Briar dirigia como um louco. Eu ficaria incrivelmente surpreso se nós três conseguíssemos chegar inteiros na casa de Kristie, porque já tinha perdido as contas de quantas vezes ele quase perdeu o controle do carro. Victor estava no banco de trás, tentando explicar o que estava acontecendo para a polícia, enquanto eu ainda estava em estado de choque, tentando absorver o fato de que Briar era irmão de Abigail.
—Por que diabos você não contou pra gente antes? —Indaguei, me agarrando ao cinto de segurança quando ele pisou fundo no acelerador, fazendo minhas costas ficarem grudadas no banco atrás de mim.
—Porque eu não tinha certeza. Eu suspeitava, ok? Não ia fazer alarde pra algo que eu nem sabia se estava certo ou apenas ficando louco. —Afirmou, fazendo uma curva acentuada do nada, o que quase me fez voar pra cima dele, se não fosse pelo cinto de segurança. —Mas era... era quase certo, sabe? Se você visse uma foto da minha mãe quando tinha a idade da Abigail, ia achar que as duas eram irmãs gêmeas separadas pelo tempo.
—Onde você arranjou material pra fazer um teste de DNA? —Victor enfiou a cabeça entre os brancos, erguendo as sobrancelhas para Briar. Olhei pra ele também, porque não tinha parado pra pensar naquilo até meu amigo comentar.
—Hm... então, no dia da festa quando ela me abraçou, peguei alguns fios de cabelo dela. —Ele deu de ombros, parecendo um pouco sem graça naquele momento. —Eu estava ansioso pra saber se estava certo. Fui no hospital naquela mesma noite, assim que vi vocês saindo da festa.
—Seus pais também não sabem, não é? —Falei, vendo-o negar com a cabeça e soltar um suspiro pesado. Não conseguia imaginar como tinha sido para Briar segurar tudo isso sozinho. As dúvidas sobre estar certo ou não. A ansiedade. O fato de precisar ver Abigail todo dia no casarão.
—Tudo bem, a polícia já foi acionada. Não tem como ela viajar com Abigail sem que elas acabem sendo pegas em algum momento. —Victor afirmou, puxando o notebook para o colo, antes de soltar um palavrão. —Ainda não consegui achar o sinal do celular dela.
—Qual é, pensei que você fosse hacker. —Briar resmungou ao meu lado, enquanto Victor revirava os olhos no bando de trás. —Como ainda não conseguiu achar?
—Porque ela mora na puta que pariu e o sinal de internet nessa estrada é uma merda! —Victor exclamou, parecendo tão estressado quando Briar naquele momento. —Eu não posso fazer milagres sem internet, cara. Só pisa nesse acelerador, pelo amor de Deus!
Como se fosse possível, porque Briar já estava com o pé fundo no pedal, ele trocou de marcha e acelerou ainda mais. Tive a certeza de que minha alma ia sair do corpo em algum momento. Odiava o fato de tudo estar desmoronando ao meu redor sem que eu pudesse ajudar de fato. Não sabia se Abby estaria mesmo em casa. Mas sabia que precisávamos encontrá-la e deixá-la o mais longe possível de Kristie.
—É aquele portão? —Briar apontou para a entrada que surgiu mais à frente, me fazendo balançar a cabeça que sim de uma forma muito frenética.
—Er... Briar? —Arregalei os olhos e espalmei as mãos no porta-luvas, sentindo o carro dar um tranco enorme para trás quando Briar acelerou com tudo contra o portão e bateu o carro contra ele. —Puta merda...
—Me lembre de nunca mais andar de carro com ele. —Victor sussurrou no banco de trás, enquanto eu olhava pelo espelho retrovisor o portão destruído ficando para trás.
—É só um carro. —Briar resmungou, como se estivesse incrédulo com o fato de estarmos incomodados com a forma insana que ele estava dirigindo.
—Por isso que eu odeio gente rica. —Soltei, arrancando o cinto quando finalmente chegamos a casa.
Briar parou com tudo, quase me fazendo bater a cabeça no vidro da frente. Fiz uma careta pra ele antes de pular do carro, subindo as escadas correndo com ele logo atrás de mim. Não havia um único segurança na entrada e nem mesmo aquela governanta a vista quando atravessamos a porta e adentramos na imensa sala.
—Abby? —Gritei, ao mesmo tempo que Briar, indicando que ele me seguisse.
Subimos as escadas correndo, gritando o nome dela. Mesmo sabendo onde era seu quarto, abri cada porta que havia no caminho, checando cada canto com a ajuda dele. Mas a casa parecia completamente vazia. Cada cômodo mais silencioso que o anterior. Meu coração disparou com um medo irracional de não conseguir encontrá-la. Foi o mesmo medo que senti no instante que Victor desligou o celular e contou o que Millie havia lhe dito.
As duas estavam no café dos Hollis quando Millie se afastou para ir no banheiro. O café não estava nem mesmo movimentado. Mas quando Millie tentou sair do banheiro, percebeu que estava trancada lá dentro. Quando um dos Hollis apareceu para solta-la, Abigail já tinha sumido completamente. Jasmine só viu conversando com uma mulher, mas também não a viu indo embora. Era óbvio que era Kristie.
—Abby? —Empurrei a porta do quarto dela com tudo, encontrando-o tão vazio quanto o restante da casa. Meu coração afundou dentro do peito quando me virei para Briar, odiando o desespero que estava presente no rosto dele, porque sabia que ele queria encontrá-la tanto quanto eu.
—Elas foram embora. —A governanta surgiu na porta atrás de Briar, me lançando um olhar afiado e sarcástico. —Não vão encontrá-la aqui se ficarem gritando e invadindo cada cômodo.
—Pra onde elas foram? —Briar se aproximou dela rapidamente, fazendo-a cambalear para trás de surpresa. —Pra onde ela está levando a Abigail?
—Eu não respondo a nenhum de vocês dois. A sra. Brooks está levando a filha para um lugar seguro, bem longe de qualquer um de vocês, que só queriam atrapalhar a vida das duas. —Afirmou, quase rosnando as palavras para Briar, antes de olhar pra mim. —Vão embora. Os seguranças já vão retornar e vão expulsar os dois se ainda estiverem aqui.
—Não é possível que você ache que tudo que Kristie faz com a Abigail seja normal. —Falei, absolutamente incrédulo. Achava que ela era apenas alguém tentando não perder o emprego. Mas ela parecia tão louca quanto a mulher que havia a contratado como governanta.
Seu olhar pra mim era de puro deboche quando indicou a porta para que saíssemos. Eu e Briar trocamos um olhar demorado, como se estivéssemos pensando a mesma coisa. Deixar ela pra lá ou obrigá-la a falar o que sabia, mesmo que tivéssemos que tomar medidas um pouco mais agressivas pra isso.
—O que é isso? —A governanta indagou, enquanto ouvíamos o som de uma buzina soar várias vezes, sem parar.
Corri até a varanda, empurrando as portas de vidro com Briar no meu encalço. Victor estava apertando furiosamente a buzina do carro. Ele parou assim que nos viu, enfiando a cabeça para fora da janela, antes de indicar o computador no seu colo, gritando logo em seguida que havia a encontrado.
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4
RomanceAbigail Brooks está muito longe de ser a Rapunzel, mas foi criada a sete chaves desde criança. Estudando desde a infância em casa e tendo todo o contado com o mundo vindo apenas de sua mãe, ela está mais do que ansiosa para descobrir o que existe al...