Capítulo 50: Festa do pijama.

1K 211 24
                                    

Abigail Brooks

Eu estava estudando no sofá do casarão na segunda à tarde quando Briar chegou. Ele parecia cansado, como se não tivesse dormido bem na última noite. Mas seus olhos se iluminaram quando ele me encontrou na sala. Ainda estava tentando entender a forma que ele me olhava. Não parecia haver qualquer interesse, mas eu sentia que havia alguma coisa ali.

—Sozinha? —Indagou, se aproximando da poltrona perto do sofá onde eu estava sentada ao me ver balançar a cabeça positivamente. —Como foi a viagem no final de semana?

—Foi muito boa. Julian me levou pra conhecer alguns lugares em Atlanta. O pai e a madrasta deles eram incríveis também. —Abri um sorriso, ainda sonhando com aquela viagem e o quão perfeita ela foi. —Conheci a família da Millie e do Victor também. Foi uma pena que não tivéssemos mais tempo lá.

—Você nunca tinha viajado pra outra cidade antes? —Indagou, e eu neguei com a cabeça na mesma hora. Antigamente eu achava possível minha mãe me levar para viajar, mas hoje eu sei que isso jamais aconteceria.

—Nunca sai de Nova Iorque, então viajar pra Atlanta foi legal por ser a primeira cidade diferente que eu conhecia. —Afirmei, comprimindo os lábios ao vê-lo me observar quase como se nem mesmo piscasse. —Você é daqui, Briar?

—Não, eu nasci em Albany. Me mudei pra cá quando passei na universidade. Mas meus pais ainda moram lá. —Briar umedeceu os lábios com a língua, desviando os olhos de mim para encarar suas mãos. —Eu vou visita-los as vezes. Agora vai ter a semifinal do campeonato de hóquei, provavelmente eles vão vir para assistir meus últimos jogos.

—Eles devem ter muito orgulho de você. —Sorri, pensando no quanto queria que minha mãe tivesse orgulho de mim também. Briar não disse nada, mas senti que continuava me observando, mesmo que eu encarasse o livro no meu colo. —Sobre o que você falou o outro dia... eu acho que quero tentar, sabe? Patinar, quero dizer. Estou realmente interessada em tentar.

—Isso é muito bom, Abby. —Briar sorriu tanto que suas bochechas ficaram vermelhas. Ele parecia realmente feliz pela minha decisão. —Sabe, tem alguns treinadores no centro de patinação dos meus pais. Posso entrar em contato com eles, pra ver se um deles tem disponibilidade para treinar você.

—Ah, não precisa, Briar. —Ri, balançando a cabeça negativamente, um pouco sem graça. —Eu posso dar um jeito nisso. Não quero te incomodar.

—Não vai me incomodar. Vai ser um prazer te ajudar. Eu conheço a maioria deles. Sério, pra mim vai ser de boa ajudar. —Insistiu, erguendo o queixo e me lançando um olhar confiante. —Você pode fazer um teste, sabe? Patinar até pegar o jeito. O treinador pode ajudar a descobrir se você seria boa em dupla ou solo.

Hesitei, vendo Briar continuar me olhando com aquela confiança perfeita. Não consegui evitar de sorrir, antes de concordar com a cabeça, sendo recompensada com um risada quase ofuscante dele. Era surpreendente pra mim o quanto um completo estranho poderia ser muito mais carinhoso comigo do que a mulher que me criou, sendo minha mãe ou não.

[....]

Eu havia mandado uma mensagem pra minha mãe com meu próprio celular. Apesar de tudo, eu queria que ela soubesse que eu estava bem e que agora não precisava recorrer a Julian para falar com ela, mesmo que eu nunca tivesse feito isso desde que sai de casa. Não foi uma surpresa pra mim que ela não me respondesse. Cada dia que passava eu tinha mais certeza de que ela não estava bem e que precisava de ajuda.

Em compensação, eu estava me sentindo cada dia mais livre e confiante. Era fácil fazer qualquer coisa quando Julian estava ao meu lado, ou os amigos que eu acabei fazendo com o tempo. As vezes tenho a sensação que essa parte da minha vida esteve sempre esperando por mim e que eu iria encontrar todos eles em algum momento, sendo agora ou depois. Fico me perguntando em qual momento eu teria conhecido Julian, se minha mãe não agisse dessa forma comigo e tudo fosse diferente.

—Terra chamando Abigail! —Lina exclamou, arrancando uma risada das meninas quando sai dos meus desvaneios em meio a uma careta, vendo que todas elas estavam olhando pra mim com expressões animadas. —O que você tanto pensa, hein?

—Nada. —Dei de ombros, vendo Jane erguer a sobrancelha e me lançar um olhar cético. Millie tinha me convidado para uma festa do pijama na casa de Yasmin, junto com Jane, Catalina e Ella. Eu fiquei surpresa no início e depois muito grata por elas estarem me incluindo. —Do que vocês estavam falando?

—Do fato do Bryan ter enfiado na cabeça que nós precisamos ficar gravidas, para os nossos filhos nascerem no mesmo ano e serem melhores amigos. —Jane afirmou, revirando os olhos em meio a uma risada. —Ele tem me incomodado com isso toda noite.

Houve um momento de silêncio na sala, em que trocamos olhares muito demorados e muito significativos.

—Eu queria não ter entendido a última parte. —Yasmin sussurrou, arrancando um grunhido de frustração de Jane que fez todas nós rirmos. —Yuri me falou sobre isso. Parece que os rapazes tiveram uma conversa sobre filhos da última vez que se juntaram.

—A culpa é sua, Ella. Ninguém mandou ficar grávida tão cedo. —Lina afirmou, apontando o dedo para a amiga, que estava devorando uma taça de sorvete de chocolate com morangos. Ella parou, fazendo uma careta de incredulidade.

—Cedo nada. Estou com 25 anos. Eu e Nic temos a intenção de ter pelo menos mais dois filhos, então é a idade perfeita pra começar. Além de estarmos prestes a completar dois anos de casados. —Ella retrucou, enfiando o sorvete na boca, antes de voltar a falar. —Acho esperado o Bryan querer filhos agora, já que vocês vão completar um ano. E eu gosto da ideia de termos filhos ao mesmo tempo. Seria fofo.

—Desde que você ficou grávida, absolutamente qualquer coisa se tornou fofa pra você. —Millie murmurou, e as garotas concordaram com a cabeça, fazendo Ella rir e dar de ombros. —Acho legal vocês quererem mais de um filho. Queria ganhar um irmão agora que meus pais estão juntos de novo.

—Eu também queria um irmão. —Falei, chamando a atenção delas pra mim. O pensamento de ter uma relação como a de Ella e Victor causou um buraco no meu peito, me fazendo sentir falta de algo que eu nunca teria. —Acho que minha vida teria sido menos solitária se eu tivesse um.

Continua...

Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora