Capítulo 18: Segunda chance.

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Sexta feira chegou de uma maneira esquisita. Victor e Millie já haviam saído pra faculdade quando acordei, além de eu não ter conseguido encontrar com eles na hora do almoço, estava sem meu celular para ligar para os dois e também não tinha como falar com Millie. Tinha trocado algumas mensagem e ligado um para o outro na quinta, mas tudo era rápido, como se tivéssemos fazendo algo muito errado.

Pra piorar tudo uma tempestade desabou sobre Nova Iorque. Quando desci da moto e tirei o capacete, estava encharcado até os ossos. Mas não tinha muito o que fazer sobre aquilo e eu também não podia voltar pra casa sem resolver algo. Ajeitei o capacete embaixo do braço e me virei para encarar a fachada do estúdio de tatuagem.

Com um suspiro pesado caminhei até a entrada, vendo a maioria dos tatuadores e dos clientes olharem pra mim quando entrei. Provavelmente estavam estranhado ter alguém como eu ali, sem qualquer tatuagem no corpo e com cara de quem jamais faria uma na vida. E eu não faria mesmo, porque não me dava bem com agulhas de qualquer tipo.

—Olá, Cruel. —Abri um sorriso ao olhar para os meus pés, vendo o gato cinza que me observava com os olhos enormes, provavelmente me julgando por estar ali todo molhado, deixando um rastro pelo chão.

—Não sei se devo me sentir surpreso ou honrado por ver você entrado aqui. —A voz firme me fez erguer a cabeça, vendo Steven Riley caminhando na minha direção, usando roupas completamente pretas, assim como o gorro que cobria sua cabeça. Algumas pequenas tatuagens aparecendo na garganta e nos pulsos. —Não veio fazer uma tatuagem, veio?

—Isso soaria tão estranho assim? —Indaguei, soltando uma risada constrangida ao apertar a mão de Steven em um cumprimento, vendo-o dar de ombros.

—Um pouco, cara. —Steven indicou o seu escritório no andar de cima, me fazendo segui-lo na mesma hora. Olhei para trás para ver se Cruel iria vir atrás de nós, mas ele continuou sentado, me julgando com aqueles olhos felinos. —Então, você veio fazer uma tatuagem?

—Ah, não. Preciso falar com você sobre uma coisa. —Dessa vez minha risada saiu mais alta enquanto subíamos as escadas até ele abrir a porta, revelando a mulher de pele negra que estava deitada no sofá do seu escritório, com um livro aberto no colo. —Oi, Lina.

—Ei, Julian, que surpresa! —Catalina abriu um sorriso quando me viu, se sentando no sofá enquanto Steven fechava a porta atrás de mim. —Tudo bem?

—Sim, só vim aqui porque preciso de um segundo da atenção do seu noivo. —Falei, me virando para Steven quando ele cruzou o espaço e se sentou atrás da mesa de madeira, indicando que eu me sentasse também. —E talvez de uma ajuda também.

—Alguém está mexendo com você naquela universidade? —Steven puxou aquele canivete do bolso, girando-o entre os dedos. —Quem eu devo ameaçar?

—Steven! —Lina exclamou, fazendo ele soltar uma risada e dar de ombros, exibindo uma expressão inocente, enquanto eu abria um sorriso e negava com a cabeça.

—Não é nada disso. Na verdade, é um pouco mais complicado...

Ergui a mão para esfregar meus cabelos molhados, me perguntando o que Steven iria pensar quando eu falasse o que queria. Talvez isso soasse mais estranho do que eu aparecendo aqui querendo fazer uma tatuagem. Eu costumava ser super pacífico, mesmo sofrendo bullying a maior parte da vida.

—Victor me contou uma vez que você era bom em abrir portas com grampos. —Mordi o lábio com força ao ver os olhos de Steven se franzirem, como se ele não tivesse esperando por aquilo. —Preciso que me ajude a entrar em um lugar.

[...]

Entrei no casarão, sentindo o vento frio se misturar com meu corpo molhado, me dando a sensação de estar sendo congelado de dentro para fora. Quase gemi de alívio ao sentir o calor da casa quando fechei a porta, enquanto me livrava dos meus tênis molhados e da jaqueta pesada pela água que pingava dela.

Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora