Capítulo 35: O nome dele é Julian!

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Segunda de manhã era sempre um dia estranho, ainda mais depois de passar a madrugada toda acordado. Os rapazes se juntaram no sofá da sala para jogar GTA, enquanto eu estava mais ocupado checando a rua de cinco em cinco segundos, ao mesmo tempo que mantinha meu celular em mãos. Millie me enviou umas poucas mensagens para dizer que estava tudo bem, mas logo precisaria sair pra aula. Por sorte, eu e Victor estávamos livres no período da manhã.

—Você olhando pra essa janela tá me dando agonia, sabia? —Bryan me lançou uma almofada na cabeça, me fazendo bufar e jogar a almofada no chão. —Ela pode nem aparecer hoje, cara. Pela história que vocês contaram, eu não apareceria se fosse ela.

—Ela pode ser presa por cárcere privado. —Yuri comentou, como se concordasse com Bryan sobre ela não aparecer ali. —Claro que Abigail viveu com ela por que queria, mas não é como se ela tivesse tido outra opção. Além de ela não poder obrigar Abigail a continuar vivendo desse jeito.

—Vocês já pensaram em descobrir quem são os pais verdadeiros dela? —Steven indagou, lançando um olhar curioso a Victor, que estava mais ocupado movendo os dedos furiosamente sobre o controle de vídeo game, enquanto olhava para a tv.

—Não sei o que Abigail vai quere, pra falar a verdade. A gente não conversou sobre isso. Acho que ela ainda estava se recuperando do choque de saber que aquela mulher não é mãe dela, como diz ser. —Afirmei, porque Billy também não tinha sido tão cauteloso com as palavras, mesmo que eu o entendesse. Mas o fato de ele ficar preocupado com a possibilidade de Kristie descobrir que havíamos o procurado, me incomodava. Se ela mantinha a filha presa em casa, o que mais seria capaz de fazer?

Pulei da poltrona onde estava sentado, vendo um carro surgindo na rua. Os rapazes pararam o jogo na mesma hora, como se estivessem se preparando para uma batalha. Mas meu gemido de frustração e alivio os fez soltar uma respiração pesada e negarem com a cabeça ao mesmo tempo, voltando a atenção para o jogo. Não demorou muito para Briar surgir na sala, se assustando com ao encontrar todos os rapazes empoleirados no sofá.

—Hm... —Ele fez uma careta, olhando para cada um de nós, parecendo visivelmente confuso. —Vocês passaram a madrugada jogando, ou acabaram de chegar? Porque se tiverem acabado de chegar, isso vai ser muito estranho pra uma segunda de manhã.

—É uma segunda atípica, cara. —Victor afirmou, dando de ombros, enquanto passava o controle para Steven jogar, já que era a vez dele. —Onde você estava? Pensei que a festa terminasse as quatro.

—Não sei. Sai mais cedo pra ir no hos... —Briar parou de falar, como se tivesse se dado conta de uma coisa. O vi comprimir os lábios, olhando pela sala até os olhos pararem em mim. Ergui as sobrancelhas, porque estava o achando esquisito desde a noite do centro de patinação. —O que vocês estão fazendo aqui, afinal?

Todos trocaram olhares, como se não soubessem se podiam ou não compartilhar aquilo com Briar. Ele morava no casarão agora, mas não tinha sido incluído no grupo e eu nem sabia se iria. Mesmo que estivéssemos nos dando bem, Briar ainda era de uma parte social da universidade bem diferente da nossa.

—Como eu disse, uma segunda feira atípica. —Victor murmurou depois de um silêncio esquisito na sala, que fez Briar cerrar os olhos em desconfiança, antes de subir correndo as escadas para o andar de cima.

Eu e Victor trocamos um olhar demorado, como se meu melhor amigo também estivesse estranhando o comportamento do jogador de hóquei. Briar não demorou a descer de novo, usando o uniforme do time de hóquei, carregando uma bolsa enorme na mão. Ele acenou com a mão para todos nos antes de sair, provavelmente tendo um treino logo cedo. Não sei como ele conseguir aguentar depois de passar a noite acordado bebendo em uma festa.

Depois de mais algumas rodadas de GTA, nos todos fomos para a cozinha, que pareceu encolher com nós cinco ali. Mesmo sem fome, ajudei eles a preparar um café pra geral, enquanto ainda olhava uma vez ou outra pro meu celular. Queria poder ligar pra Abigail, mas não queria incomoda-la se ela estivesse dormindo.

Quinze minutos depois a cozinha estava impregnada com cheiro de café, quando todos nos olhamos ao ouvir o som de um carro estacionando na frente da casa. A vontade de correr para a janela e ver quem era, era muito grande, mas permaneci imóvel até ouvir o som da campainha. Alguém estava apertando furiosamente a campainha do casarão, e eu tinha a sensação que não era nenhum amigo nosso.

—Não esqueçam do que combinamos. —Victor lembrou a todos eles, enquanto saia da cozinha para atender a porta.

Bryan deslizou para uma das banquetas da ilha da cozinha e encheu o prato de panquecas. Steven se recostou no batente da entrada que separava a cozinha da escada do segundo andar, puxando aquele canivete no bolso, brincando com ele entre os dedos, mas sem o abrir. Yuri tentou segurar o riso ao meu lado, enquanto se servia de café. Diferente de todos eles, eu não conseguia esconder a ansiedade que ameaçava me esmagar naquele momento.

—Posso ajudar? —Ouvi a voz de Victor indagar, com a mais pura gentileza, enquanto a respiração se prendia na minha garganta ao ver Steven acenar sutilmente com a cabeça, deixando claro que era mesmo a mãe de Abigail.

—Vim aqui buscar a minha filha. —Ouvi a voz dela, sentindo meus ombros ficarem rígidos, pensando em todos esses anos que ela encheu a cabeça de Abigail de coisas, apenas para que ela nunca saísse de casa. Quanto mais eu pensava, mais bizarro a coisa se tornava. —Sei que ela está aqui com aquele... aquele rapaz.

—Que rapaz? —Victor questionou, fingindo uma falsa confusão, enquanto Bryan se engasgava com o café do outro lado da cozinha. —Vai ter que ser mais especifica, senhora. Nós moramos em cinco aqui e eu não costumo cuidar da vida amorosa dos meus colegas.

—O que? —Kristie soltou, como se estivesse incrédula. —Julian. O nome dele é Julian! Chame-o aqui agora mesmo, antes que eu resolva chamar a polícia.

—Uau, alguém acordou com o pé esquerdo hoje. —Bryan comentou, alto o suficiente para que Kristie ouvisse.

Escutei o som de saltos, antes da mulher aparecer na entrada da cozinha, ao lado de um dos seguranças, enquanto Victor me olhava como se tivesse tudo sobre controle. Mas Kristie já tinha olhado para cada um de nós, focando os olhos em mim como se pudesse me reconhecer até no inferno, mesmo que não tivéssemos nos conhecido oficialmente.


Continua...

Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora