Eu acordei depois do meio dia, sentindo o peso da madrugada que passei acordado pesando nos meus ombros. Tive que praticamente me arrastar para fora da cama, esperando a alma voltar pro corpo antes de descer para a cozinha, onde Victor, Millie e Briar estavam.
Murmurei um bom dia um tanto esquisito, antes de me arrastar até uma das banquetas e afundar ali, na frente de Briar, que tinha os olhos na sua xicara de café, como se ela fosse muito mais interessante do que qualquer um de nós três.
—Minha cabeça está explodindo. —Afirmei, escondendo meu rosto entre as mãos, porque a claridade da cozinha estava incomodando meus olhos m. —Acho que vou voltar para cama daqui a pouco. Minha alma ainda não se recuperou direito.
—Até parece que você está de ressaca. —Victor deslizou um prato de panquecas até mim. Uma torre de panquecas, na verdade, que fazia parecer que eu não comia a décadas. Provavelmente na opinião dele dele eu realmente não comesse a décadas. —Come tudo.
—Quantas vezes eu vou precisar lembrar que você não é meu pai? —Indaguei, pegando o garfo para comer, porque minha barriga roncou com o cheiro bom que chegou até mim. Victor cozinhava incrivelmente bem, pra falar a verdade. Era até um pouco surpreendente.
—Quando você parar de agir como um merdinha. —Victor retrucou, me fazendo bufar, antes de Millie passar pelo meu lado, deixando uma xicara de café pra mim e se inclinando para dar um beijo na minha bochecha.
—Você e Steven deixaram Abigail em casa ontem? —Millie indagou, indo se sentar ao lado de Victor, dividindo um prato de panquecas com o namorado. Balancei a cabeça que sim, vendo Briar erguer a cabeça para prestar atenção na conversa. —Ela mandou uma mensagem pra mim perguntando se você tinha chegado em segurança em casa. A achei muito fofa por se preocupar.
—Ela é fofa mesmo. —Concordei, sem conseguir esconder o sorriso. Fofa, linda e fascinante. —Vamos sair juntos essa noite de novo.
—Vão falar com o Billy? —Victor indagou, e eu confirmei com a cabeça, vendo-o comprimir os lábios, como se tivesse muito a dizer sobre isso, mas preferindo guardar para si. —Qualquer coisa avisa, ok? O que vocês pretendem fazer depois?
—Acho que vou leva-la para dar uma volta na cidade. Ainda não pensei nisso. —Dei de ombros, porque queria deixar Abigail escolher quando nos encontrássemos, e também achava que tudo iria depender da questão do pai dela.
—Ainda tem festa hoje. O convite pra vocês ainda está de pé. —Briar entrou na conversa, já que até agora ele parecia uma estátua no meio da cozinha, em absoluto silêncio. —Pode levar sua amiga lá, se quiser.
—Não sei se festa faz o estilo da Abigail. —Comentei, vendo Briar me encarando, enquanto girava aquela pulseira ao redor do seu pulso, em um ato quase de ansiedade e impaciência. —Mas vou perguntar pra ela. Apesar de eu não curtir, ela pode se interessar já que nunca foi.
—Ninguém vai mexer com você, Julian. Vamos estar lá. —Victor afirmou, e eu encolhi meus ombros de frustração, sentindo aquela frase soar humilhante, mesmo que a intenção de Victor fosse realmente boa.
Mas eu estava na porcaria da universidade e ainda sofria bullyng como um adolescente do colegial, precisando do melhor amigo para se proteger. Aquilo me deixava furioso com aqueles idiotas e comigo, por deixar que eles me colocassem nessa posição. Não éramos mais crianças, mas alguns deles deixavam crianças maldosas de 10 anos com inveja.
A comida na minha frente não pareceu mais tão boa nesse momento, quando me lembrei de todas as piadas que ouvi quando entrei na universidade, ainda namorando Davine. Ela tinha um corpo perfeito, a ponto de se tornar líder de torcida. Ela não parecia se incomodar com as piadas sobre meu antigo peso, mas talvez fosse só fingimento, porque no final ela fez o que a maioria dizia para fazer.
—Ei, ei, ei... —Victor estalou os dedos para o meu prato quase intocável, porque eu havia dado no máximo três garfadas na pilha de panquecas, mas já estava deixando-a de lado para correr para o quarto. —Qual é, cara, não faz isso com a gente. Nos esforçamos muito pra fazer essas panquecas.
Suspirei frustrado, cansado de debater sobre minha rotina alimentar com Victor. Peguei o prato e o café e subi para o meu quarto, porque mesmo que eu não quisesse comer, me sentia mal por recusar algo que eles fizeram pra mim. Aqueles dois sabiam perfeitamente quais eram meus pontos fracos.
[...]
Desci as escadas, ajeitando a jaqueta nos meus ombros, enquanto procurava pela minha carteira pelo sofá, porque não fazia ideia de onde havia a enfiado quando cheguei em casa praticamente de amanhã. Soltei um suspiro de alívio quando a encontrei perdida no meio das almofadas, antes de ouvir o som de alguém descendo as escadas.
—Vai buscar a Abigail em casa? —Briar indagou, e eu murmurei o que soou um sim um pouco esquisito, porque Steven estava um pouco atrasado e aquilo mexia com a minha ansiedade mais do que eu deveria suportar. —Ela mora com os pais?
—Só com a mãe. —Afirmei, observando-o balançar a cabeça que sim, parecendo visivelmente curioso. O que quer que tivesse acontecido com ele ontem, já havia sido esquecido, porque Briar parecia muito bem naquele momento, tão bem arrumado que eu sabia que iria pra festa.
—Quantos anos ela tem?
—20, por quê? —O olhei um pouco confuso, vendo-o dar de ombros, enquanto sua expressão demonstrava que ele estava gravando aquela informação na sua cabeça.
—Só fiquei curioso. Não me lembro de já tê-la visto pelo campus ou com vocês antes. —Briar afirmou, enquanto eu ficava subitamente imóvel, tentando entender o motivos daquelas perguntas. Não conseguia Briar o suficiente para entender suas ações, mesmo que as vezes ele soasse super transparente.
—Você por acaso está interessado nela? —Indaguei, vendo a careta que se formou no rosto dele, como se eu tivesse fazendo uma pergunta completamente idiota. Aquilo por si só já me deu a resposta, mesmo que eu sentisse uma pontada de ciúmes, que tentei esconder na parte mais profunda no meu coração.
—Não, eu só estou curioso. —Briar respondeu, parecendo tomar cuidado com as palavras que iria usar naquele momento, antes de erguer as sobrancelhas pra mim. —Você por acaso está interessado nela?
—Ela é a minha amiga. —Foi a minha resposta, como se aquilo fosse motivo o suficiente para esquecer qualquer interesse.
Briar me encarou desconfiado, de um jeito que me deixou ainda mais confuso. Mas as luzes dos faróis do carro de Steven finalmente surgiram na frente da casa, levando embora um pouco da minha ansiedade naquele momento. Eu só precisava ver Abigial que tudo ficaria bem.
Continua...
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Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4
RomanceAbigail Brooks está muito longe de ser a Rapunzel, mas foi criada a sete chaves desde criança. Estudando desde a infância em casa e tendo todo o contado com o mundo vindo apenas de sua mãe, ela está mais do que ansiosa para descobrir o que existe al...