Capítulo 15: Fica com o meu celular.

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Abigail pareceu indecisa por um segundo, como se a ideia de deixar aquela casa não fosse tão boa assim. Imaginei que ela poderia ficar com medo, já que nunca tinha saído sem a mãe. Mas se ela quisesse mesmo sair dali comigo, eu iria tomar cuidar para que absolutamente nada de ruim acontecesse com ela.

—O que você mais gostaria de fazer se fosse dar uma volta fora de casa? —Indaguei, tentando trazer aquele brilho de volta para o rosto dela. —Ir no shopping? Ir comer alguma coisa? O que você gostaria de fazer?

Abigail umedeceu os lábios com a língua, parecendo pensar no que gostaria de fazer primeiro. Mantive minhas mãos nos cabelos dela, deslizando os dedos pelos fios macios, enquanto ela mantinha as mãos nos meus cabelos, em um carinho que fazia meus olhos pesarem, me deixando a ponto de dormir.

—Quando eu era criança tinha o sonho de ser patinadora artística. —Afirmou, me fazendo abrir um sorriso com a forma que o rosto dela se iluminou naquele momento. —Eu costumava assistir campeonatos de patinação pela tv, quando minha mãe deixava eu assistir. Eu achava incrível a forma como eles deslizavam pelo gelo, como se fosse algo tão fácil de fazer. Passei muito tempo desejando poder fazer aquilo.

—Então, se você quiser mesmo sair daqui, vou levar você pra um rinque de patinação. Você pode aprender a andar de patins no gelo. —Falei, percebendo que aquilo a pegou de surpresa, antes de abrir um sorriso enorme.

—Você vai me ensinar? —Indagou, me arrancando uma risada baixa.

—Só andei uma vez numa pista de gelo. Não tinha o menor jeito. Mas nós dois podemos tentar aprender juntos, o que acha? —Sugeri, vendo-a morder o lábio para conter o sorriso e então balançar a cabeça que sim, como se a ideia a agradasse muito. —O que mais você gostaria de fazer?

—Quero ir comer pizza. —Dessa vez ela não hesitou em me responder, o que me arrancou outra risada, antes de eu balançar a cabeça que sim. —E você pode me levar pra dar uma volta pela cidade com a sua moto?

—Claro, Abby. O que quiser fazer. —Afirmei, arrancando um sorriso enorme dela, como se eu tivesse lhe dando o melhor presente de todos. Mas Abigail deveria ter feito aquelas coisas a muito tempo e não ter passado a vida presa dentro de casa. —Só precisamos sair sem a sua mãe saber.

—Ela vai viajar no final de semana. —Abigail se afastou e se sentou na cama, me olhando com um pouco de cautela. —Acho que é a única oportunidade que eu tenho de fazer isso. Mas precisa ser a noite, porque a governanta sempre fica em cima de mim quando minha mãe sai.

—Sábado a noite então? —Indaguei, erguendo as sobrancelhas ao pensar naquela governanta e no aviso que ela me deu. Se a governanta era esquisita, não queria nem pensar na mãe de Abigail.

—Se não tiver problema pra você. Não quero te colocar em uma furada, Julian. —Afirmou, soando realmente sincera sobre aquilo. Me sentei na cama também, abrindo um sorriso confiante pra ela.

—Não tem problema pra mim. Eu só quero te ajudar, Abby. —Deixei claro, porque realmente não estava preocupa com a mãe dela ou com qualquer outra coisa, a não ser em dar a ela um pouco de liberdade. Ninguém merecia ficar preso dentro da própria casa. Filhos não eram objetos. —Você sabe o nome do seu pai?

Abigail balançou a cabeça negativamente, se encolhendo como se estivesse envergonhada por não saber esse fato. Mas eu não a culparia por absolutamente nada depois de ver a forma como a mãe dela a trata.

—E o da sua mãe?

—Kristie Brooks. —Sussurrou, me observando ficar de pé, enquanto aquele nervosismo dava as caras de novo. Eu também estava nervoso, mas não fazia ideia do porque. Precisava ir embora, mas também não queria deixar Abigail assim.

—Eu tenho que ir pra casa. —Afirmei, puxando meu celular do bolso e olhando a hora. Ainda tinha que dar um jeito de pular o muro de novo e pensar em uma forma de tirar Abigail dali, porque aqueles seguranças ficavam o tempo todo na frente da casa, inclusive a noite. —Mas eu volto aqui no sábado, tudo bem?

Abigail apenas balançou a cabeça positivamente, soando um pouco desanimada. Meu coração se apertou dentro do peito, enquanto eu sentia vontade de me aproximar dela e tentar conforta-lá de alguma forma. Mas não sabia como fazer isso e tinha receio de me aproximar demais e Abigail não gostar.

—Olha, fica com o meu celular. —Estendi o celular pra ela, observando seus olhos se arregalando. —Você me devolve ele no sábado quando eu aparecer aqui pra te buscar, pode ser? Assim nós dois podemos conversar, sem você precisar pegar o celular da sua mãe escondido. Só precisa escondê-lo bem, pra ela não encontrá-lo.

—Mas e você? —Indagou, sem fazer menção de pegar o celular, mesmo que eu ainda estivesse com a mão estendida na direção dela. —Como vamos conversar?

—Eu pego o celular do Victor pra te ligar. Se o nome dele aparecer na tela, você atende, está bem? —Balancei o celular para que ela o pegasse. Abigail hesitou, mas estendeu a mão e pegou o celular da minha mão, o observando. —Ignore qualquer mensagem que chegar aí. A única pessoa que pode ligar é o meu pai ou a Natalie, mas se eles ligarem você não precisa atender, ok? Dou uma desculpa pra eles depois. Só atende se aparecer o nome do Victor. —Me aproximei de Abigail, fazendo-a desviar os olhos do celular para olhar pra mim. Percebi que ela estava nervosa por eu estar tão perto, mas eu também estava. —A senha é 1815, entendeu?

—1815. —Abigial repetiu, balançando a cabeça afirmativamente. Abri um sorriso, observando suas bochechas ficarem coradas ao me observar. Queria muito saber o que ela estava pensando naquele momento, porque seus olhos pareciam duas estrelas brilhantes me encarando.

—Se precisar de qualquer coisa, use meu celular pra ligar pro Victor. Eu normalmente estou com ele quando não estou em aula. Mas se eu não estiver, pode confiar nele pra pedir qualquer coisa também. —Afirmei, vendo-a balançar a cabeça que sim, como se não tivesse capacidade de falar nada naquele momento. —Apenas ligue se precisar. Preciso ir pra casa agora.

—Obrigada por vir aqui. Isso significa muito pra mim, Julian. —Sussurrou, com as bochechas ficando mais vermelhas quando se inclinou e deixou um beijo na minha bochecha, me pegando completamente de surpresa.


Continua...

Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora