Abigail Brooks
Nunca passou pela minha cabeça que em algum momento da minha vida eu ia acabar no carro da minha mãe, com os pulsos amarrados. Nunca cheguei a imaginar que ela chegaria ao ponto de me obrigar a ir com ela, me amarrando e me arrastando até o carro. Foi isso que ela fez e eu sequer pude gritar por conta dos seguranças que estavam com ela no café.
Agora estávamos sozinhas. Percebi que ela tinha tudo planejado quando não fomos direto pra casa e sim pegamos a estrada para fora da cidade. A manhã se tornou tarde e logo à noite veio também, enquanto eu tentava dialogar com ela e implorar para que me levasse de volta. Para que fôssemos pra casa. Qualquer outra coisa que me deixasse livre daquelas cordas e não me levasse para longe de Nova Iorque. Mas minha mão não queria ouvir.
—Por que está fazendo isso comigo? Com sua filha que você diz que ama tanto? —Indaguei, olhando para o banco da frente, onde ela se encontrava em silêncio, dirigindo com uma calma assustadora, bem diferente de como eu estava naquele momento.
As lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas desde que fui jogada dentro do carro. A dor no meu coração paralisando todo meu corpo. As vezes eu não conseguia nem mesmo respirar, porque pensava em Julian e o que ele pensaria quando soubesse. Eu pensava nas últimas semanas incríveis que tinha tido com ele e meus amigos.
—Por favor, mãe, isso é super errado e você sabe. —Afirmei, cansada de ficar em silêncio esperando por alguma coisa dela. —Não pode me amarrar e me forçar a ir com você. Podemos ir pra casa e conversar.
—Tudo que eu fiz foi conversar com você e ser paciente, Abigail. Mas eu cansei, sabe? —Ela suspirou, balançando a cabeça negativamente como se eu fosse a errada e não ela. Todos os seus gestos, palavras e ações soavam como se ela não fizesse ideia da gravidade da situação. —Eu dei absolutamente tudo a você. E pra que, minha filha? Pra você me trocar por um rapaz qualquer. Sempre soube que você era sentimental demais, só que conseguiu superar qualquer coisa idiota, se envolvendo com a primeira migalha que te ofereceram.
—Isso não é verdade! —Exclamei, odiando como ela estava transformando aquilo em algo sobre meu relacionamento com Julian, quando ele não tinha nada a ver com isso.
Julian tinha sido um porto seguro pra onde eu poderia correr e me proteger. Ele era o amigo que precisei nos momentos mais confusos da minha vida, quando eu nem fazia ideia de quem eu era. E ele me deu muito mais do que migalhas. Ele me deu carinho, conforto, proteção e cuidado, coisa que eu achava que recebia da minha mãe, mas era tudo uma farsa.
—Isso não é sobre o Julian. Isso é sobre eu e você. Isso é sobre a forma problematica que você me mantinha presa dentro de casa. —Afirmei, engolindo o nó que se formou na minha garganta, que ardia por conta das lágrimas. —Eu disse pra você, mãe, seu amor estava me sufocando. Você não precisa de mim ao seu lado, você precisa de ajuda. Você não superou a perda do seu filho e jogou tudo isso sobre mim. Você não está me protegendo, você está me machucando!
—Você não faz ideia do que está falando. —Ela praticamente rosnou as palavras pra mim. —Billy não tinha que ter aberto a merda da boca pra falar essas coisas pra você. Ele não sabe o que aconteceu comigo, porque me abandou quando eu mais precisei dele. Mas, tudo bem, quando tudo isso se resolver eu vou ter uma conversinha com ele.
—Você está se ouvindo? Você está percebendo a gravidade do que está fazendo e falando? —Indaguei, sentindo meu coração martelar na minha garganta, como se fosse explodir dentro de mim com a intensidade que batia.
A luz do celular clareou o carro escuro, revelando o nome de Julian. Tinha perdido as contas de quantas vezes ele tinha me ligado, assim como Victor, Millie e Briar. Mas minha mãe não permitiu que eu atendesse nenhuma das vezes. A primeira coisa que ela fez quando me colocou dentro do carro foi procurar meu celular e o tirar de mim.
—Me deixe falar com ele. Só... só um minuto, por favor. —Pedi, soltando um soluço em meio as lágrimas, vendo-a me olhar pelo espelho. —Se vai mesmo fazer isso comigo, deixe que eu pelo menos me despeça dele. É só o que eu te peço, mãe, um minuto pra me despedir dele. —Ela comprimiu os lábios e voltou a ficar na estrada —Eu nem mesmo sei pra onde você está me levando. Só me deixe falar com ele uma única vez. Por favor... por favor, mãe.
—Um minuto e nem um segundo há mais. —Afirmou, pegando o celular e o jogando pra mim. Meus dedos tremeram quando agarrei o aparelho, tremendo ao atender a ligação e levar o celular ao ouvindo.
Abigail — Julian?
Briar — Abigail? Aí meu Deus, finalmente! Você está bem? Está machucada?
Abigail — Briar?
Senti meu coração afundar dentro do peito, com medo de que alguma coisa tivesse acontecido com Julian, pra ser Briar me ligando e não ele. A lembrança de que minha mãe havia trancado Millie no banheiro do café para conseguir me levar já tinha sido aterrorizante o suficiente.
Briar — Abby, você está bem? Por favor, me diz que está bem. Me diz que não está machucada.
Abigail — Eu estou bem. Onde está o Julian? Aconteceu alguma coisa com ele?
Briar — Ele está aqui do meu lado. Estamos indo atrás de você, ok? Não vamos deixar que ela a leve para a longe.
Abigail — Como assim?
Olhei para o banco da frente, apenas para ter certeza que minha mãe não estava ouvindo nada.
Briar — Abby, preciso que preste atenção no que eu vou te falar agora, está bem? Você sabe que ela não é sua mãe, não sabe? Não sei o que ela te falou todos esses anos, mas eu preciso que você saiba que seus pais te amam. Eles sempre te amaram. Eles queriam você mais do que qualquer coisa no mundo. Eles não te abandonaram ou qualquer coisa que ela possa ter te falado.
Abigail — Como você sabe disso? Como você...
Briar — Eu sei disso porque eles são meus pais também, Abby. Nós dois somos irmãos. Você é minha irmã. Tive suspeitas quando a vi pela primeira vez. Mas eu tenho certeza agora. Você é minha irmã, Abby. E eu te prometo que não vou deixar que ela tire você de nós de novo.
Continua...
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Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4
RomanceAbigail Brooks está muito longe de ser a Rapunzel, mas foi criada a sete chaves desde criança. Estudando desde a infância em casa e tendo todo o contado com o mundo vindo apenas de sua mãe, ela está mais do que ansiosa para descobrir o que existe al...