uma careta quando vi Steven escalar uma das árvores, usando um dos galhos para alcançar a parte superior do muro, antes de montar nele, com uma perna de cada lado. Julian me puxou para baixo da árvore, enquanto eu pensava no quão louco toda aquela situação era.

—E se eu cair e me machucar? —Sussurrei, assim que Julian indicou que eu subisse na árvore também. Ele riu, o que fez minhas bochechas esquentarem, mesmo que eu não soubesse o motivo da sua risada. —Do que está rindo? Eu nunca  fugi de casa.

—Eu sei. —Observei ele tirar o gorro preto que estava usando, colocando-o sobre a minha cabeça, ajeitando carinhosamente meus cabelos. —Eu vou te ajudar a subir e Steven vai te ajudar a alcançar o muro. Depois ele vai pular e pegar você, quando você pular. Eu vou logo depois.

Concordei com a cabeça, mesmo que estivesse com medo. Subi na árvore com cuidado, chegando no galho e agarrando a mão de Steven quando ele a estendeu pra mim, me ajudando a alcançar o muro, até que eu estivesse sentada nele. Julian subiu na árvore logo em seguida, enquanto eu observava Steven pular do muro para o outro lado, onde havia um carro estacionado e uma mulher negra segurando uma lanterna.

—Puta que pariu, vocês demoraram! —A mulher exclamou, fazendo Steven soltar uma risada. —Não ri, idiota. Eu estava quase ligando para o Luc avisando que iríamos precisar de um advogado.

—Ninguém aqui vai ser preso. —Steven retrucou, gesticulando com a mão para que eu pulasse. —Pula, Abigail. Vou pegar você, prometo.

Olhei para Julian, que estava usando o galho para alcançar o muro. Ele me lançou um sorriso encorajador, assentindo para que eu fosse. Soltei uma respiração trêmula e passei minha perna por cima do muro, me preparando para pular, sentindo meu coração na garganta. Tomei coragem, usando as lembranças da minha mãe me proibindo de sair, antes de pular.

Soltei um gritinho baixo quando Steven me agarrou, como se eu não pensasse absolutamente nada. Ele me colocou no chão na mesma, abrindo um sorriso tão gentil pra mim que meu coração praticamente se derreteu, porque não tinha notado o quão bonito ele era até aquele momento. Mas mesmo com as tatuagens e as roupas pretas que combinavam com ele, Julian e seu jeito bagunçado era muito mais bonito.

—Ei, Abigail, eu sou a Catalina. —A mulher se aproximou de mim, abrindo um sorriso animado. —Mas todos me chamam de Lina.

—Você é amiga do Julian também? —Indaguei, olhando para trás quando Julian pulou do muro, fazendo uma careta ao se levantar, como se tivesse caído de mal jeito.

—Sou sim. Viemos ajudá-lo a te resgatar. —Lina soltou uma risadinha baixa, antes de me puxar para o carro. Entrei no banco de trás, enquanto ela se sentava no banco ao lado do motorista. Enquanto Julian e Steven vinham pro carro, ela me olhou por cima do ombro do banco, pra mim.

—O que Julian disse pra vocês? —Indaguei, me encolhendo ao pensar em Julian falando sobre mim com seus amigos.

—Nada. Ele só disse que precisava de ajuda pra tirar você da casa. —Lina deu de ombros, mas parecia visivelmente curiosa, enquanto eu suspirava de alívio.

—E vocês aceitaram ajudar sem se preocupar se eu estava fugindo ou fazendo algo muito, muito errado? —Questionei, olhando para Julian quando ele abriu a porta e se sentou no banco ao meu lado, enquanto Steven tomava à frente do volante.

—Steven não é do tipo que segue muito as leis. —Julian quem respondeu, soltando uma risada ao passar o cinto. Me virei e passei o cinto também, enquanto Steven ligava o carro e partia dali. —Ele ajudaria, independe do que estivéssemos fazendo, não é?

—Exato. —Steven respiração simplesmente, me fazendo soltar uma risada.

[...]

Fiquei observando a janela o tempo todo, ouvindo Lina contando um pouco sobre ela e Steven, que eu descobri serem noivos. Fiquei curiosa quando a ouvi dizer que trabalhava em uma editora de livros, enquanto ele era dono de um estúdio de tatuagens. Parecia uma realidade completamente fora da minha.

Quando chegamos na cidade, não tirei os olhos dos prédios, casas e lojas por onde passávamos, querendo gravar cada detalhe daquele momento. Julian não disse absolutamente nada, mas vi que ele me observava com um sorriso pequeno nos lábios, como se estivesse feliz por mim.

Steven não estacionou e nem desligou o carro, mas parou na frente de uma casa enorme e Julian na mesma hora desceu. Ele deu a volta no carro, abrindo a porta para que eu descesse também. Ele sorriu pra mim, fechando a porta e se inclinado na janela da frente para falar com Lina e Steven.

—A gente se vê daqui a pouco. Obrigada pela ajuda. —Julian afirmou, me puxando para longe do carro. Lina enfiou a cabeça na janela, abrindo um sorriso enorme.

—Começa em 20 minutos. Melhor correrem! —Lina exclamou, me deixando confusa. Mas Steven já tinha partido com o carro e Julian estava me puxando em direção a casa.

—Pra onde a gente vai? O que começa daqui 20 minutos? —Indaguei, observando a casa enorme, enquanto Julian abria a porta da frente.

—Aquela surpresa que eu te falei. —Ele se virou pra mim sorrindo, enquanto eu estava mais ocupada olhando para o interior da casa, porque não estava esperando que Julian me levasse pra casa dele. —Temos que nos arrumar e ir. Victor e a Millie já devem estar nos esperando.


Continua...

Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora