Capítulo LV

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O inicio do fim.


Não consegui descansar nem mesmo por um segundo, apenas apaguei novamente, porém não senti meu corpo relaxar, mas como poderia? Ainda era nítida demais a imagem da cabeça de Felipe naquela caixa. 

- Fernanda. - ouvi a voz de dona Eva e virei em sua direção. Seus olhos antes alegres agora estavam uma bagunça avermelhada e chorosa.
- Vó. - minha voz saiu baixa, quase como um sussurro. 
- Querida, como está? - Vovó veio ao meu encontro e olhei pela janela e vi um pouco da claridade bloqueada pelas persianas. Voltei meu olhar para os seus e vi algo que nunca havia visto nela, medo.
- Apavorada. - suspirei. - Tentando me manter forte a ponto de não começar a gritar.
- Imagino, querida. - passou sua mão por meu rosto e fechei os olhos sentindo sua quentura. - Mas você está segura aqui. - engoli em seco.
- Não sei se vou conseguir me sentir segura em algum lugar. - sussurrei.
- Vai sim. Aquele homem lá fora daria a vida para te manter em segurança. -engoli em seco. - Não só ele, querida. Existe uma força tarefa naquela sala em prol de sua segurança.
- Alguém tirou a cabeça do Felipe e me mandou, o que eu devo pensar sobre isso? Que eu sou a próxima? - o silencio pairou no ar e vi os olhos de dona Eva ganhar uma tonalidade avermelhada.
- Não pensa uma coisa dessas. - respirou fundo. - Pode ser um justiceiro, Fernanda. 
- Não acredito muito nisso. - dei de ombros. - Mas agora como eu vou ficar?
- Comigo. - a voz de Júlio vinda da porta me chamou atenção. - Você vai ficar comigo e vamos aproveitar  o tempo que você ainda tem de férias.

Olhei para o homem que estava parado no batente da porta, Júlio estava com o olhar tão abatido e profundo, não parecia em nada com o homem que me conseguia me tirar do eixo com seu sorriso frouxo e safado.

Deixei que Júlio me conduzisse para onde ele achasse que era seguro. Foram dois dias presa no apartamento dele, e de lá partimos para o local que eu imaginava que iríamos, sua casa na floresta. Estávamos em um carro que Eduardo havia ido ao apartamento de Júlio, e estávamos sozinhos sem nenhum segurança visível pelo menos.

- Estamos sozinhos sim. - olhei para ele e Júlio sorriu. - Você falou em voz alta.
- Ah, não percebi. Você os deixou para trás, não era mais seguro eles virem conosco?
- Não me sinto mais seguro com a sua antiga segurança e  muito menos com a minha, então é melhor estarmos sozinhos. 
- Não tem nenhuma possibilidade de nos encontrarem aqui? - o sentimento de medo e angustia ainda estavam dentro de mim.
- Não. - Júlio desviou os olhos da estrada por um segundo, mas consegui ver determinação ao me olhar. - Irei te proteger, Fernanda. Nem que essa seja a última coisa que eu faça em vida. - Senti meu corpo se arrepiar com sua fala.

Passamos o resto do caminho calados, a única coisa que predominava o ambiente dentro do carro era a musica suave que nos embalava. Assim que entramos na garagem subterrânea da casa senti o ar preso em meus pulmões se soltarem, a sensação de medo deu lugar a uma de esperança onde eu queria acreditar que estava segura.

- Vamos subir? - Assenti e fui na frente. Ainda lembrava de como era a casa. - Vamos deixar as nossas bolsas e quero te mostrar uma coisa. - Seguimos pelos corredores e deixamos nossas bolsas cada um em um quarto diferente. - Aqui tem uma passagem para um quarto de pânico, depois que a pessoa entra ele só abre por senha ou meu comando de voz. Se alguma coisa estranha acontecer, quero que você venha para cá e aproxime sua mão desse espelho. - Júlio demonstrou como se fazia e uma porta de aço se abriu em minha frente. Estávamos no quarto onde colocamos as minhas coisas. - Você entra e aperta o X para  aporta se fechar. Eu preciso que você me prometa que fará isso. - Seu olhar era firme. 
- Prometo. - Abracei o meu corpo. - Não sei quem está atrás de mim agora, mas ele não vai me pegar.
- Não vai, nem que minha vida dependa disso, Fernanda. - Júlio me puxou para os seus braços e me deixei ir. 

Ali me senti segura.

*

*

*

Horas depois e estávamos na cozinha jantando após Júlio preparar uma comida rápida, macarrão com carne moída era o cardápio e estava uma delícia. Assim como meu ex ou atual namorado estava a minha frente apenas com uma calça de moletom.

- Fernanda? - saí do transe quando percebi que ele falava comigo, e sabia que tinha sido pega no flagra.
- Oi. 
- Não está bom? Você quase não tocou na comida. - questionou e olhei o meu prato praticamente intacto.
- Estou sem fome, sua comida está ótima. - Júlio não desviou os olhos dos meus.
- Sei que é um momento difícil, mas seja quem fez isso será pego e nada vai acontecer com você.
- É o que espero. Você falou com alguém depois que a gente chegou aqui?
- Meu pai sabe que chegamos. É melhor termos pouco contato com seus familiares.
- E o seu trabalho? - Não queria atrapalhar a vida dele.
- Não se preocupe, está tudo sob controle.
- Mesmo? Eu não me importo de ficar aqui sozinha.
- Mas eu me importo e você não vai ficar em lugar nenhum sozinha. - Júlio respirou fundo e desviou o olhar para seu prato.
- Desculpa, eu só não quero que você pare a sua vida por minha causa.
- Não estou parando a minha vida por sua causa, Fernanda. Até porque, você é a parte mais importante da minha vida, e não tem ninguém que eu não passe por cima para manter você a salvo. A pessoa que matou o Felipe vai ser pega, nem que seja eu a fazer isso.

As palavras de Júlio martelaram a minha cabeça. Na minha cabeça não fazia sentido ele gostar tanto de mim, mas ao mesmo tempo, sabia que também faria de tudo para o manter são e salvo, pois afinal de contas eu o havia transformado em um alvo de um inimigo invisível.

O mais louco amor (Livro 2 - Amores) RETA FINALOnde histórias criam vida. Descubra agora