Capítulo 61: Vou sentir sua falta.

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Eu sai do hospital depois de alguns dias. Julian ficou comigo o tempo todo, assim como Briar e os seus pais. Eu ainda precisava me acostumar com a ideia de que eles eram meus pais também. Não chegamos a falar diretamente sobre o que aconteceu com Kristie e o que ela tinha feito. Tinha a sensação de que eles estavam esperando pelo momento que eu deixasse o hospital e estivesse 100% bem.

A única coisa que eu fui questionado, com eles e também por alguns advogados e à polícia, era o que tinha acontecido no carro e se eu tinha alguma coisa contra ela ser julgada na justiça por isso. Eu neguei, porque o que eu mais esperava era que ela ficasse presa, bem longe de mim. Sequer perguntei sobre como ela estava, porque não me importava mais. Ela nunca se importou comigo de fato.

Nesse tempo, eles se ocuparam em tentar me conhecer o máximo possível. Saber tudo que eu gostava, assim como me contaram sobre muitas coisas sobre eles. Adeline ficou radiante ao saber que eu gostava de patinação e gostaria de tentar, já que ela mesmo havia trabalhado como patinadora antes de ter filhos e se afastar do esporte. E Damian deixou claro que eu teria um treinador só pra mim, para treinar e fazer o que eu sonhava.

Millie, Ella, Lina, Yasmin e Jane estavam no hospital no dia que acordei, junto com os rapazes. Eles também vieram me visitar em alguns dias, contrabandeando algumas comidas pra mim escondido dos médicos. Jasmine e Mavie também apareceram um dia, me trazendo flores. Fiquei surpresa com a visita delas, além do fato de Jasmine ter pedido desculpas por não ter visto o que aconteceu no café, como se de alguma forma aquilo fosse culpa dela, quando não era.

[...]

Parei em frente ao espelho do quarto de Julian no casarão, olhando para o gorro dele que estava nas minhas mãos, antes de colocá-lo na cabeça, ajeitando meus cabelos longe do meu rosto. Ele saiu do banheiro no mesmo instante, observando as poucas coisas que eu tinha trazido pra casa dele arrumadas em uma mala e na minha mochila.

—Você checou se não está esquecendo de nada? —Indagou, e eu confirmei com a cabeça que sim. Sabia que ele estava um pouco desanimado com o fato de eu ir embora, mas que também entendia que eu precisava fazer isso.

—Se eu esquecer alguma coisa, depois eu pego. Eu não vou deixar de vir até aqui ou de ver você. —Afirmei, me aproximando de Julian, vendo-o soltar um suspiro e envolver minha cintura com os braços. Abri um sorriso pra ele, o abraçando pelos ombros e roubando um selinho dos seus lábios. —E você vai me visitar sempre, não vai?

—Claro que eu vou. —Ele sorriu, como se fosse besteira pensar que não iria. —Não existe lugar no mundo que eu conseguiria ficar longe de você. Só vou sentir sua falta. Tinha me acostumado a dividir meu espaço com você.

—Eu também. —Falei, soltando uma respiração pesada ao esconder meu rosto no seu peito. —Mas eu preciso fazer isso, Julian. Quero conhecer meus pais verdadeiros. Recuperar o tempo que foi tirado de nós, mesmo que isso seja impossível. —Meus lábios se comprimiram quando Julian me abraçou com mais força, descansando o queixo no topo da minha cabeça. —Eles vão ficar em Nova Iorque por minha causa.

—Eu entendo, Abby. Estou muito feliz por você, de verdade. Sempre soube que você merecia uma família de verdade. —Julian beijou meus cabelos, enquanto sua mão subia e descia pela linha da minha coluna.

Aquilo me fez pensar em Kristie. Ela estava respondendo judicialmente por tudo que fez comigo e com meus pais. Mesmo depois do hospital não tive qualquer contato com ela. Sei que ela pediu aos advogados para me ver, mas eu não queria e não sabia se em algum momento ia querer.

Eu precisava ouvir da boca da minha verdadeira mãe como as coisas aconteceram de verdade e como foram pra eles todos esses anos. Estávamos evitando esse assunto, mas eu sabia que agora que eu iria morar com eles, esse assunto iria acabar surgindo. Estava com medo de descobrir mais coisas ruins sobre a pessoa que me criou.

Até onde eu sabia, ela estava presa em uma clínica, fazendo milhares de exames para que eles saibam se ela está mentalmente sã. Não que precise de fato de uma exame pra isso, porque eu tenho certeza que ela não está. Tinha ouvido por alto que Billy tinha sido chamado para contar sua parte da história e em nenhum momento ficou do lado de Kristie. Talvez com ela presa, ele não tenha mais medo de que ela possa fazer algo contra ele. Ele só não fazia ideia de que ela realmente pretendia fazer isso.

Escutei o som de uma buzina, fazendo uma careta e soltando uma risada quando Julian apertou mais os braços ao redor de mim, como se não quisesse que eu fosse. Tinha certeza que era meus pais que haviam acabado de chegar para me buscar. Apenas eu ia morar com eles, enquanto Briar iria continuar aqui no casarão, mesmo que nossa mãe tivesse insistido para que ele se mudasse de novo.

—Preciso ir. —Me afastei o suficiente de Julian para olhar nos olhos dele. Sua testa tocou a minha, enquanto suas mãos se ergueram para acariciar minha bochecha. —Não esquece de comer sempre que chegar em casa e se cuidar, ok? Vou dizer pro Victor chutar a sua bunda se você voltar a pular as refeições.

—Eu vou continuar me cuidando, pode deixar. —Julian riu, apertando minha bochecha quando eu abri um sorriso inocente pra ele. —Não esquece de me mandar mensagem, tá bom? Sempre que quiser. Agora você pode.

—Agora eu posso. —Repeti, sentindo o quão surreal as coisas estavam e o quanto elas mudaram rapidamente.

Julian deslizou a mão para minha nuca e juntou nossos lábios, me beijando como se já estivesse morrendo de saudades. Como se fôssemos passar dias sem nos ver de verdade. O beijei de volta da mesma forma, querendo sentir o gosto dele antes de precisar deixar aquele lugar. Cada batida do meu coração ecoando na minha cabeça, me fazendo pensar no quanto eu estava apaixonada por ele e o quão fácil foi sentir aquilo.


Continua...

Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora