Ella me deixou na frente do casarão, insistindo para ficar comigo até que Julian chegasse. Mas eu estava cansada que só queria ficar sozinha, absorvendo tudo que tinha acontecido no encontro com a minha mãe. Eu pensei que ela insistiria mais e até mesmo tentaria me impedir. Pensei que ela pudesse mudar de ideia e me contar a verdade. Mas ela apenas ficou parada me observando ir embora.
Usei a chave reserva de Ella para entrar no casarão. Não havia ninguém em casa naquele momento. Arrastei a mala pro andar de cima. Não sabia bem o que fazer, então entrei no quarto de Julian e deixei minha mala em um canto, antes de me aninhar na cama dele, deixando aquelas lagrimas grossas e tão frias quanto meu coração cairem.
Eu me sentia uma bagunça completa, sem saber quem eu era de fato, além de não reconhecer mais minha mãe. Tinha passado tanto tempo de olhos fechados, ignorando a forma que ela me tratava e agia, como se aquilo fosse normal. Acordar pra tudo isso é como ter um pedaço de quem você é arrancado com força, porque demorei demais pra perceber o quão problematica minha vida era.
Fiquei deitada pelo restante do dia, sentindo o perfume de Julian no travesseiro, querendo que ele voltasse logo. Não tinha certeza de quem havia chegado primeiro, porque só escutei o som de passos na escada e no corredor, antes de uma porta bater com um tanto mais de força do que seria necessário. Não quis me levantar para ver quem era, porque tinha certeza que não era Julian.
Mas quando estava anoitecendo, escutei o som inconfundível da moto de Julian estacionando no casarão. Meu coração disparou dentro do peito, porque percebi que não fazia ideia de como agir na frente dele. Havia tido uma crise esquisita de ciúmes por conta da ex dele. Só entendi o desconforto que estava sentindo quando conversei com Ella e Millie. Mas então, em uma onda de coragem, eu tinha o beijado e ele tinha retribuído. Agora ele iria chegar e me encontrar deitada na cama dele.
—Abby? —Escutei ele me chamando no andar de baixo, o que me fez sentar na cama e soltar uma respiração pesada, percebendo que ele sabia que eu estava ali. Ella provavelmente tinha o avisado. —Abby?
Me sentei na cama quando escutei o som de passos apressados no corredor, além do som de uma porta batendo. Cada pensamento meu se reduzindo a pura ansiedade e nervosismo.
—O que está havendo? —Escutei a voz de Briar, enquanto a porta do quarto se abria e Julian surgia ali, ofegante e vermelho, como se tivesse corrido para casa quando soube que eu estava ali. —Abigail está aqui?
Fiquei de pé quando Julian entrou no quarto. Meu peito se derreteu na mesma hora, enquanto meu rosto esquentava de vergonha, mesmo que eu estivesse muito feliz por vê-lo. Briar apareceu no corredor, parecendo surpreso quando olhou para dentro do quarto e me viu. Mas ele nem teve a chance de dizer algo, porque assim que abriu a boca, Julian fechou a porta na cara dele.
—Oii... —Ele abriu um sorriso hesitante, se aproximando lentamente, como se não soubesse muito bem o que fazer. —Ella me mandou uma mensagem dizendo que tinha deixado você aqui. Desculpa ter demorado, não conseguir sair antes da aula.
—Eu sai de casa. —Abri um sorriso fraco, que provavelmente saiu mais como uma careta. —Eu posso... eu posso ficar aqui?
—Claro que sim. —Julian finalmente quebrou o espaço restante entre nós dois, trazendo as mãos até meu corpo para me puxar para um abraço. Soltei um suspiro pesado ao esconder meu rosto no seu peito, relaxando ao sentir o calor do seu corpo me envolver. —Pode ficar aqui. Pode ficar no meu quarto se quiser. Pode fazer o que você quiser, Abby. Prometo que vai ficar tudo bem.
—Como pode ter tanta certeza? —Indaguei, passando meus braços ao redor dele, enquanto sentia suas mãos nos meus cabelos. —Minha mãe queria me manter presa dentro de casa de novo. Ela queria me colocar de castigo como se eu fosse uma criança. Você tinha que ter visto, ela parecia... parecia outra pessoa.
—Será que era ela que parecia outra pessoa, ou você apenas acordou para as ações tóxicas dela? —Julian afastou meu rosto para que eu o encarasse, deslizando os dedos pelas minhas bochechas. —De qualquer forma, estou feliz que esteja aqui.
—Eu também. —Abri um sorriso ao vê-lo me olhar com uma expressão exultante. Seus dedos se demorando na minha bochecha, antes de deslizarem até minha nuca quando Julian inclinou o rosto na minha direção.
Parei de respirar quando percebi o que iria acontecer. O calor se concentrando nas minhas bochechas, enquanto um frio enorme surgia na minha barriga. Fechei meus olhos quando senti os lábios dele pressionarem os meus, fazendo uma onda de eletricidade atingir em cheio meu coração, quando retribui o beijo e senti o gosto dele na minha boca.
Julian suspirou contra meus lábios, apertando minha nuca enquanto deslizava a outra mão para a minha cintura e me grudava contra ele. Tive que me segurar nos ombros dele para não me desmanchar ali mesmo, sentindo meu coração bater mais rápido do que deveria ser seguro. Mas os lábios dele eram quentes, doces e gentis, causando uma sensação deliciosa dentro de mim.
—Está tudo bem aqui? —Julian se afastou assim que a porta se abriu e Briar entrou, assustando nós dois.
—Ei! —Julian se virou na mesma hora, parecendo irritado com a invasão de Briar, que estava olhando de mim para Julian diversas vezes, com uma expressão que deixava claro que ele tinha visto oque estávamos fazendo e tinha sido pego de surpresa. —Qual é, Briar, não sabe mais bater na porta?
—Você bateu a porta na minha cara. —Briar rebateu, com uma expressão série e os lábios comprimidos, como se estivesse se segurando para não dizer algo. —Você chegou correndo e berrando o nome dela. Fiquei preocupado achando que estava acontecendo alguma coisa séria.
—Não está acontecendo nada. Abigail só vai ficar aqui. —Julian afirmou, fazendo a surpresa tomar conta do rosto de Briar, antes de ele ficar sério de novo.
—Aqui no casarão ou aqui no seu quarto? —Indagou, gesticulando ao redor. Meu rosto queimou com aquela pergunta, enquanto Julian fazia uma careta e erguia as sobrancelhas, como se estivesse incrédulo com a pergunta dele.
—Briar, posso te pedir um favor? —Julian colocou as mãos na cintura quando Briar balançou a cabeça positivamente, abrindo um sorriso meio tenso pra mim, enquanto Julian parecia muito frustado. —Pode dar o fora do meu quarto?
Briar abriu a boca para retrucar, fechando-a logo em seguida. O observei erguer as mãos para esfregar o rosto, antes de sair do quarto e fechar a porta, sem olhar pra qualquer um de nós dois. Julian se virou pra mim, murmurando um pedido de desculpas e resmungando sobre o quão estranho Briar estava nos últimos dias, antes de estender a mão na minha direção e me puxar para outro abraço.
Continua...
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Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4
RomanceAbigail Brooks está muito longe de ser a Rapunzel, mas foi criada a sete chaves desde criança. Estudando desde a infância em casa e tendo todo o contado com o mundo vindo apenas de sua mãe, ela está mais do que ansiosa para descobrir o que existe al...