Nunca tinha entrado em um avião na vida, então foi uma experiência um tanto surpreendente e um pouco vergonhosa também, porque fiquei agarrada a mão de Julian enquanto o avião subia para o céu. Meu coração pareceu chegar à boca nesse momento, como se fosse parar de bater a qualquer segundo. Mas Julian continuou ao meu lado, segurando a minha mão e tentando me distrair com perguntas sobre o que eu gostava e beijos roubados que deixavam meu coração ainda mais acelerado.
Millie e Victor foram sentados na poltrona atrás de nós e pareciam o exemplo perfeito de calmaria, como se já tivessem feito aquilo milhares de vezes. Mas eu tremia e ficava ansiosa com qualquer tremor diferente que tomava conta do avião.
Quando finalmente pousamos algumas horas depois, eu só queria colocar meus pés em terra firme, porque não tinha gostado nem um pouco da experiência de voar. Julian pareceu se divertir com isso, porque estava sempre me olhando com uma expressão risonha que soava tão fofa e irritante ao mesmo tempo.
Quando ele me disse que iríamos pegar um avião eu relutei um pouco, porque sabia que ele tinha tirado dinheiro do bolso dele para comprar a minha passagem. Mas ele insistiu até que eu finalmente aceitasse. E eu também estava morrendo de vontade de viajar e conhecer outro lugar.
Fiquei me perguntando por vários momentos o que minha mãe pensaria se soubesse que eu tinha saído pra viajar. Acho que ela surtaria e diria que é perigoso, porque é só isso que ela sabe fazer. Tinha comprado um celular pra mim usando aquele cartão que ela havia me dado, mas não tinha tido coragem de mandar mensagem pra ela, mesmo que tivesse salvado seu número nele. Eu ainda estava com esperança que ela abrisse os olhos. Mas era uma esperança absolutamente pequena.
—Não deveríamos mesmo ter avisado? —Indaguei, pegando minha mochila quando descemos do táxi. Julian balançou a cabeça negativamente, pegando sua mochila e a única mala que havíamos trazido. —E se eles não gostaram da surpresa? E se não gostarem de mim? Você nunca falou sobre mim pra eles.
—Eles vão gostar da surpresa e eles vão gostar de você. —Julian afirmou, em meio a uma risada, enquanto soltava a mala na calçada e pagava o táxi para que ele pudesse partir. Esperei que ele virasse pra mim, fazendo uma careta quando suas mãos envolveram minhas bochechas e Julian se inclinou para dar um beijo na ponta do meu nariz. —Não precisa ficar preocupada. Absolutamente todo mundo gosta de você assim que te conhece. É até um pouco chato, porque eu sou obrigado a dividir sua atenção com todo mundo.
—Isso não é verdade. —Retruquei, mesmo sabendo que ele estava mesmo falando a verdade. Tinha feito muitas amizades essa semana. Na faculdade. No café dos Hollis. Eu até me surpreendia com minha facilidade de me dar bem com todo mundo. Não era nada como minha mãe costumava pintar. —E mesmo que eu tenha milhares de amigos, você sempre vai ser meu melhor amigo.
Julian ergueu as sobrancelhas ao me ouvir dizer aquilo, com um sorriso lindo surgindo nos lábios. Soltei um suspiro de ansiedade quando sua mão deixou meu rosto para envolver minha cintura, enquanto a outra deslizava pela minha nuca. Já tinha o beijado várias outras vezes, mas em todas elas meu corpo reagia como se uma reação química estivesse acontecendo dentro de mim. Meu coração disparava e meu sangue fervia, espalhando o calor pelo meu corpo inteiro. Os lábios dele pareciam cada vez mais ansiosos pelos meus.
Quando Julian me beijou naquele momento, eu me derreti em seus braços, erguendo minha mão para tocar seu rosto e o puxar mais para mim. Cada parte do meu coração batendo por ele naquele momento, enquanto eu sentia o gosto dos seus lábios. Mesmo que eu quisesse que durasse mais, Julian logo se afastou, deixando um selinho demorado em mim.
—Não fiquei pensando demais ou se preocupando, está bem? Quero que aproveite esse final de semana. —Afirmou, acariciando minha bochecha com o polegar.
Concordei com a cabeça, antes de deixá-lo me guiar para a porta de entrada da casa. Julian olhou pra mim quando subimos os degraus da varanda, antes de piscar e então tocar a campainha. Sua mão segurando a minha era como um calmante para o meu nervosismo, porque eu não sabia bem o que esperar ali.
A porta não demorou a se abrir, revelando a figura de um homem que eu reconhecia das fotos de Julian. Ele hesitou por um segundo ao olhar pra ele e depois pra mim, como se tivesse sido pego de surpresa. Mas então seus lábios se abriram em um sorriso enorme quando olhou para Julian de novo. Os cabelos loiros e as feições parecendo uma versão mais velha do filho.
—Julian, você está aqui! —Exclamou, abrindo os braços e o puxando para um abraço apertado, parecendo visivelmente surpreso, mas absolutamente feliz. —Eu não acredito que você veio e não avisou. Meu Deus, Natalie não vai acreditar quando eu contar a ela.
—Eu queria que fosse surpresa. —Julian afirmou, se afastando dele e voltando a segurar minha mão. Abri um sorriso tímido para o pai de Julian, vendo seus olhos se demorarem na nossas mãos juntas. —Essa é a Abigail. Queria que vocês a conhecessem.
—Olá. —Soltei, odiando o quão sem graça eu estava naquele momento, porque o pai de Julian era um pouco intimidador.
—Olá, Abigail. É um prazer conhecê-la. Eu sou o Oscar, pai do Julian. —Ele abriu um sorriso gentil pra mim, que fez minhas bochechas corarem. —Venham, entrem. Devem estar cansados da viagem.
Oscar deu espaço para que entrássemos, pegando a mala que Julian estava puxando para ajudá-lo. A casa era simples, mas tinha um ar acolhedor por toda parte. Não consegui evitar de olhar para cada cantinho dali, querendo gravar cada detalhe, porque sabia que era onde Julian havia nascido e crescido.
—E a Natalie? —Julian indagou, tirando a mochila e a soltando sobre o sofá, antes de puxar a que eu carregava.
—Ela só foi no mercado e não deve demorar. Vai ficar feliz quando descobrir que você está aqui. —Ele olhou pra mim, parecendo curioso e ao mesmo tempo cauteloso. Vi quando olhou para o filho de novo, franzindo a testa ao observá-lo por alguns segundos. —Você emagreceu, né? Não está passando fome, por acaso? Sabe que se precisar de qualquer coisa pode me pedir.
—Eu estou bem, pai. —Julian abriu um sorriso tenso para o pai, que não passou despercebido por nenhum de nós dois. —Vou mostrar a casa lá atrás pra Abby. O Victor e a Millie vieram também. Acho que eles vão sugerir para que jantemos todos juntos.
—Tudo bem, vou falar com os pais deles. —Murmurou, observando Julian segurar minha mão e me puxar pelo pequeno corredor que havia ali.
O segui em silêncio, tentando entender o pequeno momento de desconforto entre Julian e o pai segundos atrás. Mas logo esse pensamento foi esquecido, porque Julian me levou para o quintal atrás da casa, onde pude ver a imensa árvore que havia ali, com uma casa de madeira lá em cima.
—Você tem uma casa na árvore! —Exclamei, praticamente soltando um gritinho de animação. —Por que não me contou sobre isso antes? É incrível!
Julian soltou uma gargalhada da minha reação, não me impedindo quando soltei a mão dele e disparei até a escada, ansiosa pra subir lá em cima.
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4
RomanceAbigail Brooks está muito longe de ser a Rapunzel, mas foi criada a sete chaves desde criança. Estudando desde a infância em casa e tendo todo o contado com o mundo vindo apenas de sua mãe, ela está mais do que ansiosa para descobrir o que existe al...