Passar dois dias inteiros com Fernanda não eram o suficiente para aplacar a vontade que eu tinha dela. Era como se na segunda-feira depois de deixa-la em casa, tudo ficasse mais turvo, com os sentidos distorcidos, algumas pessoas poderiam achar ridículo, sei bem, mas o que fazer se era apenas um homem completamente apaixonado por uma menina, menina essa que estava para completar ano e eu precisava adiantar as coisas para o que tinha em mente para essa data. A minha dúvida era se os bebês de Eduardo e Juliana nasceriam antes disso, pois sei que se sua prima ainda estiver de resguardo precisando de ajuda com as crianças, Fernanda não sairá do lado dela. Meus pensamentos foram interrompidos com a abertura da minha porta e a entrada tempestuosa da outra promotora.— Que p... Merda é essa, Luciana? — perguntei a doida que estava em minha frente com um sorriso em seus lábios. — Você pode dar meia volta e perguntar se posso lhe atender.
— Júlio, você já foi mais receptivo. — bufei. — Vim aqui saber como andas esses dias já que eu estava de férias quando você chegou.
— Luciana, eu estava trabalhando, sabe o que é isso? — perguntei indignado por ela ter interrompido minhas pesquisas.
— Coisa rápida, nem perceberá o tempo passar comigo. — respirei fundo. Acho que aquela mulher havia ficado louca.
— Promotora Luciana, acho que a senhorita está me fazendo perder um valioso tempo. — ela sorriu.
— Você deveria deixar o rancor de lado, Júlio. O passado é algo que devemos esquecer. — disse com a cara mais sonsa que pode existir.
— Vê bem que você não me conhece. Não sou um homem rancoroso e muito menos vivo do passado, apenas não acho certo relembrar historias que não vão nos levar a lugar nenhum. — Luciana não perdeu a pose e continuou a me olhar com determinação.
— Então faremos assim, já que você não é um homem vingativo, o juiz Flores dará um jantar em sua casa, provavelmente ele também vai te chamar, então, você poderia me levar. — sorriu. — Imagina só a dupla poderosa que seriamos. — duas batidas foram ouvidas e respirei fundo, eu precisava urgente de um estagiário, a secretaria que era para todo mundo não dava conta.
— Entre. — meu grito foi o suficiente para fazer Luciana parar de tagarelar e a pessoa entrar em minha sala.
— Boa tarde, meus jovens. — juiz Flores em pessoa, agora não mais como uma figura da invenção louca de Luciana.
— Boa tarde, juiz, em que posso lhe ajudar. — perguntei levantando para o cumprimentar.
— Posso esperar o que estiverem tratando. — disse apertando a minha mão.
— Não era nada de mais, a promotora veio ver se estava tudo bem comigo, já que ela estava de férias quando assumi. — ele sorriu em direção a Luciana.
— Que bela iniciativa, gosto que vivamos em união sem aquele ar de competitividade entre nós. — assenti voltando para minha cadeira. — Não tomarei muito seu tempo, bom, como a Luciana já sabe darei um jantar esse final de semana, gosto de ficar perto de quem trabalha comigo, aqui somos uma família e espero estreitar os laços com você também, Júlio. Por isso gostaria da sua presença em minha casa no sábado. — sorri e assenti.
— Convite devidamente aceitado, juiz. — assentiu.
— Era isso que estávamos conversando também, combinando de um ser a companhia do outro... — minha cara esquentou ao ouvir a última asneira de Luciana.
— Você estava dizendo precisar de companhia e eu não consegui lhe responder, mas lhe adianto que seria impossível, logo que estarei acompanhado. O convite se estendo a acompanhante, não é? — virei-me para o juiz e desfoquei da cara de espanto de Luciana.
— Claro que é, meu rapaz. — sorri.
— Minha namorada ficará feliz em comparecer comigo, já até imagino o sorriso em saber que jantará com um juiz, ela é estudante de direito, passou em primeiro lugar. — sorri ao falar das façanhas de minha demonia inteligente.
— Leve-a meu rapaz, primeiro lugar em qual faculdade? — perguntou e meu sorriso foi maior ainda.
— Na USP. — respondi orgulhoso.
— Faculdade pública é difícil. Esperarei para conhecer sua joia, preciso ir ou então minha mesa encherá de papéis. Até logo! — rapidamente ao se despedir saiu da sala e me deixou com uma Luciana com sangue nos olhos.
— Que palhaçada é essa de namorada? — disse exasperada.
— A única palhaçada que estou vendo aqui é a que você está fazendo. — respondi ríspido. — Eu não preciso lhe dar satisfação da minha vida, mas lhe digo que sou muito bem comprometido, e não, não farei companhia a você em evento nenhum, mesmo que ela não existisse. Eu procuro ficar longe de pessoas como você.
— Você me paga, Júlio. — disse antes de levantar e sair da minha sala espumando pela boca. Era o que me faltava, uma mulher louca em minha cola.
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O mais louco amor (Livro 2 - Amores) RETA FINAL
ChickLitJúlio Guimarães Lemos é a personificação da perfeição da espécie masculina. Simpático e alegre eram características que podem o definir, mas às vezes por trás de um sorriso existe um coração quebrado. Um advogado com sede de vingança é a outra verte...