Capítulo 13: Você veio.

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Julian murmurou um "alô" do outro lado da linha, enquanto eu prendia a respiração sentindo meu coração errar uma batida quando ouvi sua voz de novo, percebendo o quanto estava desesperada para falar com ele. Mas então, nada saiu pelos meus lábios, porque eu também não fazia ideia do que dizer a ele, sem sentir o constrangimento ameaçando me engolir, porque ele saberia que estava certo.

Julian — Alô? Está me ouvindo?

Pensei no que dizer a ele, ainda com os olhos na porta do banheiro, ouvindo o som do chuveiro ligado. Minha mãe costumava demorar no banho e eu esperava que dessa vez ela demorasse mais ainda. Do outro lado da linha, eu podia ouvir conversas e risadas, o que me fez ficar curiosa para saber onde Julian estaria.

Julian — Será que vocês podem ficar quietos? Estou tentando falar no celular, idiotas!

Uma voz masculina resmungou algo que não entendi, antes de eu ouvir o som de uma gargalhada feminina que me fez encolher no lugar, sentindo uma sensação desagradável na boca do meu estômago. Pelo tom da conversa, podia saber que havia três pessoas com ele ou talvez mais.

Abigail — Julian?

Pude sentir a hesitação de Julian do outro lado quando me ouviu, no meio das conversas que continuavam onde ele estava.

Julian — Abigail?

A voz dele saiu com dúvida, como se ele não tivesse certeza de que era mesmo eu. Mas aquilo foi o suficiente para as conversas cessarem onde ele estava. Meu coração se apertou, enquanto minhas bochechas queimavam com um constrangimento sem igual. Eu nem o conhecia, mas ele era a única pessoa que eu podia ligar.

Julian — Abigail, você está aí? Está me ouvindo? Você está bem?

A voz dele veio repleta de preocupação, o que me deixou absolutamente sem fôlego, porque estava esperando qualquer coisa menos isso. Estava esperando que ele dissesse que havia me avisado. Que sabia que minha vida não era normal e sim esquisita, assim como as ações da minha mãe. Mas tudo que ele fez foi ficar preocupado.

Abigail — Eu peguei o celular da minha mãe pra ligar pra você e... Você pode vir até aqui? Eu estou bem, mas... Só, por favor, pode vir até aqui?

Julian — Claro, claro que eu vou. Mas você está bem mesmo?

Abigail — Estou bem, mas você precisa vir a noite. Eles não podem te ver e... minha mãe não sabe que eu estou te ligando, então não pode ligar pra esse número depois, entendeu? Só vem aqui essa noite, que eu vou ficar te esperando. Pode fazer isso?

Julian — É claro, Abby. Quando anoitecer eu estarei aí. Não vou deixar ninguém me ver, prometo.

Mordi meu lábio com força, querendo agradecer a ele por isso, mas pensei que iria soar tão patética e desesperada, que apenas respirei fundo, ignorando o nervosismo que ameaça me consumir por inteira.

Abigail — Eu preciso desligar. Vou ficar te esperando.

Julian — Tudo bem, se precisar me liga de novo. Vou salvar o número da sua mãe, mas prometo não ligar.

A preocupação na voz dele estilhaçou meu coração em vários pedaços. Preocupação pura e genuína, diferente daquela que minha mãe tanto transparecia, carregada de algo pesado que me sufocava. Não parecia certo. Nada mais parecia certo naquela casa.

Antes de desligar o celular, ouvi uma segunda voz masculina soltar um "quer que eu vá com você?", antes de Julian desligar o celular e eu não conseguir ouvir sua resposta. Arrumei o celular da forma que ele estava, guardando-o dentro da bolsa com cuidado, antes de correr de volta para a cama, ficando na mesma posição que antes. O número de Julian ficando escondido entre aquelas páginas mais uma vez.

E quando minha mãe saiu do banheiro, falando comigo sobre suas roupas, só desejei que ela fosse trabalhar e demorasse séculos para voltar. Pela primeira vez, queria ficar longe dela, porque não sabia mais quem eu era naquela casa, sua filha ou uma prisioneira.

[...]

Minha mãe saiu logo depois do almoço, enquanto eu corria para o quarto e me trancava lá. Não consegui fazer nada durante a tarde toda, ocupada demais sentindo a adrenalina correndo pelas minhas veias à medida que o tempo passava e eu me perguntava se Julian iria mesmo aparecer. Tinha medo de que ele não aparecesse, assim como ficava nervosa com a ideia de que ele viria por mim.

As horas foram se passando e a noite chegou. Desci para jantar com a minha mãe quando ela retornou, antes de reclamar que estava com dor de cabeça e que iria dormir mais cedo por isso, me trancando no meu quarto de novo. Tinha certeza que ela não iria atrás de mim mais, porque eu havia feito o papel de boa filha muito bem, a ponto de a deixar sorrindo o tempo todo.

Enquanto tentava deixar a ansiedade de lado, juntei todos os lençóis que conseguia, amarrando um ao outro. Cada batida do meu coração parecia levar uma eternidade, assim como a demora de Julian em aparecer. A noite foi caindo ainda mais, até a casa ficar completamente silenciosa e todas as luzes serem apagadas. A minha também estava, apesar do pequeno abajur ao lado da cama continuar aceso.

Levei um susto quando algo bateu na porta de vidro da varanda, fazendo meu coração chegar a boca. Fiquei olhando pra lá, observando uma pedrinha acertar o vidro, causando o mesmo barulho. Me levantei do chão onde eu estava, abrindo as portas da varanda antes de me inclinar sobre o parapeito e olhar lá pra baixo.

O mundo pareceu parar de girar quando encontrei Julian ali, de pé, pronto para jogar outra pedrinha na minha varanda. Mas ele parou quando me viu também, abrindo um sorriso tão grande, como se estivesse tão aliviado por me ver. Aquilo causou uma sensação de euforia dentro do meu peito, enquanto algo agradável dançava na boca do meu estômago.

O nervosismo ainda queimava dentro de mim, mas agora misturado com a mais pura felicidade. Corri de volta para dentro, puxando aqueles lençóis amarrados, antes de prender uma das pontas nas travas da varanda. Joguei o restante lá pra baixo, observando a careta que surgiu no rosto de Julian quando ele observou aquilo.

Mas ele se aproximou da parede e usou o lençol para se segurar, enquanto usava a parede irregular para escalar até minha varanda. Por sorte meu quarto não ficava tão alto assim, mesmo que ainda fosse uma boa altura. Mas Julian não pareceu preocupado com isso quando se agarrou ao parapeito da varanda, comigo agarrando seus braços e o ajudando a entrar.

Nós dois caímos no chão, enquanto meu peito subia e descia com força, pela intensidade com que eu respirava. Não fiz menção de me levantar e muito menos Julian, que também respirava de forma afobada. Mas nós dois giramos os rostos para nos encarar. O brilho nos olhos dele fazia meu coração disparar, como se uma reação química estivesse acontecendo ali, pronta para explodir.

—Você veio. —Sussurrei, sentindo aquela coisa agradável na boca do meu estômago se espalhar pelo meu corpo todo quando Julian abriu um sorriso tão bonito pra mim.

—Você me chamou.


Continua...

Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora