Tentei controlar a ansiedade e o nervosismo que ameaçavam me consumir naquele momento, porque a forma que ela estava me olhando naquele momento era o suficiente para reduzir qualquer pessoa a pó. A observei se aproximar com passos decididos, fazendo o salto do sapato causar um eco pela cozinha.
—Onde ela está? —Indagou, quase rosnando as palavras pra cima de mim, enquanto eu erguia as sobrancelhas e tentava exibir minha melhor expressão e confusão.
—Perdão, acho que eu não entendi. —Falei, vendo-a ranger os dentes, com o rosto tão vermelho e os olhos repletos de raiva. Parecia estar se controlando para não explodir. —Eu por acaso conheço a senhora?
—Sou a mãe da Abigail. Lembro muito bem da sua cara quando foi até minha casa fazer aquele trabalho com ela. —Afirmou, ajeitando a bolsa sobre o braço, como se quisesse bater em mim com ela. E pela forma que ela me olhava, eu não duvidava muito de que poderia mesmo fazer isso. —Sei que ela está aqui, rapaz. Vi a ligação salva no meu celular e tenho certeza de que foi pra você. Só você poderia tê-la tirado de casa.
—Está me acusando de sequestro? —Questionei, vendo um sorriso afiado surgir no canto dos lábios dela, como se ela achasse que eu estava ficando com medo. —Se acha que eu a sequestrei, porque não trouxe a polícia? Uma mãe preocupada de verdade com a segurança da filha teria trazido a polícia.
—Concordo. —Bryan murmurou do outro lado da ilha, enquanto Victor e Steven vinham se sentar também, arrumando seu café da manhã como se aquele fosse mais um dia comum. —Podemos fazer uma lista de crimes que estão acontecendo, o que vocês acham? Sequestro.
—Cárcere privado. —Steven murmurou logo em seguida, sendo seguido pela voz de Yuri ao meu lado.
—Alienação parental.
—Quem sabe até... —Victor exibiu uma expressão de falsa incredulidade. —Adoção ilegal.
Kristie olhou para cada um deles, absorvendo as palavras com a expressão um pouco abalada, como se não estivesse preparada para aquilo. Mas ela logo se recuperou, girando o rosto para me encarar de novo. A raiva dando lugar a algo mais frio e afiado, que me fez ficar duro na banqueta.
—Olha aqui, rapaz, não vim até aqui pra ficar perdendo meu tempo com adolescentes problematicos...
—Adolescentes problematicos? —Bryan ergueu a cabeça, soltando uma risada descrente, com a boca cheia de panqueca. —Que isso, senhora, eu já sou até casado pra ser confundido com um adolescente.
—E eu estou noivo. —Steven abriu um sorriso orgulhoso, como se aquela fosse a melhor coisa da sua vida. —Vamos nos casar no começo do ano que vem.
—Cara, a Lina fica falando sobre a festa de casamento com você o tempo todo? —Yuri indagou, se inclinando sobre a ilha da cozinha enquanto encarava Steven. —Porque a Yasmin faz isso comigo e só serve pra me deixar mais ansioso pro casamento.
—Sim! —Steven concordou, soltando uma risada. —É uma ansiedade e um nervosismo muito pior do que quando vamos pedi-las em casamento de fato. Ela só sabe falar da festa e eu só sei contar os segundos pro dia chegar.
Yuri gemeu ao meu lado, soltando uma risada, como se não pudesse concordar mais com Steven. Do grupo, ele e Steven eram os que iam se casar em breve, enquanto Bryan tinha carregado Jane para Las Vegas, fazendo uma festa digna de uma rainha pra ela. Além do fato de ele ter literalmente pedido ela em casamento em rede nacional, depois de ter vencido um campeonato de futebol americano.
—Deveríamos ser pais ao mesmo tempo também. —Bryan afirmou, chamando a atenção deles, enquanto eu olhava com o canto dos olhos para Kristie, que olhava para cada um deles com uma expressão perdida e incrédula. —Nic e Ella já estão esperando o deles. Se ficarmos grávidos também, nossos filhos vão ter todos a mesma idade e crescer juntos.
—Grávidos. —Victor caiu na risada, fazendo Bryan revirar os olhos. —Quem vê pensa que é você que vai carregar o bebê e não a Jane...
—PAREM COM ISSO! —Kristie gritou, batendo a mão fechada na ponta da ilha. Ela literalmente berrou no meio da cozinha, fazendo todos nós nos sobressaltarmos de susto. Cada cabeça girando para encara-la, enquanto a surpresa tomava conta de cada um de nós.
O silêncio era praticamente gritante naquele momento, porque todos a encarávamos. Sua respiração estava pesada e ela estava completamente vermelha, como se a raiva que ela estivesse guardando finalmente estivesse explodido. O descontrole tão evidente que até meus amigos ficaram imóveis, como se esperassem que ela fosse gritar de novo.
—Onde está a minha filha? —Exclamou, com a voz saindo tão alta que eu tinha certeza que os vizinhos poderiam ouvir. O peito de Kristie subia e descia com força, enquanto ela erguia as mãos para arrumar os fios de cabelo fora do lugar, parecendo respirar fundo antes de falar mais baixo dessa vez. —Não quero saber da porra da vida de nenhum de vocês. Quero minha filha ou...
—Vai chamar a polícia? —Yuri se inclinou para trás para poder olhar pra ela, puxando o celular do bolso e o erguendo. —Quer o celular emprestado para ligar?
Ela riu. Uma risada tão ácida e fria que fez todos os pelos do meu corpo se arrepiarem. Mesmo que tivesse falado mais baixo, ainda parecia um tanto descontrolada, a ponto do próprio segurança atrás dela parecer surpreso e até mesmo um pouco preocupado. Prendi o ar quando ela se inclinou para perto de mim, soltando uma risada baixa, enquanto o rosto se abria em uma expressão controlada um tanto assustadora.
—Eu só estou preocupada com a minha filha. Ela não costuma sair a noite e muito menos ficar fora de casa. Eu só quero encontrá-la. —Afirmou, soando tão calma e tão doce que meu estômago chegou a dar um nó. Quando não respondi, os lábios de Kristie tremeram um pouco, como se ela quisesse gritar de novo. —Trevor?
Olhei surpreso para o segurança quando ele veio pra cima de mim, agarrando meus braços como se fosse me arrancar daquele lugar. Mas ele parou no momento que Steven, Bryan, Yuri e Victor ficaram de pé em um segundo, as expressões se tornando serias o suficiente para fazê-lo hesitar e tirar as mãos de mim.
—Vamos manter uma conversa civilizada, crianças. —Steven abriu aquele canivete e o colocou em cima da ilha, enquanto se escorava com os braços cruzados sobre ela. —Ninguém aqui quer ir parar no hospital e muito menos na cadeia, certo?
O segurança ergueu as mãos pra cima e se afastou para trás de Kristie, que estava olhando para Steven com uma expressão resignada. Ela respirou fundo, ajeitando os cabelos de novo, enquanto eu me ajeitava sobre a banqueta, tentando não me abalar com o fato de que provavelmente teria apanhado do segurança se estivesse sozinho.
—Tudo bem, rapaz. Quanto você quer pra me dizer onde minha filha está? Eu sei que você sabe onde ela está. Só precisa me dizer quanto você quer. —Afirmou, me fazendo olhá-la com uma expressão descrente, porque não estava acreditando que ela havia chegado até aquele nível. —Quanto você quer pra me dizer onde minha filha está?
Não respondi, vendo Victor dar a volta na ilha, chamando a atenção de Kristie para ele. Ela deu um passo para trás, na direção do segurança, quando ele se aproximou até ficar na frente dela. A expressão séria do rosto se abrindo em um sorriso calmo e gentil, mesmo que eu tivesse certeza de que ele queria xingar todo mundo.
—Quanto você quer pra sair de dentro da minha casa? —Victor questionou, usando o mesmo tom de voz arrogante que ela havia usado pra falar comigo.
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4
RomanceAbigail Brooks está muito longe de ser a Rapunzel, mas foi criada a sete chaves desde criança. Estudando desde a infância em casa e tendo todo o contado com o mundo vindo apenas de sua mãe, ela está mais do que ansiosa para descobrir o que existe al...