Capítulo 7: Estrela do time de hóquei.

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Julian Patton

Victor e Millie estavam me esperando no restaurante quando cheguei, me sentindo um pouco confuso e perdido depois de sair da casa de Abigail. Meus amigos sorriram e acenaram pra mim quando me viram, enquanto eu me aproximava da mesa, deixando minha mochila na cadeira vazia ao lado da que eu puxei para me sentar.

—Parece que você não foi sequestrado então. —Victor murmurou, me fazendo exibir uma careta, antes de balançar a cabeça negativamente. —Que cara é essa? A garota era tão ruim assim?

—Não, ela era... —Apertei meus lábios unidos, pensando em quais palavras usar para descrever Abigail. Gentil, doce, adorável, fofa e muito, muito bonita. —Ela era legal e um pouco esquisita.

—Como assim esquisita? —Millie questionou, abrindo um sorriso quando o garçom se aproximou e deixou um prato enorme de batata frita no centro da nossa mesa. —Só pra você saber, já pedimos nossa comida e a sua. Nada de comer pouco.

—Sabe, vocês não são meus pais. —Resmunguei, vendo Millie e Victor revirarem os olhos e trocarem um olhar cumplice, como se eles fossem continuar cuidado de mim eu gostando ou não. Aquilo me fez soltar um suspiro, porque percebi que minha vida nem era tão ruim assim, perto da forma que Abigail vivia. —Olha, a garota é esquisita do tipo, não tenho celular, não posso sair e tudo que eu faço preciso da autorização da minha mãe.

—Credo. —Millie fez uma careta, enquanto eu balançava a cabeça positivamente, entendendo perfeitamente a reação dela ao ouvir aquilo.

—Ela mora só com a mãe e nunca sai. Tipo, nunca mesmo. Só em extrema necessidade, com a mãe dela junto. Ela disse que a mãe dela não acha seguro. —Apertei meus lábios, percebendo que Victor e Millie estavam prestando total atenção no que eu dizia. —Sério, foi tão estranho. Ela pareceu tão surpresa quando eu disse que não morava com meu pai e fazia o que eu queria.

—As vezes tem a ver com a religião dela. —Victor murmurou, me fazendo erguer as sobrancelhas e o lançar um olhar cético. —Não estou dizendo que não é estranho, mas alguns pais realmente guardam os filhos a sete chaves por conta da religião ou qualquer outra coisa. Não acho que seja certo, apesar de concordar que todo mundo tem o direito de seguir a religião que quiser. Mas algumas pessoas realmente vão muito, muito além.

—Não acho que seja isso. A Abigail não parecia nem um pouco religiosa. —Afirmei, pensando em como ela era e como ela me olhava, como se estivesse tão curiosa e ao mesmo tempo com medo de me perguntar qualquer coisa. —Ela parecia perdida e confusa. Isso sequer faz sentido, eu sei, mas... Eu não sei, mas isso tudo foi tão estranho.

Balancei a cabeça negativamente, roubando algumas batatas, sem conseguir saber o que pensar sobre o que eu tinha visto e ouvido de Abigail. Parecia uma coisa tão irreal pensar que uma pessoa cresceu a vida toda dentro de casa, sem nunca sair ou ter contato com outras pessoas. Abigail deve ter a minha idade, o que é mais assustador ainda.

—De qualquer forma, vou na casa dela sexta de novo, porque não conseguimos terminar o trabalho hoje. —Falei, ficando muito feliz quando o restante da comida chegou, porque minha barriga estava roncando de fome. —Posso tentar jogar um verde e saber mais sobre como ela se sente morando assim.

—Quer salvar a Rapunzel da bruxa má? —Millie indagou, soltando uma risadinha quando tombei a cabeça de lado e lancei um olhar debochado na direção dela.

—Se você se sentiu incomodado com isso e acha que tem algo errado. —Victor deu de ombros, enquanto nos três começávamos a comer. —Talvez seja realmente bom ver como Abigail se sente. Mas cuidado pra não tocar em um ponto e acabar arrumando problemas. Mas se precisar de ajudar, conta com a gente.

—Eu sei. Valeu por isso. —Abri um sorriso, me sentindo grato por ser amigo de Victor e Millie. Mesmo que muitas coisas que aconteçam na minha vida me incomodem, eles são um dos pontos mais positivos.

—Deixando a Rapunzel de lado, temos uma outra questão para discutir. —Victor comprimiu os lábios, como se não soubesse como eu iria reagir aquilo. —A gente precisa alugar os dois quartos que estão sobrando no casarão. Deixamos isso de lado ano passado, mas agora seria uma boa hora.

—Você fala como se não fosse rico e não pudesse pagar. —Retruquei, arrancando uma risada de Millie, enquanto Victor revirava os olhos. —Você achou alguém pra ficar com um dos quartos? Eu conheço?

—Foi eu quem achei, na verdade. —Millie deu um gole na sua coca cola, olhando para Victor com o canto dos olhos, enquanto eu parava de comer ao ver o quão hesitante eles estavam.

—O que foi? Por que estão agindo desse jeito? Não é um atleta, é? —Indaguei, vendo ambos pararem de comer e ficarem olhando pra mim. Soltei uma exclamação um pouco alta de mais, balançando a cabeça negativamente na mesma hora. —Não. De jeito nenhum. Nós três concordamos com o "nada de atletas no casarão"!

—Nem todos os atletas são babacas, Julian. Bryan por exemplo... —Victor jogou no ar, enquanto eu continuava balançando a cabeça negativamente, prevendo o quão ruim aquela ideia era.

—Bryan é uma excessão. Mas o restante... —Fiz uma careta de desgosto, porque não tinha nenhuma boa lembrança com os atletas da universidade. A maioria era absolutamente detestável. —Sério, vocês não podem estar considerando isso.

—Só estamos considerando, porque o atleta em questão não é uma pessoa ruim. —Millie rebateu, me lançando um olhar cauteloso. —A gente não ia trazer nenhum babaca pra dentro do casarão, Julian. Ainda mais aqueles que já fizeram bullying com você.

—Tá, quem é? É do time de basquete? De futebol americano? —Indaguei, enfiando uma batata frita na boca, reunindo todos os argumentos para dizer não a qualquer atleta que eles sugerissem.

—Na verdade, ele é do time de hóquei. —Victor esclareceu, quase me fazendo engasgar com a batata frita que eu estava mastigando. —O Briar, que estuda literatura na turma da Millie.

—Não, não, não... Briar Harding? O Briar Harding, estrela do time de hóquei? —Indaguei, ficando incrédulo quando os dois balançaram a cabeça positivamente. —Essa é a pior ideia de todas!

—Por quê? O cara é super gente boa. —Victor indagou, dando de ombros, enquanto eu escondia me rosto entre as mãos e balançava a cabeça negativamente.

—Três coisas. —Falei, fazendo o sinal de três com os dedos. —Atleta, rico e famoso. Essas três palavras juntas são uma bandeira vermelha. Briar é essas três palavras juntas. O cara é conhecido pela universidade inteira por ser a estrela de hóquei, além de ser podre de rico. Por que diabos ele vai dividir o casarão com a gente, se pode pagar o próprio apartamento?

—Eu também posso e moro com você, seu merdinha! —Victor deu um tapa de leve na minha mão, me fazendo abaixá-la e exibir uma careta pra ele. —Independente disso, o cara é gente boa. Ele nunca fez nada pra nenhum de nós três. Ele é da turma da Millie e eles já até estudaram juntos.

—Traidora. —Resmunguei, soltando uma risada quando Millie fez menção de me dar um tapa no braço. —Tudo bem. A gente pode fazer um teste. Mas uma piadinha dele...

—E a gente coloca ele pra fora. —Victor completou por mim. —Vou conversar com ele. Mas tenho a sensação que isso vai dar super certo. Você vai ver, ele é legal.

Eu só esperava que Victor não estivesse errado sobre isso.


Continua...

Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora