FRONTEIRA - Gerson Santos

G • 138

-- eu tô com um medo terrível de não passar -- ela disse com a voz falha se jogando ao meu lado no sofá

-- Azedinha fica calma, quanto mais nervosa você ficar pior será, olha só você tá estudando bastante e vai conseguir passar.

-- faltam só uma semana, Gerson! Uma semana.

-- mô -- seguro em suas mãos e encaro os seus olhos -- só eu e você sabemos o quanto você se esforçou nesses meses, foram messes de preparação, você tá estudando desde o ano passado, essa semana tem pegado pesado e até dormindo em cima dos livros, hoje é 12 de janeiro e sua prova é dia 21 ainda dá tempo de você da seu último gás para conseguir isso. Respira fundo por favor.

Ela faz o que eu peço e vejo seus olhos lacrimejar, começo a fazer um carinho na sua cintura o que ajudava na sua cólica para que melhorasse o mais rápido possível.

-- obrigada por tá aqui, por ser você.

-- eu sempre vou estar aqui minha azedinha -- beijo o seu pescoço e ela abre um sorriso gigante

Eu amo esse sorriso, eu amo essa mulher.

-- eu amo esse apelido

-- eu sei que ama -- disse divertido -- agora vai voltar a estudar e desconta toda a sua preocupação nos livros

-- é você, tá certo.

Ela se levanta do sofá junto comigo e subimos as escadas em direção ao nosso quarto onde ela estudava na escrivaninha, mas não entro lá dentro, prefiro ir até o quarto do Miguel que dormia feito um anjo

-- é tão bom ter você aqui garotão, não vejo a hora de você crescer e eu te ensinar tudo sobre futebol

Seus olhinhos começam a se abrir e uma gargalhada gostosa se espalha no ambiente, sua boca aberta quase sem dentinhos deixava tudo ainda mais especial. Já já ele completa um ano, como nós não sabíamos o dia que ele nasceu iríamos comemorar o nascimento no dia em que achamos ele - 30 de março - ele está crescendo tão rápido.

O pego do berço e beijo sua bochecha, ele até que se parecia comigo, seus olhos escuros, cabelo cacheadinho e um sorriso encantador.

Certeza que vai ser lindo igual o pai aqui.

As vezes me questiono sobre quem o abandonou, será que foi a mãe ou o pai? E porque fizeram isso? Também tenho medo de algum dia alguém o querer de volta, isso não pode acontecer.

-- vamos brincar com o papa?

-- papa

-- é o papa -- faço voz de neném e saio do quarto junto com ele

-- mama

-- não meu amor, a mama tá estudando -- digo descendo as escadas

-- papa -- ele soltou uma risada e acompanho ele

Pego em cima do armário uma cesta de brinquedos dele e da Giovanna e vou até a área externa me sentando na grama e soltando ele no chão com cuidado. Ele já estava começando a aprender a andar, então não tinha muito perigo deixar ele no chão.

Pego um carrinho e movimento ele com as mãos até o Miguel que gargalha

-- vruuum

-- papa -- ele bate palminhas

-- oi meu amor -- faço voz de neném

Ele estica o braço e pega uma motinha de brinquedo e joga na minha cara, gargalho tendo um Dejavu com a Mikaella fazendo isso com um espetinho.

-- papa

-- não joga as coisas no papai, tá parecendo sua mãe

-- mama

-- é, a mamãe. Aquela azedinha -- beijo sua testa

-- mama e papa

-- o casal mais lindo né garotão

Ele tenta se levantar e seguro na suas mãos para que não caia, ele vai andando de um lado por outro com eu auxiliando. Solto ele com cuidado para que ande sozinho por um tempinho

-- vem até o papai

Ele abre um sorriso gigante e vem tentando correr até mim, ele tropeça e cai em cima do meu corpo. Eu e ele soltamos uma gargalhada

-- papa

-- ainda bem que você não se machucou se não sua mãe me matava

-- mama

-- é a mama

-- Gol -- ele disse do nada fazendo o mesmo que o Gabriel esticando os braços

-- como assim filho?

-- Gol -- ele disse novamente imitando o Gabi e cruzo o cenho confuso --Babigol -- ele disse entre risadas

-- não acredito que o Gabriel te ensinou isso -- falo rindo

-- Babigol

-- não filho, fala assim: papa

-- Babigol

Faço beicinho e finjo um choro de magoado e ele gargalha mais uma vez

-- fala papa

-- papa

-- isso garotão -- beijo sua testa

-- mengo -- ele disse com dificuldade

-- isso mengo

-- mengo

Dou vários beijinhos ao redor do seu rosto o que o fazia rir alto e me trazer uma sensação inigualável de ser pai.

Só quem é, entende.