FRONTEIRA - Gerson Santos

M • 77

-- onde tem absorvente moça? -- perguntei pra atendente do supermercado.

Olho pra trás com a sensação de estar sendo observada desde o momento em que sai do meu apartamento pra fazer as compras do mês sinto que tem alguém me observando, era estranho.

Gerson até queria vim me ajudar mas o Miguel estava chorando bastante e não queríamos trazer ele e por ser pertinho do condomínio não via problema nisso, até agora.

-- ali na segunda fila da esquerda

Vou em direção a onde a atendente disse e pego cinco unidades grandes com 30 cada, meu fluxo era extremamente intenso e dolorido.

A endometriose a cada dia me deixava mais desanimada e sem esperança de um dia poder ter um filho, aliás isso é algo que preciso conversar com o Gerson mas tento vergonha e medo dele me achar uma inútil e me trocar por uma mulher melhor.

Me viro e acabo batendo em alguém alto todo de preto, não consigo ver o rosto porque usava um capuz e sinto um frio escorrer pela minha espinha

-- desculpa, eu não vi você.

A pessoa apenas assente e me dá espaço pra passar, saio dali quase correndo com medo e me viro pra atrás pra da uma última olhada, a pessoa olhava pra mim com a cabeça meia curvada, me viro pra frente assustada e me benzo

Credo.

-- é quanto que deu? -- falei colocando em cima do caixa .Olho pra onde eu estava mas não o conseguia ver daqui -- por favor moça, ande rápido -- falei assustada e ela assentiu

-- deu 880 -- ela disse e eu apontei pro QRcode do pix, faço a transferência e mostro o comprovante pra ela que concorda e pego as compras saindo quase correndo dali.

Entro no carro jogando tudo de qualquer jeito apressada e dou a partida no carro o mais rápido possível, como era próximo de casa não demoro nem cinco minutos e entro no apartamento cheia de compras

-- senhor Cláudio, pode por favor pedir pro Gerson vim aqui me ajudar -- perguntei pro porteiro

-- claro menina Mikaella, vou interfonar pro seu apartamento -- ele disse pegando o telefone, olho pro lado de fora do condomínio e não vejo ninguém mas a sensação estranha ainda continuava dentro de mim -- Oi Gerson, a Mikaella está pedindo pra você vim ajudá-la a levar as compras, isso, certo -- ele disse desligando o telefone -- ele já vai descer

-- obrigada, Cláudio.

-- boa tarde, senhor Cláudio -- alguém disse atrás de mim, me viro e vejo o mesmo homem do supermercado todo de preto, todo um susto mas tento disfarçar.

Eu conheço essa voz de algum lugar...

Olho pra ele mais uma vez mas com aquele capuz cobrindo o rosto todo era impossível vê quem era, sinto um medo tão grande que parecia ser inexplicável. Meu corpo agia com repulsa como se o conhecia

-- quero a minha chave -- a pessoa disse e Cláudio o entregou as chaves, ele abaixou a cabeça segurando o capuz para que ninguém visse o seu rosto, que homem estranho.

Ele se vira e sai em direção ao elevador de onde saiu o Gerson, suspiro aliviada quando meu namorado se aproxima de mim.

Pulo no seu colo deixando as compras no chão me sentindo tranquila.

-- tá tudo bem, mô?

-- amor, aquele homem não é estranho?

-- é e muito

-- eu fiquei com a sensação estranha desde a hora que sai como se tivesse sendo perseguida e lá no supermercado a gente se esbarrou e ele me olhou estranho sabe, uma coisa tão ruim -- falei o abraçando mais firme, levanto a cabeça e vejo o homem olhando pra gente, ele caminha rápido entrando no elevador.

-- calma mô, vai passar -- ele disse me tirando do colo dele e pego as mochilas entregando algumas pra ele

-- seu Cláudio, não sabia que esse homem morava aqui, ele é esquisito né

-- ele começou a morar aqui tem uma semana menina Mikaella, ele é bastante discreto e só anda assim, feito um maluco.

-- sabe o nome dele?

-- ele se chama Rodrigues -- concordei tentando lembrar se conhecia alguém com esse nome ou sobrenome.

-- vamos mô, deixa isso pra lá -- Gerson disse me dando um selinho e concordo

-- tchau seu Cláudio

-- tchau menina Mikaella

Entro no elevador contrário do que o maluco entrou e abraço firme Gerson que suspirou dando um beijo no topo da minha cabeça.

Eu sei que ele me lembra alguém, só não sei quem.