Capítulo LX

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Fernanda Cruz


Caim matou Abel, mas não serei como Caim.


Correr nunca foi tão difícil, nunca foi tão desesperador quanto agora que precisei deixar Júlio para trás. Não sei se essa é a coisa certa, meu coração está em ritmo frenético querendo voltar e tentar ajuda-lo, mas também  sei que posso ser uma distração. Eu já não estava longe do local de encontro, a noite caia como um véu escuro na mata, mas ainda conseguia distinguir o caminho que fizemos no treinamento. A cada barulho a minha arma era apontada para o nada e meu coração disparava. 

Não era para ser assim.
Era para estarmos seguros.
A quem era o o traidor que estava tão perto ao ponto de descobrir sobre o esconderijo?

— Ora, ora... Se não achei uma ratinha perdida.

— O que você está fazendo aqui? Como chegou aqui? – como isso estava acontecendo?

— Ah, querida irmã, achou mesmo que eu ficaria em uma cela fedida para sempre? – Talita apontava a arma em minha direção, assim como eu também lhe apontava. – Vocês arranjaram um inimigo a altura dos intocáveis, e ele está com bastante raiva, viu?

— Ele que te ajudou a fugir?

— Como você vai morrer, eu posso contar como minha fuga foi digna de cinema. – riu igual uma desequilibrada.

— Talita, ninguém precisa morrer aqui. Vai embora antes que a polícia chegue. – minha irmã balançou a cabeça repetidas vezes em negação.

– Não! – gritou – Essa é a minha chance de terminar com sua vida inútil. – riu. – Não consegui acabar com Juliana, mas uma de vocês tem que ser exterminadas. Sabe como ele me tirou do presido infernal onde vocês me mandaram? – riu – Ele matou todos os agentes penitenciários e fez uma rebelião. Talvez a cidade de São Paulo esteja cheio de assassinos e assassinas por aí agora, um verdadeiro caos, não é minha irmã?

— E quem é ele?

— Porque quer saber, sua gorda? Para abrir as pernas para ele igual fez com meu marido? – riu e balançou a cabeça. – Você não vai ter tempo para isso. Ele disse que eu podia me divertir com você. Agora abaixe essa arma e me deixe ter a minha diversão a que há muito tempo espero. – Talita estava completamente irreconhecível, louca eu já sabia que ela era, agora parece completamente transformada. Se eu abaixasse a minha arma, era o meu atestado de morte e eu não iria morrer. Júlio prometeu que voltaria para mim.

— A gente não precisava ser uma versão de Caim e Abel, Talita. – disse enquanto mirava nela. Era bom ela achar que eu não teria coragem de atirar nela, essa era minha chance e eu não iria desperdiça-la. – Poderíamos ter sido amigas, era tudo o que eu queria quando era criança, que você me amasse.

— Quem iria ama uma criatura como você? Chorona, remelenta e desde sempre feia obesa. Eu deveria ser filha única, mas não, chegou você para atrapalhar a minha vida.

— Você sempre foi egoísta, talvez não ame nem a si mesmo, não é? Eu era apenas uma criança.

— Não, você era a vergonha da família e eu me amo, e amei o meu marido, mas vocês me tiraram ele, você o tirou de mim, Fernanda. – a louca achava que havia sido eu a matar o marido dela?

— Além de egoísta sempre foi burra não é, Talita? Primeiro enganada pelo seu marido estuprador, agora pelo cara que matou o seu marido e me mandou a cabeça dele dentro de uma caixa. Vê como sua mente é tão pequena que a deixa burra?

— Fica quieta! Isso não é verdade, foi o seu namorado que matou o Felipe! – seus olhos vermelhos encheram-se d'água.

— Não. Apenas recebi a cabeça do Felipe como um recado e agora o assassino dele te trouxe até aqui.

— Cala boca, sua gorda! – antes que ela apertasse o gatilho, a minha arma disparou dois tiros seguidos. Um foi em seu pulso e outro em sua perna. – Ai sua maldita. – gritou enquanto o sangue jorrava e ela ia ao chão.

— Você não vai me matar, mas eu também não me tornarei um Caim por sua causa. Quando eu encontrar a saída, vou pedir para alguém te buscar. – peguei a arma dela que estava caída longe do seu corpo. – Até nunca mais Talita.

Saí dali correndo em direção a onde deveria encontrar o pai de Júlio, agora era uma corrida contra o tempo e eu ainda não sabia quem estava por trás disso tudo.

— Fernanda? – meu nome foi chamado e pela primeira vez desde que entrei nessa mata senti alivio.

Que Júlio esteja bem e cumpra a promessa que me fez.


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Olá! Capítulo curto e nas vésperas do final de semana!

Estou sumida daqui, mas se você me seguisse no isntagram @alinaautora saberia porque!

Tem surpresa nesse mundinho chegando e estou doida pra compartilhar mais com vocês!

Beijos de luz no coração de vocês!

Aaaaah, vocês esperavam que Talita fosse aparecer? 

OBS.: O PRÓXIMO CAPITULO JÁ ESTÁ ESCRITO, AGORA SÓ DEPENDE DE VOCÊS.

(Tô vendo vcs lerem e não dar opinião ou ao menos deixar um votinho)

O mais louco amor (Livro 2 - Amores) RETA FINALOnde histórias criam vida. Descubra agora