Julian Patton
Estava jogado no sofá quando escutei a porta da frente se abrindo. Quase me joguei no chão na tentativa de ver quem era, antes de suspirar quando Victor apareceu e me encarou com uma expressão sarcástica quando me viu voltar para o meu lutar entre os livros.
—Parece que alguém já está com saudades da namorada. —Provocou, me fazendo bufar e mostrar o dedo pra ele, enquanto ele vinha se sentar na poltrona perto de onde eu estava. —Elas iam nos Hollis ainda. Millie me avisou quando elas estavam saindo do shopping.
—Sabe, eu nem pedi ela em namoro ainda. —Falei, rabiscando uns círculos no meu caderno. —Não quero apressar as coisas e...
—Cara, ela tá literalmente dormindo no seu quarto a duas semanas! —Victor exclamou, balançando as mãos para o alto. —Acho que vocês já pularam muitas etapas, sabia? Não precisa nem de pedido, está meio óbvio que vocês já namoram.
—Você é tão intrometido. —Resmunguei, escutando Victor soltar uma risadinha debochada. —As vezes eu realmente me pergunto o porquê de eu ser seu amigo.
—Por que eu sou o único que atura a sua chatice? —Victor sugeriu, me fazendo revirar os olhos quando ele abriu um sorriso tão grande que chegou a iluminar todo seu rosto. —Para de ser ranzinza. Parece um velho de 90 anos reclamando de qualquer coisa.
—Por que você não vai invadir o site do governo, enquanto eu volto a estudar pra saber como te colocar na cadeia? —Indaguei, enfiando a cara nos livros, escutando a gargalhada que Victor soltou. Dessa vez não consegui aguentar e realmente ri junto com ele, sabendo que nós dois éramos idiotas.
—Boa sugestão, seu merdinha. Mas eu já fiz isso. —Ele piscou pra mim, enquanto eu negava com a cabeça, incrédulo com a capacidade que ele tinha de fazer aquilo, agindo como se não fosse nada demais.
Nossa atenção foi para a porta da frente de novo e eu me segurei para não me jogar pra frente e ver se eram as garotas, porque Victor estava analisando todos os meus movimentos, pronto para fazer outra piada idiota sobre meu relacionamento com Abby. Mas não eram as garotas, e sim Briar, com uma expressão tão branca que me deixou até assustado.
—Que isso, cara, tá parecendo um cadáver ambulante. —Victor afirmou, parecendo notar a expressão estranha no rosto de Briar quando ele se virou pra nos encarar. O rosto branco como um papel e os olhos vermelhos, enquanto trazia um papel um pouco amaçado na mão. —O que foi? Aconteceu alguma coisa?
—Você está passando mal de novo? —Indaguei, vendo Victor se virar pra me encarar na mesma hora.
—De novo? Isso já aconteceu? —Victor questionou, parecendo realmente preocupado dessa vez.
O ignorei, ficando de pé e puxando Briar para se sentar no sofá, porque estava começando a ficar com medo de que o cara caísse duro no meio da sala, já que ele não falava e parecia nem mesmo estar respirando. Quando o coloquei sentado, percebi que ele estava tremendo pra caramba.
—Briar, você tá começando a me assustar. Vamos chamar uma ambulância. —Afirmei, e ele balançou a cabeça negativamente com movimentos rígidos, erguendo os olhos pra me encarar. Vi que ele abriu a boca para dizer algo, mas simplesmente nada saia. —Cara, o que foi? O que você tá sentindo?
—Talvez a pressão dele tenha baixado. —Victor afirmou, vindo pro meu lado e chegando a pulsação de Briar. —O coração dele tá tipo, muito, muito acelerado mesmo. Acho que deveríamos mesmo chamar uma ambulância. Ou levá-lo no hospital.
—Eu estava... —Briar começou a falar e parou, comprimindo os lábios quando eles tremeram como se ele fosse chorar, o que fez eu e Victor trocarmos um olhar assustado. Não era todo dia que eu via um cara enorme que parece uma parede de músculos com expressão de choro.
—Você estava no hospital? —Victor indagou, e Briar balançou a cabeça positivamente, soltando uma respiração pesada, antes de esconder o rosto entre as mãos, com os ombros tremendo em um choro silencioso.
Eu e Victor trocamos outro olhar demorado, completamente perdidos. Meu amigo puxou aquele papel das mãos de Briar, fazendo uma careta ao ver que era um envelope amaçado e praticamente rasgado. Victor puxou o papel de dentro, subitamente soltando uma risada.
—Puta merda, isso é um teste de DNA? Você vai ser pai? Por isso está surtando desse jeito como se tivesse morrendo? —Victor indagou, enquanto eu não sabia se ficava chocado ou dava risada.
—Isso deu positivo? —Questionei, tentando enxergar o que estava escrito no papel nas mãos de Victor.
—Tudo bem, deixa eu ver... aqui diz que a probabilidade de parentesco é de 99,9...%. —Victor leu, fazendo uma careta na tentativa de não rir, antes de nós dois olharmos para Briar, vendo-o afastar as mãos do rosto molhado pelas lágrimas para nos encarar. —Quem é a mãe?
—Onde ela está? —Briar olhou pra mim, me fazendo tropeçar para trás quando ficou de pé do nada. —Abigail... onde ela está?
—Por que quer saber? —Indaguei, fazendo uma careta para Briar, vendo-o limpar apressadamente as lágrimas do rosto, parecendo estar tentando recuperar o fôlego. —O que ela tem a ver com isso?
—Ela é minha irmã. —Briar sussurrou, me arrancando uma risada alta, antes de eu olhar assustado para Victor, que estava olhando do teste de DNA para Briar.
—Tudo bem, você andou usando drogas? Ou bebeu demais? —Indaguei, quase grunhindo as palavras. —Isso não tem graça, Briar!
—Ela é minha irmã. —Briar repetiu, com tanta certeza na voz que me fez hesitar, ao mesmo tempo que meu coração disparava como se uma bomba atômica fosse explodir dentro de mim. —Não estou brincando. Por favor... só me diz onde ela está.
Abri a boca para responder, tropeçando de novo para trás, sentindo que quem estava prestes a cair duro no chão da sala dessa vez era eu. Ergui a mão e apontei para o papel na mão de Victor, abrindo e fechando a boca várias vezes, tentando dizer alguma coisa enquanto meu cérebro processava aquilo. Mas eu estava sentindo o sangue sumir do meu corpo.
—Hm... —Victor segurou meu braço, soltando uma risada nervosa. —Talvez seja melhor você sentar, cara. Acho que sua pressão deve ter baixado também, porque você está meio branco demais.
—Julian, onde ela está? —Briar indagou de novo, enquanto eu tentava formular alguma frase, mas meu cérebro tinha dado um branco, a ponto de eu sequer me lembrar onde Abigail e Millie tinham ido.
Victor se afastou de mim quando seu celular tocou, murmurando o nome de Millie assim que atendeu. Eu e Briar olhamos pra ele na mesma hora, observando sua expressão ir se tornando mais séria e preocupada à medida que escutava o que quer que Millie estivesse falando do outro lado.
Continua...
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Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4
RomanceAbigail Brooks está muito longe de ser a Rapunzel, mas foi criada a sete chaves desde criança. Estudando desde a infância em casa e tendo todo o contado com o mundo vindo apenas de sua mãe, ela está mais do que ansiosa para descobrir o que existe al...