Abigail Brooks
Me levantei da toalha solta sobre a grama, deixando o livro que eu estava lendo sobre ela. Minha mãe atravessou o gramado até onde eu estava, com a bolsa pendurada no braço e um sorriso enorme no rosto. Na entrada da casa eu podia ver o motorista enfiando duas malas enormes no carro, enquanto s governanta observava tudo do topo das escadas.
—Mamãe já vai pro aeroporto. —Minha mãe parou na minha frente, me puxando para um abraço apertado e caloroso. —Vou sentir tantas saudades de você.
—São só três dias. Vai passar rápido. —Falei, escutando ela rir e entrar se afastar para segurar meu rosto, apertando minhas bochechas antes de se aproximar e deixar um beijo demorado na minha testa.
—Sim, mas isso não me impede de morrer de saudades assim que entrar no avião. —Ela me encarou com uma expressão cautelosa, como se não quisesse me deixar ali. —Prometo tentar voltar rápido. Se comporte, entendeu? Qualquer coisa que precisar pode pedir para a governanta.
—Tudo bem, vou estar aqui te esperando quando voltar. —Abri o sorriso mais doce e gentil de todos, puxando-a para outro abraço apertado, porque iria sim sentir falta dela, mas também queria que ela fosse embora logo e demorasse muito para voltar.
Era um pouco contraditório, mas eu já não sabia mais o que pensar ou sentir sobre tudo isso. Eu só queria sair dali e entender tudo que estava acontecendo de verdade. Tinha a sensação de que minha mãe me amava, mas que me esconde coisas que não deveria esconder, além de me manter presa aqui, de uma forma que eu já não consigo mais suportar. Não agora que conheço Julian e que sei que existem muito mais coisas atrás daquele portão que me separa do restante do mundo.
—Mamãe te ama. Se comporte. —Repetiu, me enchendo de beijos, antes de se afastar. Fiquei parada observando ela entrar no carro e então acenei com a mão quando o carro começou a se afastar até desaparecer por completo.
Olhei para trás, encontrando a governanta me observando desconfiada, com os olhos feito dois gaviões sobre mim. Fiz uma careta pra ela, porque desde que conheci Julian, aquela mulher tem se mostrado um general insuportável e eu havia parado de tentar me dar bem com ela.
Voltei para a toalha sobre a grama, pegando meu livro e voltando para a história de romance que eu estava lendo, enquanto um sorriso se abria nos meus lábios, sabendo que logo logo Julian estaria ali para me buscar. E eu não via a hora de dar uma volta pela cidade com ele.
[...]
Julian — Vou chegar aí lá pelas 21:00.
Precisa me esperar pronta, ok?
Está frio, então se agasalhe bem.
E fique tranquila, prometo que vai dar tudo certo.Abri um sorriso ao ver a mensagem de Julian, sentindo meu coração disparado dentro do peito, de nervosismo e ansiedade por poder vê-lo de novo. Havia pegado uma mochila no meu closet, que eu tinha usado nas poucas vezes que sai de casa com a minha mãe, arrumando algumas coisas dentro dela, porque não sabia aonde íamos e tinha medo de precisar de alguma coisa.
O relógio já marcava quase 21:00, então não ia demorar para Julian chegar. Eu já havia jantado e falado pelo celular da governanta com a minha mãe. Resmunguei sobre estar cansada e com dor de cabeça, e que iria dormir cedo. As luzes do meu quarto já estavam todas apagadas, além da porta estar trancada, porque não confiava nem um pouco na governanta.
Vesti minha jaqueta e fiquei olhando para a varanda, com o celular de Julian na minha mão, esperando por qualquer mensagem dele. Havia ficado um pouco surpresa quando recebi uma mensagem dele por um número no nome de um cara chamado Steven. Fiquei me perguntando se havia acontecido alguma coisa com seu outro amigo, mas logo esqueci disso, porque estava nervosa demais.
Julian — Estou aqui
Preciso que saia do seu quarto e vá até a porta dos fundos da casa.
Tome cuidado, tinha uma luz acesa no andar de baixo.Engoli em seco, enfiando o celular de Julian na mochila, antes de colocá-la nas minhas costas e ir até a porta. Sai do quarto, observando o corredor vazio, antes de fechá-la com cuidado e passar a chave, a guardando na minha mochila. Segui pelo corredor a passos lentos, tentando fazer o mínimo de silêncio possível.
Não encontrei ninguém até chegar as escadas, me dirigindo até o corredor da ala dos funcionários e da cozinha. Me escondi dentro do banheiro que havia lá embaixo quando a governanta saiu do seu quarto e foi para a cozinha. A luz acesa era a do quarto dela, mas pelo pijama que estava usando era claro que já estava indo dormir.
Esperei ela voltar, observando o corredor parcialmente escuro, até vê-la entrar de volta e fechar a porta. Aguardei alguns segundos, antes de sair do banheiro e atravessar o corredor na ponta dos pés, sentindo meu coração entalado na minha garganta quando enfim cheguei até a cozinha. O pequeno corredor da despensa dava para a porta dos fundos, que estava trancada e sem a chave quando peguei o trinco e tentei abri-la.
Dei um passo para trás, levando um susto quando o trinco de mexeu sozinho, antes de eu ouvir um barulho do outro lado, como se alguém estivesse tentando abrir a porta. Olhei na direção da cozinha, sentindo o medo borbulhando nas minhas veias, de que a governanta acabasse voltando e me pegando ali.
Abri um sorriso quando a porta se abriu, travando no lugar quando dei de cara com um rapaz que eu nunca tinha visto antes. Os cabelos curtos estavam quase raspados, além de ele usar roupas completamente pretas, com algumas tatuagens no início da garganta. Ele hesitou quando me viu, como se não estivesse esperando me encontrar ali.
—Abby? —Ouvi a voz baixa de Julian atrás dele, antes do rapaz se afastar e eu finalmente conseguir vê-lo. Julian abriu um sorriso assim que viu que eu estava ali, estendendo as mãos na minha direção.
Corri para fora, me jogando nos braços dele, sentindo meu coração explodir de felicidade por ver que ele realmente estava ali. Seu abraço foi apertado e carinhoso, como se ele também estivesse feliz em me ver. Não consegui parar de sorrir enquanto afundava meu rosto no seu peito, ouvindo seu coração bater tão rápido quanto o meu.
Continua...
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Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4
RomanceAbigail Brooks está muito longe de ser a Rapunzel, mas foi criada a sete chaves desde criança. Estudando desde a infância em casa e tendo todo o contado com o mundo vindo apenas de sua mãe, ela está mais do que ansiosa para descobrir o que existe al...