Estudando o caso de Fernanda eu vi que Felipe era alguém desequilibrado. Pelas coisas que constam em seu depoimento e o modo como ele foi preso sem resistir ou tentar fugir, talvez fosse uma questão de chamar atenção pra si, mas a razão ainda não era evidente pra mim. Eu precisaria falar com os familiares próximos dele, assim que o depoimento de Fernanda acontecesse.Estava em uma reunião com Xavier, ele ficaria responsável pela área jurídica da MF Arquitetura. Ele era um cara confiável e merecia essa promoção, me aturou por muito tempo aqui.
- E você tem que passar as coisas diretamente para o Eduardo, ele gosta de estar a par de tudo, absolutamente tudo. – disse enquanto terminava de guardar alguns documentos.
- Entendi isso, Júlio. – ele revirou os olhos. – Você nem foi ainda e está paranoico.
- Isso aqui é como um filho pra mim cara, mas é um filho que vou acompanhar de longe. – disse e sorri. Foi aqui os meus primeiros passos como advogado.
- Você sempre será bem vindo para dar seus palpites, senhor promotor. – revirei os olhos.
- Eu sei. O dono ainda é meu melhor amigo. – sorri. – Agora eu vou dar uma olhada no caso da Lidiane, aquela mulher é uma cobra e não confio nela.
- E não deve mesmo. Bom, vou lá. Deixarei você com os seus casos. – assenti. Precisava me concentrar, eu tinha três casos para finalizar antes de assumir de vez a promotoria, o tempo era curto.A promotoria era um dos passos que eu precisava dar antes de virar juiz, o que era o meu sonho de moleque. Desde que perdi a minha mãe em uma tragédia dentro de um supermercado, e os assaltantes estavam nas ruas alguns anos depois decidi que iria ser alguém que julga de verdade, que não tem medo de aplicar a lei. Sei que ela era bem branda aqui no Brasil, mas se dependesse de mim, esses caras iriam pagar caro por cada crime cometido.
As horas passaram rápidas demais e me vi atrasado para o jantar com o meu pai. Sai correndo antes que o velho ligasse me xingando. Desde que me mudei de sua casa a regra é jantar uma vez na semana com ele pelo menos, e essa semana seria em uma quinta-feira. Desde que a mamãe morreu, ele me criou praticamente sozinho, claro que, teve ajuda da vovó Briana, sua mãe e da vó America, por parte de mãe. Graças a Deus eu fui bem assistido por mães ao meu redor, mas vazio que a minha deixou não tem explicação. Cheguei a sua casa quase uma hora depois, o transito estava infernal.
- A culpa foi do transito, juro que sai no horário. – disse assim que adentrei na cozinha e ele estava virado para o fogão.
- Vai lavar as mãos, e eu sei que você se atrasou para sair, ande. – uma coisa era fato, era impossível mentir para ele. O cara era uma fera da advocacia, tudo que aprendi foi com ele, o mesmo era um juiz aposentado. Segui para o banheiro do corredor e lavei as mãos, quando eu voltei ele estava sentado a mesa.
- Em qual caso você perdeu as horas. – sorri com sua pergunta.
- O do Eduardo contra Lidiane por calunia e difamação. Quero acabar de montá-lo logo, preciso me dedicar a um novo, o meu ultimo caso. – ele ergueu a sua taça de vinho e me fitou.
- E qual seria esse?
- Estupro contra uma menor, o estuprador foi o cunhado. – ele assentiu.
- É raro você pegar esses casos, é de alguma ONG que você está ajudando?
- Não. A menina é prima da mulher do Edu.
- Então é um favor ao Eduardo?
- Também, mas eu pegaria o caso de qualquer forma.
- Conhece a menina? – assenti.
- Sim, de relance.
- Hum... – me voltei para o meu macarrão a carbonara que ele havia feito e estava uma delicia. Na realidade eu não queria que ele me perguntasse mais nada, não saberia o que responder.O resto da noite foi agradável, sempre era em sua companhia, meu pai havia sido meu herói nesses anos que se passaram e continua sendo.
(*)
Ontem o Daniel me avisou que Fernanda deporia hoje, pedi para o Edu avisar a avó dela e marquei de pega-las em casa. Quando li a mensagem do Daniel fiquei pensativo, ela deveria estar uma pilha de nervos, ter que reviver tudo o que se passou seria demais para ela, e até pra mim. Não sei se aguentarei escutar ela detalhando tudo.
Cheguei ao prédio cedo, ao entrar constatei a mesma coisa que o Edu vive reclamando, o prédio era sem segurança nenhuma, o porteiro não está onde deveria. Se não fosse pelos seguranças que o Eduardo deixa aqui na portaria diria que era largado a Deus dará. Toquei a campanhinha e uma senhorinha abriu a porta.
- Meu Deus, acho que morri e fui parar no céu. – ela disse e arregalei os olhos. – Quer um pouco de açúcar meu anjo?
- Não... Eu sou o advogado solicitado por Eduardo. – disse e ela sorriu.
- Minha neta está convivendo com cada pedaço de mau caminho, acho que preciso andar mais com ela. – a velhinha disse e fiquei sem graça. – Eu vou chamar a minha neta
Fernanda, a propósito me chamo Eva Sophia Vasconcelos, mas pode me chamar de vovó Eva. – sorriu.
- Eu sou o Júlio. - ela assentiu e levei um susto com seu grito.
- Fernanda, vamos! – ela gritou.
- Já vou. – ouvi sua resposta e em seguida os passos rápidos dela pela casa até ver suas pernas tampadas por uma calça jeans entrar na sala. – Já estou aqui. – o imprecionante era estar ainda mais bonita do que da última vez que a vi. – Você! – sua cara de espanto chegava a ser engraçada.
- Olá gatinha. Nos encontramos de novo. – sorri para sua cara de espanto.
- Vocês se conhecem?
- Esbarrei com sua neta esses dias. – agora ela exibia uma cara bem séria. – Muito educada. – disse e sorri lembrando da ocasião.
- Você é o advogado que vai nos acompanhar? – direta, gostei.
- Sim, sou eu que irei conduzir o seu caso a partir de agora. – ela assentiu.
- Eu estou pronta vovó. – respirou fundo. – Acho que devemos ir.
- Sim, minha filha, vou pegar a bolsa. – a dona Eva saiu da sala e olhei para Fernanda.
- O meu nome é Júlio, caso a senhorita queira saber. – ela me olhou de forma seria.
- Fernanda, mas creio que o senhor já sabe o meu. Deve ter recebido alguma pasta com tudo sobre a minha vida.
- Realmente, eu tenho uma pasta sobre você sim. – ouvi um pequeno murmúrio, mas não consegui entender o que seria.
- Pronto, agora podemos ir. – dona Eva veio até nos e seguimos para fora do apartamento. Eu via como Fernanda tentava ficar longe de mim o máximo que conseguisse, foi assim no elevador que ela ficou encostada na parede e assim, agora para entrarmos no carro.
- Vai à frente, vovó. – ela disse e já foi para a porta traseira. Fui até a dona Eva e abri a porta para que ela pudesse entrar.
- Por favor. – ela sorriu.
- É um homão desses que você podia arrumar Fernanda. Claro em um futuro próximo. – Fernanda perdeu a cor e tratou logo de entrar no carro. Segui para o meu lugar de motorista e sorri antes de entrar, ela era realmente uma pequena gatinha.
- Coloquem os cintos, por favor. – o caminho foi feito praticamente todo em silencio, em alguns momentos era quebrado pela voz de dona Eva, Fernanda permanecia quieta olhando pela janela do carro. Quando chegamos ela demorou em descer do carro, dona Eva e eu esperamos o momento em que ela estivesse pronta para ir, quando saiu deu apenas um sorriso para sua avó e de mãos dadas seguiram em direção a delegacia, foi uma cena bonita de se ver, a força que a avó passava para ela naquele momento foi algo tocante.
- O senhor não vem Dr. Júlio? – ouvi a voz de Fernanda e percebi que havia ficado para trás.O que ela não sabia era que nessa jornada dela contra esse crápula eu estaria do lado, atrás e se precisar a frente dela. Essa menina me despertava um sentimento de proteção que eu nunca havia sentido antes e que mesmo não tendo lógica, fazia todo sentido pra mim e para o meu coração.
Olá luzes lindas, olha eu posso estar gostando bastante do Júlio, socorro. Ainda sou fiel a você, Edu, não se preocupe.
Bom, espero que estejam gostando e que venham a amar essa história como eu. Fernanda e Júlio tem muito a viver e a nos ensinar como superar algo que achamos insuperável.
ALERTA!
O próximo capítulo está bem próximo.
Beijos de luz no coração de vocês.
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O mais louco amor (Livro 2 - Amores) RETA FINAL
ChickLitJúlio Guimarães Lemos é a personificação da perfeição da espécie masculina. Simpático e alegre eram características que podem o definir, mas às vezes por trás de um sorriso existe um coração quebrado. Um advogado com sede de vingança é a outra verte...