Julian Patton
Abigail parecia ter se divertido bastante patinando no gelo, mesmo que tivéssemos caído várias vezes. Quando Victor e Millie se juntaram a nós dois tudo ficou ainda mais engraçado, porque os dois também não tinham jeito algum com patins e gelo. O único com talento ali era Briar, mas ele não parecia interessado em mostrar seu talento pra gente aquela noite.
—Cara, são três horas da manhã. —Victor se espreguiçou ao meu lado, como se estivesse morto. —A gente não costuma ficar acordado até tarde, se não for jogando.
—Tem razão. E eu ainda preciso deixar a Abigail em casa. —Falei, pensando que provavelmente só deitaria pra dormir na minha cama quando estivesse amanhecendo.
Nos cinco estávamos deixando o centro de patinação naquele momento, com Briar vindo por último para apagar as luzes e trancar as coisas. Millie e Abigial estavam indo mais à frente, mergulhadas em uma conversa animada entre sussurros, que fez eu e Victor trocarmos um olhar demorado, porque as duas pareciam melhores amigas, mas tinham acabado de se conhecer.
—Vocês vão pra casa? —Briar questionou do nada, assim que terminou de trancar tudo e saímos para o estacionamento. Victor assentiu com a cabeça, visivelmente com sono. Eu também estava, mas só descansaria quando Abigail estivesse em segurança em casa. —Podem me dar uma carona? Eu não vim de carro, porque bebi na festa.
—Achei que ia voltar pra lá assim que saíssemos daqui. —Falei, me virando para ver a expressão esquisita que estava no rosto de Briar. Ele parecia tenso, confuso e um pouco perdido. —Cara, você está realmente bem?
—Sim, só quero ir pra casa. Não estou afim de festa hoje. —Ele deu de ombros, seguindo para onde estava estacionado o carro de Victor.
Eu e meu amigo trocamos um olhar demorado, antes de nos separarmos. Millie correu para o carro com Victor, enquanto Abigail tentava colocar o capacete sozinha, se atrapalhando toda. Aquilo me arrancou uma risada, antes de eu me apressar em ajuda-la.
—E ai, gostou de vir aqui? —Indaguei, ajudando-a a subir na moto, antes de me sentar na frente dela, sentindo suas mãos delicadas passarem ao redor da minha cintura, antes de Abigail escorar o queixo no meu ombro.
—Eu gostei bastante. Uma pena que a gente não tenha mais tempo. Tem tantas coisas que eu gostaria de fazer. —Afirmou, com uma voz um pouco desanimada que deixou meu coração apertado, porque não queria devolve-la para aquela casa, mesmo que não pudesse fazer nada quanto a isso. —Minha mãe vai voltar e eu não faço ideia de como as coisas vão ser. Eu só não quero continuar vivendo do jeito que estava. Ou ter que ficar saindo escondida a noite.
—Nós vamos dar um jeito nisso, Abby. —Toquei a mão dela que estava envolta da minha cintura, antes de a olhar por cima do ombro, sentindo uma sensação quente dentro do meu peito ao vê-la com as bochechas coradas e os olhos brilhando pra mim. —Mas agora eu preciso mesmo te levar pra casa.
[...]
Nós dois tínhamos passado na minha casa para deixarmos minha moto, e para que Abigail pudesse se despedir de Victor e Millie, antes de Steven aparecer para nos buscar, dessa vez sozinho. Briar havia se trancado no quarto assim que chegou, segundo Victor, o que me deixou um pouco confuso e até preocupado, porque ele realmente não parecia muito bem mais cedo.
Me sentei no banco de trás com Abigail, segurando sua mão o tempo todo, enquanto ela tinha a bochecha escorada no meu ombro. Estava quietinha, parecendo visivelmente com sono e cansada. Quando chegamos ao muro da sua casa, ela soltou uma respiração pesada, como se o fato de precisar entrar escondida a deixasse frustrada.
—Você não parece nem um pouco cansado. —Ela sussurrou para Steven, enquanto pulávamos o muro para dentro do terreno da casa, tomando cuidado para não fazer muito barulho.
—Eu tenho um estúdio de tatuagem. Trabalho a noite toda. —Steven explicou, fazendo um brilho de curiosidade surgir nos olhos de Abigail. —Estou acostumado a ficar até as 5 da manhã acordado, Abby.
—Isso significa que você vai estar aqui amanhã? —Questionou, fazendo Steven rir e balançar a cabeça que sim.
Tinha muito que agradecer a Steven depois, porque ele ficou horas tentando me ensinar a abrir e fechar portas com um grampo, mas eu era praticamente um desastre e não consegui em nenhuma das vezes. No final ele desistiu e disse que não se incomodava em vir comigo sempre que eu precisasse. Nunca vou dizer isso em voz alta, mas eu amo esse cara.
Atravessamos a floresta em silêncio, observando o segurança na entrada da casa, antes de irmos para os fundos. Dessa vez as luzes estavam totalmente apagadas, o que me deixou mais tranquilo. Steven não demorou um segundo para abrir a porta, exibindo uma tranquilidade de dar inveja.
—Vou esperar ali fora. —Steven deu um toque no meu ombro, falando tão baixo que quase não ouvi.
O observei dar tchau para Abigail, que se inclinou e deu um beijo na bochecha dele, agradecendo pela ajuda. Logo nos dois já estávamos sozinhos, no pequeno corredor que dava para a cozinha. Parei na frente de Abigail, ajeitando meu gorro que ela ainda usava. Tinha a estranha sensação que Abby não tinha qualquer intenção de me devolver.
—Volta com cuidado para o quarto, está bem? Qualquer coisa... —Puxei meu celular e estendi pra ela, que soltou uma risada baixa e o pegou, enfiando-o no bolso da jaqueta. —Mesmo combinado do outro dia. E se precisar, pode ligar. Você já conheceu meus outros amigos, então se o Victor não atender, liga pra Millie, pro Steven ou.. Eles vão me avisar na mesma hora.
—Tudo bem. Obrigada por hoje. —Afirmou baixinho, abrindo um sorriso pequeno pra mim, como se estivesse sem graça.
—De nada, Abby. A gente se vê de novo daqui a algumas horas. —A puxei para um abraço, sem conseguir evitar o sorriso enorme que escapou pelos meus lábios quando Abigail escondeu o rosto no meu peito, me deixando sentir seu perfume suave.
Quando ela se afastou de mim, deixou um beijo na minha bochecha como havia feito com Steven, desaparecendo dentro da cozinha segundos depois. Comprimi meus lábios e saí da casa, vendo Steven fechar a porta e então a trancar. Nós dois seguimos em silêncio até a floresta, antes de eu me virar e encarar a varanda do quarto de Abigail, sentindo uma sensação desagradável dentro do peito, porque a Rapunzel havia retornado para a torre.
Continua...
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Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4
RomanceAbigail Brooks está muito longe de ser a Rapunzel, mas foi criada a sete chaves desde criança. Estudando desde a infância em casa e tendo todo o contado com o mundo vindo apenas de sua mãe, ela está mais do que ansiosa para descobrir o que existe al...