Havia uma nuvem negra sobre a minha cabeça quando voltei pra casa. Me sentia o mais frustrado possível, porque esperava que Abigail me ligasse assim que eu saísse de lá. Mas eu sabia que isso era impossível, porque ela sequer tinha celular. Eu só esperava que se alguma coisa acontecesse, ela realmente desse um jeito de me ligar.
Victor estava sentado ao meu lado no sofá do casarão, jogando Conter Strike, enquanto me ouvia falar sobre como o aviso da governanta tinha sido absolutamente esquisito, assim como a forma que Abigail tinha ficado na defensiva no início, então se soltado depois de um tempo, porque tudo que eu falei foi o suficiente para acender uma luz de dúvida na sua cabeça.
—Melhora essa cara. —Victor falou, estendendo o controle pra mim. Recusei com um aceno de cabeça, vendo-o dar de ombros e então iniciar outro jogo. —Você tentou, Julian. Se não deu em nada, a culpa não é sua. Ela tem seu número e o da polícia. Se precisar, ela vai dar um jeito.
—Eu sei. Mas não consigo deixar de pensar o quanto essa situação é bizarra, cara. —Retruquei, afundando minha cabeça no encosto do sofá, encarando o teto. No andar de cima eu podia ouvia o som de uma música baixa, porque Millie estava praticando balé. —Eu espero estar realmente errado sobre tudo que pensei, sabe? Porque Abigail parecia tudo, menos feliz.
—Você quer que eu pesquise sobre a mãe dela? —Victor indagou, me fazendo erguer a cabeça e olhar pra ele por um segundo, avaliando a situação. Não seria uma má ideia, mas eu também não sabia se aquilo era uma boa ideia. —Qual é o nome dela?
—Não faço ideia. Nem perguntei isso pra Abigail. Só a vi no primeiro dia que fui lá, mas ela estava dentro do carro. —Balancei a cabeça negativamente, olhando para a tv, onde Victor estava matando vários bandidos com uma granada. —Melhor deixar isso pra lá. Não vou mais vê-la, de qualquer forma. Só tenho que esquecer isso.
Victor me olhou de relance, como se soubesse que eu não iria conseguir esquecer daquilo. Eu tinha sérios problemas, porque quando enfiava uma coisa na cabeça, era difícil tirar. Mas agora eu precisava me esforçar pra esquecer isso, se não ia ficar contando as horas e esperando que em algum momento Abigail me ligasse. Mas isso pode nunca acontecer também.
Fiz uma careta quando alguém bateu na porta, antes de olhar pra Victor e fazer uma careta quando ele me olhou de volta.
Tínhamos pedido pizza, mas ainda estava cedo demais pra ela chegar. A outra opção era a visita de Briar, que iria aparecer aqui essa noite pra olhar o casarão e o quarto.—Você teve essa ideia brilhante, então você vai atender a porta. —Afirmei, cruzando os braços na frente do corpo, ouvindo Victor soltar uma risada, antes de jogar o controle pra mim e se levantar pra ir atender a porta.
Tentei jogar, soltando um xingamento baixo quando morri no segundo seguinte. Nem mesmo na porcaria de um vídeo game eu estava tendo sorte. Joguei o controle no sofá, ouvindo a voz de Victor e outra masculina, que soava mais firme e madura que a do meu melhor amigo. Briar tinha 22 anos, ou seja, ele era 2 anos mais velho que eu e 3 anos mais velho que Victor.
Não o conhecia oficialmente ainda, além de ter ido assistir alguns poucos jogos dele, quando ainda estava namorando Davine. Mas sabia que o cara era uma máquina jogando hóquei. Era o melhor jogador do time, o que o fazia ser conhecido pela universidade inteira. Os comentários sobre ele giravam em torno de: bonito, inteligente, cafajeste e egocêntrico. Se isso tudo era verdade, eu não sabia. Eu só esperava não ter problemas com Briar, porque já estava ficando cansado de tanto bullying.
—Só moramos eu, a Millie e o Julian aqui. Mas temos 2 quartos de sobra. São iguais, mas você pode escolher o que quiser.
Victor surgiu na sala, sendo seguido pela estrela do time de hóquei. Briar era mais alto do que qualquer um de nós, além de ter músculos o suficiente para me apagar com um único soco. Estava usando o moletom do time, além de carregar a mochila em um dos ombros. O óculos escuro escondia os olhos, mas eu sabia que ele estava olhando pra mim quando Victor gesticulou com a mão na minha direção.
—Briar, Julian... Julian, Briar. —Victor nos apresentou. Briar abriu um sorriso enorme, como se fôssemos velhos amigos, enquanto eu comprimia os lábios e acenava com a cabeça o mais educadamente possível, porque manteria um pé atrás até ter certeza que ele era realmente gente boa.
—Eu por acaso já conheço você? —Briar ergueu o óculos até os cabelos incrivelmente pretos, revelando duas íris azuis que provavelmente faziam as garotas se derreterem por ele. Briar era conhecido também por deixar um rastro de garotas de coração partido por onde passava.
—Não. —Afirmei, me encolhendo no sofá, sabendo perfeitamente o que ele estava pensando, desejando desesperadamente que ele simplesmente ignorasse isso.
—Tem certeza? —Briar exibiu uma expressão confusa, enquanto Victor negava com a cabeça ao lado dele, olhando para qualquer lugar menos pra mim. —Não, eu conheço você de algum lugar. Eu tenho certeza disso.
—Sou ex da Davine. —Falei, entredentes, muito baixo também, vendo a expressão de Briar se iluminar quando ele percebeu de onde me conhecia. Quanto antes aquela história viesse a tona com ele, mas cedo poderíamos esquecê-la também. —E eu preferia que nós não falássemos sobre isso, Harding.
—Ah, cara, me chame de Briar. Vamos morar juntos muito provavelmente, e apenas os meus fãs me chamam de Harding. —Briar murmurou, me fazendo exibir uma careta, ao mesmo tempo que erguia as sobrancelhas ao máximo.
—Fãs? —Victor repetiu, lançando um olhar debochado na direção de Briar, que apenas deu de ombros, com uma expressão tranquila.
—É, um deles tentou até quebrar minha perna no meio de um dos jogos das eliminatórias do campeonato. —Briar afirmou, abrindo um sorrisinho, e eu entendi de que tipo de fãs ele estava falando. —Ei, vocês estavam jogando CS? Posso jogar também?
Olhei para Victor, vendo-o dar de ombros, antes de vir para o sofá junto com Briar, que pegou o controle e começou a jogar. Só então me dei conta de que ele realmente havia deixado a história de Davine de lado, além de ter mudado de assunto, como se nunca tivesse citado o nome dela antes.
Continua...
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Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4
RomanceAbigail Brooks está muito longe de ser a Rapunzel, mas foi criada a sete chaves desde criança. Estudando desde a infância em casa e tendo todo o contado com o mundo vindo apenas de sua mãe, ela está mais do que ansiosa para descobrir o que existe al...