Capítulo 59: Minha irmã.

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Julian saiu do quarto para chamar Briar, enquanto eu tentava me preparar para aquilo. Mas era difícil saber como agir, com meu coração batendo acelerado dentro do peito. Saber que os pais dele estavam ali, os meus pais, me deixava a beira de explodir em nervosismo.

Meus dedos se apertaram contra a palma da minha mão, até minhas unhas machucarem minha pele. Uma batina na porta me fez engolir em seco, antes de Briar abrir a porta de forma hesitante, com os olhos procurando os meus de imediato. Engoli em seco ao ver uma infinidade de sentimentos passando pelos seus olhos naquele instante.

—Oi. —Falei, sentindo um peso esquisito na minha língua. Tinha passado muito pouco tempo com Briar, mas tinha sido o suficiente para conhecê-lo de alguma forma. Mas era diferente. Eu o achava encantador. Um amigo legal e engraçado. Mas ele era meu irmão. Alguém que tinha o mesmo sangue que eu.

—Oi, Abby. —Ele abriu um sorriso pequeno, quase como se estivesse sem fôlego por me ver, enquanto fechava a porta. Julian não voltou com ele, provavelmente para nós dar privacidade. —Você deu um susto e tanto em todos nós, sabia?

—Prometo tentar não ser sequestrada sempre. —Afirmei, arrancando uma risada nervosa de Briar, que se aproximava aos poucos da cama, como se estivesse sem jeito. Mas a risada dele foi curta. Sumindo muito rápido quando seu rosto se tornou sério. O peso das minhas palavras me atingiu um segundo depois, quando me dei conta do que havia falado. —Eles sabem?

—Agora sabem, mas quando era apenas suspeitas minhas, não. —Briar umedeceu os lábios com a língua ao parar na ponta da cama, como se tivesse medo de chegar perto demais de mim e eu acabar desaparecendo. —Liguei pra eles e disse que estava no hospital e que precisava deles aqui. Eles chegaram em poucas horas. Contei a eles assim que chegaram aqui.

Balancei a cabeça, absorvendo aquelas palavras de Briar. A ansiedade ameaçando esmagar meu coração dentro do peito. Nunca tinha parado pra pensar esse tempo todo que descobri que ela não era minha mãe, que poderia conhecer meus pais verdadeiros. Mas eles estavam ali, a alguns passos de distância de mim.

—O que eu falei pra você pelo celular era verdade, Abby. Eles a queriam. Eles a amam. Estavam esperando por você esse tempo todo. —Afirmou, finalmente quebrando o restante do espaço que o deixava longe de mim, para segurar minha mão. —Essa não é uma história minha pra contar, mas quero que saiba que eles nunca desistiram de você.

Ele puxou algo do bolso, revelando aquela pulseira que tinha me dado. Um soluço escapou pelos meus lábios quando Briar a colocou de volta no meu pulso. Meus olhos ficando embaraçados quando ele acariciou minha pele e brincou com aqueles dois pingentes da pulseira.

—Isso sempre foi seu. Eu tinha roubado das suas coisas quando percebi que sentia falta demais de você, mesmo que não tivesse qualquer lembrança sua. —Ele se inclinou, pressionando os lábios da minha testa, enquanto eu deixava aquelas lágrimas virem, sentindo tudo que eu tinha perdido todos aqueles anos. —Prometi que iria devolver na hora certa. Mesmo que eu ainda não tivesse certeza, eu sabia que era você e a entreguei. Agora estou fazendo isso de novo, Abby. Espero que ela nunca mais saia do seu braço, assim como você nunca mais saia das nossas vidas.

—Você desconfiou esse tempo todo. Por que não me falou? Por que nunca disse nada? —Indaguei, vendo Briar se afastar de mim e limpar as próprias lágrimas que manchavam suas bochechas.

—Porque eu tinha medo de estar errado e estragar tudo. Se eu estivesse enganado, seria apenas eu a me decepcionar. Você ainda estaria bem e segura. —Afirmou, me fazendo balançar a cabeça negativamente.

—Eu nunca estive segura, Briar. Não até agora. Não até conhecer todos vocês. —Falei, pensando em todas as coincidências que aconteceram, que me colocaram na mesma casa que Briar. Meu irmão.

Quis dizer mais coisas a ele. Quis falar tudo que eu estava sentindo por saber que ele era meu irmão. Mas as palavras simplesmente não vieram. Elas ficaram entaladas na minha garganta quando um soluço cortou meus lábios. Briar me puxou com cuidado, me envolvendo com os braços até me abraçar com força. Passei meus braços ao redor dele, apertando meu rosto contra seu peito, sentindo os milhares de tremores que tomavam conta do meu corpo à medida que eu chorava.

—Vai ficar tudo bem agora. —Prometeu, beijando o topo da minha cabeça, enquanto me abraçava com ainda mais força.

Briar se afastou depois de alguns minutos, me ajudando a limpar as lágrimas das minhas bochechas. Ele deixou outro beijo demorado na minha testa, sem se preocupar com as próprias lágrimas do seu rosto. Ainda queria dizer tantas coisas a ele, mas não conseguia. Eu estava transformando de sentimentos e não sabia como lidar com eles.

—Você gostaria de conhecê-los? —Briar indagou, se curvando para que o rosto ficasse na altura do meu. Hesitei por um segundo, sentindo um nó se formar na minha garganta. Briar deve ter visto o nervosismo do meu rosto, porque segurou minha mão e sorriu pra mim. —Se serve de consolo, eles estão no mesmo estado emocional que você nesse momento, já que acabaram de saber de tudo.

—Tudo bem. —Falei, sentindo meu coração martelando na minha garganta. —Mas pode pedir para o Julian vir também? Acho que preciso dele nesse momento.

Briar assentiu, puxando o celular do bolso e digitando uma mensagem rápida. Sua mão logo encontrou a minha de novo e ele sorriu como se quisesse me passar confiança. A sensação de saber que iria conhecer meus pais era estranha. Irreal. Parecia uma mentira tão boa. Talvez eu estivesse tão acostumada com as mentiras de quem eu achava que era minha mãe, que agora não sabia mais como reagir a verdade.

Briar se colocou mais ao lado da cama, me deixando ver a porta, apertando minha mão quando ela se abriu aos poucos. Julian entrou primeiro, parecendo um pouco sem jeito, porque suas bochechas estavam coradas e ele estava sério. Logo atrás dele, veio uma mulher usando um sobretudo branco, por cima do que parecia ser um pijama rose. Estava com o rosto pálido e molhado, além dos olhos vermelhos.

Precisei soltar uma respiração longa quando absorvi os cabelos castanhos do mesmo tom que os meus, além dos olhos claros, parecendo o céu azul em uma manhã tranquila. Olhos que ficaram ainda mais marejados quando ela me viu. Seu rosto se voltando para o homem que entrava logo atrás dela, segurando sua mão. Os olhos sendo uma mistura de verde com castanho, enquanto os cabelos eram do mesmo tom preto e com o mesmo tipo de corte de Briar. Bagunçados.

—Mãe, pai, queria apresentar uma pessoa pra vocês. —Briar passou o braço ao redor de mim, ainda segurando minha outra mão, tentando em passar tranquilidade. —Essa é a Abigail, minha irmã.


Continua....

Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora