Caminhamos por mais um tempo em um silêncio confortável até que ele para, retirando o celular do bolso.
— O que houve? Tinha algum compromisso marcado?
Bruno: Nada, não, só marcando algo. Como você não é de viajar muito, mudei nossos planos.
— Como é-
Nos próximos instantes me vejo desvencilhando minhas mãos de seu braço sendo então puxada pelo pulso por ele.
Bruno: Nada de perguntas, ou questionamento apenas me siga, caso contrário vai passar vergonha em público.
Sem mais nenhuma palavra passo a caminhar por mim mesma.
— Mas, eu devo lhe trazer de volta em segurança, então obrigatoriamente devo saber pra onde vamos.
Bruno: Não mesmo.
Em mais alguns minutos caminhando com Bruno vendo um trajeto pelo celular, vejo um carro parar ao nosso lado.
Bruno: Em boa hora.
Paramos de caminhar o motorista deixa o carro, trocando um cumprimento com ele então por reflexo o vejo entrar no banco do passageiro, me aproximo escorando na porta.
— O que pensa que esta fazendo?
Bruno: Você dirige.
— Como? Se não sei pra onde vamos.
Bruno: Seguirá minhas instruções, sabe certo? Só entendo de motos.
— Sei...
Dou meia-volta no carro indo pro banco do motorista, passando o cinto passo a seguir suas indicações. Por causa disso não pude me inundar de pensamentos como gostaria ou mesmo dormir.
Bruno: Que tal um jogo? De adivinha, durante o percurso você terá de adivinhar os gestos que fizer.
— Tenho certeza que isso não me dará pista alguma de pra onde estamos indo, de qualquer forma.. você seria uma distração.
Bruno: Assim me ofende.
O vejo passar a explorar o painel em segundos inserindo uma playlist, até então notei a tensão que estava por meus ombros sumir, passei o restante do percurso rendida as músicas tentando não cantar junto a ele que insistia.
Quando me dei conta foi quando a noite caiu e a estrada não parecia ter fim, liguei o farol soltando um suspiro.
— Sabia que isso está parecendo um sequestro!? Agora me diga, pra onde estamos indo? Já deixamos a cidade.
Bruno: Não se preocupe com nada mais do que a estrada.
— Espero muito que não seja parte de suas aventuras.
Lhe dando um olhar rápido reparo que estava com o braço pra fora, reparo no espelho com uma sensação estranha.
Bruno: Ah, esta na hora de lhe contar as regras.
— Que regras? Esta me deixando nervosa, continue e lhe deixo em uma curva qualquer.
Bruno: Durante nosso caminho nada de celular ou qualquer meio de comunicação.
— Olha às horas, vamos apenas voltar, dona Dulce está sozinha em casa.
Bruno: Já avisei a mesma, ela esta parcialmente acompanhada por seu cão.
— Me diz pra que as benditas regras? O cansaço esta chegando, se for uma brincadeira ou trollagem querendo me assustar, chega. Já conseguiu, vamos voltar!
Bruno: Se fosse você... não ousaria fazer retorno.
O vejo com um olhar sombrio até que nem foi capaz de me enviar um frio na barriga. Em seu bolso pude ver algo circular a brilhar por algumas faíscas da lua.
No quê eu fui me meter?
Às horas foram se passando até que ele decidiu fazer uma pausa em um restaurante self-service 24 horas ou loja de conveniência como preferirem com posto de gasolina em frente.
Bruno: Vamos fazer um lanche e encher o tanque.
— Tão aleatório.
Destravo as portas esticando as pernas um pouco, ao ver que ele estava com cuidado para que não corresse - o que seria estúpido no meio do nada - o sigo.
Bruno: Embora deva saber, não tente fugir não vai conseguir ir longe, fora o risco de poder ser assaltada.
— Então, porque não pega as algemas logo? Assim, porá um fim aos meus planos.
Bruno: Pensa, quem sairia por aí exibindo ter prendido uma mulher!? Bela, não quero problemas.
— Eu já sou um deles.
Bruno: Eh, mas não é um dos que dão dor de cabeça... apenas um dos que lhe deixam de cabelo em pé.
Lhe dou um tapa no braço adentrando o estabelecimento.
Bruno: Já que esta achando ruim, que tal voltar pro carro? Levarei nosso lanche, como um gentleman.
— Oh, não mesmo.
Tendo conseguido nossos pedidos sentamos em uma mesa da qual podia observar o lado de fora pelo vidro ao lado, não tinha muita presença ali poucos pareciam vir.
— Me devolva o celular? Preciso de algo pra me entreter.
Bruno: Não, nem vem com desculpa de querer ver às horas, teve todo o trajeto pra ver no carro.
— Não o faria, me acha estúpida a este ponto? Que homem. Essa regra de comunicação deveria valer pra si também.
Bruno: Se sentindo muito injusta?
— Apenas prejudicada.
O vejo retirar seu próprio celular dentro de meu campo de visão, então o desligando.
Bruno: Agora que estamos quites, vou pegar nosso pedido.
Ele se levanta indo ao balcão, com nossos estômagos e o tanque cheios seguimos pro carro, me voltei dando meia-volta pra voltar ao banco do motorista.
Bruno: Epa! Onde pensa que vai?
— Dirigir..?
Bruno: Não.
Sinto um toque em meu pulso me impedindo sendo puxada pra trás com a porta aberta ele me empurra sem esforço.
Bruno: Você descansa agora, eu dirijo.
— Quê!? Você não sabe, está doido? Não permitirei que nos leve mais rápido a próxima vida.
Bruno: Relaxa, eu me viro.
Após muita insistência e então vendo o objeto em seu bolso mais nítido contra o tecido me aquieto, o observando conduzir o carro facilmente sem nenhum problema.
— Você mentiu sobre isso?
Bruno: Um pouco sim, só ocultei que faz anos que não toco um volante.
— Grr.. depois não reclame se ficar brava contigo.
Bruno: Fica não, sei que me ama.
Coloco finalmente o cinto regulando o banco fico de olho nele, enquanto várias idéias passam por minha mente, sem saber exatamente o que fazer pra me livrar.
Bruno On
Já se passavam das duas da madrugada quando notei que por fim a teimosa ao meu lado havia se rendido ao sono, com uma idéia de susto em mente abro o porta-luva mas desisto ao lembrar que ela já estava assustada simplesmente troco a ideia por meu casaco como cobertor a mesma, subindo um pouco o vidro da porta ao seu lado.
Bruno Off