Eu estava surpresa por ela finalmente ter cedido a uma das minhas tentativas de querer conversar sobre um assunto que ela fazia questão de ignorar. Eu estava esperando por um tapa ou mais uma de suas formas carinhosas de dizer que não me queria por perto, mas tudo o que Dakota fez foi olhar para mim com a expressão serena, aguardando as minhas palavras.Eu não a culpava por agir daquela forma, no entanto, pois eu a tinha feito acreditar que ela era apenas um objeto em prol do meu desejo, com inúmeras segundas intenções. Porém, Dakota era forte o bastante para não se deixar levar por uma garota que, aparentemente, a descartou.
Dakota: Vamos lá, Gilles! Eu não tenho o dia todo.
Falara, longe de soar mau educada. Apesar de sempre querer bancar a pessoa que não dá mais a mínima para mim, Dakota não conseguia esconder que ainda sentia algo por mim, mesmo que seja ódio.
— Você lembra quando nós fomos escondidos naquele show que você tanto queria ir?
Comecei, desviando o olhar para sua prancheta, onde Dakota a segurava firmemente sobre o busto.
— Eu fui praticamente arrastada, porque você, simplesmente não aceitava o fato de que ninguém queria ir com você.
Sorri minimamente com aquela lembrança de alguns meses atrás, olhando-a rapidamente. Dakota permanecia com a mesma expressão de antes, mas estava quase nítido que ela estava curiosa para saber o que eu tinha a dizer.
Dakota: O que isso tem a ver?
— Na noite anterior eu tive uma reunião com a Agnes, então, basicamente, aquele foi o nosso último encontro. Agnes quis que eu fizesse um contrato para bancar a namorada da Barbara e alavancar a carreira dela, mas... Bom, eu não aceitei.
Dakota: E o que você estava fazendo com ela aquele tempo todo? Por que você sumiu?
E nos olhos dela eu vi a verdadeira Dakota aparecendo, aquela que não fingi que está tudo bem o tempo todo.
Dakota: Por que não me falou nada?
— Nós nos tornamos bastante amigos no final das contas, e a mídia acabava confundido isso com um suposto namoro. Na realidade, eu fui a usada.
Ri sem um pingo de graça naquela história. Agnes estava tão preocupada com a modelo de olhos claros que nem se deu o trabalho de perguntar como eu me sentia com relação a isso.
— Não tive tempo de te explicar nada pois já estava pronto para embarcar para Londres.
Dakota: Gilles, por que você está me contando isso agora?
Ela olhou nos meus olhos, coisa que não estava fazendo desde que eu comecei a falar de Bárbara.
Dakota: Você podia ter me ligado, podia ter mandado uma mensagem por qualquer rede social! Elas existem para isso, sabia?
Pelo seu tom e pela sua expressão, com as sobrancelhas levemente juntas, era nítido que Dakota estava incrédula com aquela situação.
— E você acreditaria em mim? Se pessoalmente você mal queria olhar nos meus olhos, eu duvido muito que tinha a intenção de atender algum telefonema meu.
Constatei, vendo-a bufar e virar-se de costas com o fato óbvio.
Dakota: Agnes sempre estava se metendo no nosso... No que nós tínhamos..