Kristie pareceu incrédula por alguns segundos, antes da surpresa tomar conta do seu rosto quando ela pareceu que Victor não estava brincando. Pelo visto, ela não era a única que podia jogar aquele jogo.
—Você está brincando comigo? —Indagou, com a voz voltando a sair mais alta do que deveria, o que fez Victor erguer as sobrancelhas e cruzar os braços na frente do corpo.
—Eu não estou brincando. Eu estou falando muito, muito sério. Você veio até aqui, entrou sem ser convidada e ainda ficou gritando como se tivesse alguma razão. —Victor afirmou, indicando o corredor da saída pra ele. —Nosso tempo e paciência é limitado. Saia, ou quem vai chamar a polícia sou eu. E diferente de você, não temos qualquer motivo para temer a polícia.
—Ah, não tem? —Ela riu, olhando para cada um de nós, antes de olhar na direção das escadas. —Abigail? Abigail, desça aqui agora mesmo! —Gritou, batendo o pé no chão em um ato de impaciência. —Abigail?
—Ela não está aqui! —Soltei, irritado com o fato de ela ter voltado a gritar como uma louca. Mas ela me ignorou, continuando a gritar o nome de Abigail, fazendo menção de passar por Victor e subir as escadas. Mas Victor a interceptou, fazendo-a lançar um olhar furioso a ele.
—Já chega. —Fui para o lado de Victor, assim como os rapazes se aproximaram, porque o segurança estava ali, olhando para a escada como se tivesse a intenção de passar por nós para averiguar que ela realmente não estava ali. —Eu já disse que ela não está aqui. Vá embora!
—Eu não vou embora antes de encontrar a minha filha! —Exclamou, erguendo a mão e apontando o dedo para o meu peito. —Você não deveria ter metido sua cara na vida dela. As coisas podem ficar muito feias pra você, rapaz.
—Não me ameace dentro da minha própria casa. —Retruquei, fazendo-a soltar uma risada, ajeitando a bolsa sobre o braço, como se estivesse em um nível muito superior a mim. —Abigail saiu de casa porque ela quis. Eu não a obriguei. Assim como não vou obrigá-la a voltar, a não ser que ela queira. Ela não está aqui e ela não quer falar com você.
—Eu sou a mãe dela. É claro que ela vai querer falar comigo! —Kristie grunhiu, como se aquilo fosse um tipo de piada contra ela. Eu e Victor trocamos um olhar demorado, porque Kristie era muito pior do que estávamos esperando. —É melhor levar ela de volta pra casa hoje mesmo, entendeu? Vou ficar esperando. Não teste mais minha paciência, porque você não faz ideia do que eu seria capaz para proteger minha filha.
Ela ergueu o queixo, como se fosse a dona da verdade, antes de lançar um olhar de desgosto a cada um dos meus amigos. Então virou as costas e saiu dali, com os sapatos fazendo um eco pelo chão até a porta da frente ser fechada com força o suficiente para as paredes estremecerem ao nosso redor.
—Nossa, isso foi... —Yuri balançou a cabeça, como se tivesse ficado completamente sem palavras.
—Bizarro. —Victor completou por ele, lançando um olhar demorado na minha direção, como se quisesse saber o que eu estava pensando naquele momento.
Eu não tinha muita certeza sobre o que pensava sobre Kristie naquele momento, eu só tinha certeza de que queria mantê-la longe de Abigail, porque aquilo não poderia ser saudável. Murmurei um "obrigado" esquisito aos meus amigos, antes de subir as escadas para o meu quarto, sentindo um peso enorme sobre meus ombros.
Abigail Brooks
A casa de Ella e Nicholas estava silenciosa no meio da manhã. Millie havia saído a alguns minutos, porque tinha aula. Eu deveria estar dormindo, porque tinha passado a madrugada acordada. Mas mesmo que o sono consumisse todas as minhas energias, eu não conseguia fechar os olhos e relaxar, com medo do que poderia acontecer com Julian por ele me ajudar.
—Abby? —Escutei uma batida na porta do quarto, me virando para ver Ella enfiar a cabeça por uma pequena abertura, antes de abrir um sorriso quando percebeu que eu estava acordada. —Eu trouxe um café. Imaginei que estaria acordada e possivelmente com fome.
—Obrigada. —Sussurrei, um pouco sem graça, porque Ella tinha aberto a porta e entrado com uma bandeja de café da manhã, colocando-a sobre a cama perto de mim. —Nicholas já saiu?
—Oh, não. Alguns dias da semana ele trabalha de casa. Especialmente hoje ele decidiu ficar, caso vocês precisem de ajuda. —Ella sorriu pra mim, fazendo meu coração acelerar com o tamanho do cuidado deles comigo, mesmo que sequer nos conhecêssemos de verdade. —Ele está em reunião agora. Mas não deve demorar.
Assenti com a cabeça, me servindo com um pouco de café, vendo Ella se sentar na cama com as pernas cruzadas embaixo do corpo. A barriga de grávida parecendo maior por conta do pijama claro que ela usava naquele momento. Aquilo me fazia sorrir, porque nunca tinha visto uma mulher grávida antes e parecia a coisa mais peculiar de todas.
—Você já sabe o que é? —Indaguei, apontando para a barriga dela. Ella levou uma mão até a barriga para envolvê-la carinhosamente, antes de abrir um sorriso e balançar a cabeça negativamente.
—Ainda não sabemos. É um pouco cedo demais. Só que também não temos nenhuma preferência. —Ella deu de ombros, antes de roubar uma uva do cacho que havia na bandeja. —Estamos pensando em deixar para descobrir apenas quando o bebê nascer. Vai ser uma surpresa pra nós dois.
Abri um sorriso maior ainda ao ouvir aquilo, antes do celular de Ella começar a tocar e ela o puxar do bolso, mordendo o lábio com o rosto ficando iluminado. Olhei para o celular quando ela me estendeu, vendo que era Julian quem estava ligando naquele momento. Só o pensamento de falar com ele fazia meu coração disparar de nervosismo e ansiedade, além do toque de algo mais caloroso.
—Acho que é pra você. —Ella me entregou o celular, antes de piscar pra mim e sair do quarto, me dando privacidade para falar com Julian.
Abigail — Julian?
Julian — Oi, Abby. Como você está?
Abigail — Bem, eu acho. Ella e o Nicholas são muito, muito gentis... Minha mãe esteve aí, não esteve?
Julian demorou para responder, como se não soubesse bem o que dizer pra mim naquele momento. Mas eu tinha certeza que minha mãe apareceu na casa dele. Mesmo que eu não reconhecesse mais minha mãe, eu sabia que aquilo era a cara dela. Seu modo protetor a deixando um tanto óbvia nas ações.
Julian — Sim, ela saiu daqui a alguns minutos. Mas deu tudo certo, Abby. Ela não trouxe a polícia, como imaginamos que faria. Ela só quer você de volta. Foi uma situação um pouco... esquisita.
Abigail — O que ela disse pra você? Ela ameaçou chamar a polícia de novo?
Julian — Mais ou menos. Ela quer que eu te leve de volta pra casa.
Abigail — Eu vou ter que voltar em algum momento, né? Não posso ficar me escondendo e muito menos incomodando vocês com os meus problemas.
Julian — Ninguém está incomodado com isso, Abby. Acredite se quiser, os rapazes aqui se divertiram muito com tudo isso, apesar da sua mãe ser um pouco assustadora em alguns momentos. Mas todos ajudariam de novo, sem pensar duas vezes.
Abigail — Você só está falando isso pra que eu não me sinta mal.
Julian — Errado. Eu estou falando isso porque eu gosto muito de você, Abby. E eu quero ver você segura e feliz. Vamos dar um jeito em tudo isso, está bem? Eu só preciso de um tempo pra pensar em uma solução. Mas vou ficar do seu lado pelo tempo que você precisar.
Continua...
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Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4
RomansaAbigail Brooks está muito longe de ser a Rapunzel, mas foi criada a sete chaves desde criança. Estudando desde a infância em casa e tendo todo o contado com o mundo vindo apenas de sua mãe, ela está mais do que ansiosa para descobrir o que existe al...