Capítulo 78 - Sequestro

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Caminhamos por mais um tempo em um silêncio confortável até que ele para, retirando o celular do bolso.

— O que houve? Tinha algum compromisso marcado?

Bruno: Nada, não, só marcando algo. Como você não é de viajar muito, mudei nossos planos.

— Como é-

Nos próximos instantes me vejo desvencilhando minhas mãos de seu braço sendo então puxada pelo pulso por ele.

Bruno: Nada de perguntas, ou questionamento apenas me siga, caso contrário vai passar vergonha em público.

Sem mais nenhuma palavra passo a caminhar por mim mesma.

— Mas, eu devo lhe trazer de volta em segurança, então obrigatoriamente devo saber pra onde vamos.

Bruno: Não mesmo.

Em mais alguns minutos caminhando com Bruno vendo um trajeto pelo celular, vejo um carro parar ao nosso lado.

Bruno: Em boa hora.

Paramos de caminhar o motorista deixa o carro, trocando um cumprimento com ele então por reflexo o vejo entrar no banco do passageiro, me aproximo escorando na porta.

— O que pensa que esta fazendo?

Bruno: Você dirige.

— Como? Se não sei pra onde vamos.

Bruno: Seguirá minhas instruções, sabe certo? Só entendo de motos.

— Sei...

Dou meia-volta no carro indo pro banco do motorista, passando o cinto passo a seguir suas indicações. Por causa disso não pude me inundar de pensamentos como gostaria ou mesmo dormir.

Bruno: Que tal um jogo? De adivinha, durante o percurso você terá de adivinhar os gestos que fizer.

— Tenho certeza que isso não me dará pista alguma de pra onde estamos indo, de qualquer forma.. você seria uma distração.

Bruno: Assim me ofende.

O vejo passar a explorar o painel em segundos inserindo uma playlist, até então notei a tensão que estava por meus ombros sumir, passei o restante do percurso rendida as músicas tentando não cantar junto a ele que insistia.

Quando me dei conta foi quando a noite caiu e a estrada não parecia ter fim, liguei o farol soltando um suspiro.

— Sabia que isso está parecendo um sequestro!? Agora me diga, pra onde estamos indo? Já deixamos a cidade.

Bruno: Não se preocupe com nada mais do que a estrada.

— Espero muito que não seja parte de suas aventuras.

Lhe dando um olhar rápido reparo que estava com o braço pra fora, reparo no espelho com uma sensação estranha.

Bruno: Ah, esta na hora de lhe contar as regras.

— Que regras? Esta me deixando nervosa, continue e lhe deixo em uma curva qualquer.

Bruno: Durante nosso caminho nada de celular ou qualquer meio de comunicação.

— Olha às horas, vamos apenas voltar, dona Dulce está sozinha em casa.

Bruno: Já avisei a mesma, ela esta parcialmente acompanhada por seu cão.

— Me diz pra que as benditas regras? O cansaço esta chegando, se for uma brincadeira ou trollagem querendo me assustar, chega. Já conseguiu, vamos voltar!

Bruno: Se fosse você... não ousaria fazer retorno.

O vejo com um olhar sombrio até que nem foi capaz de me enviar um frio na barriga. Em seu bolso pude ver algo circular a brilhar por algumas faíscas da lua.

No quê eu fui me meter?

Às horas foram se passando até que ele decidiu fazer uma pausa em um restaurante self-service 24 horas ou loja de conveniência como preferirem com posto de gasolina em frente.

Bruno: Vamos fazer um lanche e encher o tanque.

— Tão aleatório.

Destravo as portas esticando as pernas um pouco, ao ver que ele estava com cuidado para que não corresse - o que seria estúpido no meio do nada - o sigo.

Bruno: Embora deva saber, não tente fugir não vai conseguir ir longe, fora o risco de poder ser assaltada.

— Então, porque não pega as algemas logo? Assim, porá um fim aos meus planos.

Bruno: Pensa, quem sairia por aí exibindo ter prendido uma mulher!? Bela, não quero problemas.

— Eu já sou um deles.

Bruno: Eh, mas não é um dos que dão dor de cabeça... apenas um dos que lhe deixam de cabelo em pé.

Lhe dou um tapa no braço adentrando o estabelecimento.

Bruno: Já que esta achando ruim, que tal voltar pro carro? Levarei nosso lanche, como um gentleman.

— Oh, não mesmo.

Tendo conseguido nossos pedidos sentamos em uma mesa da qual podia observar o lado de fora pelo vidro ao lado, não tinha muita presença ali poucos pareciam vir.

— Me devolva o celular? Preciso de algo pra me entreter.

Bruno: Não, nem vem com desculpa de querer ver às horas, teve todo o trajeto pra ver no carro.

— Não o faria, me acha estúpida a este ponto? Que homem. Essa regra de comunicação deveria valer pra si também.

Bruno: Se sentindo muito injusta?

— Apenas prejudicada.

O vejo retirar seu próprio celular dentro de meu campo de visão, então o desligando.

Bruno: Agora que estamos quites, vou pegar nosso pedido.

Ele se levanta indo ao balcão, com nossos estômagos e o tanque cheios seguimos pro carro, me voltei dando meia-volta pra voltar ao banco do motorista.

Bruno: Epa! Onde pensa que vai?

— Dirigir..?

Bruno: Não.

Sinto um toque em meu pulso me impedindo sendo puxada pra trás com a porta aberta ele me empurra sem esforço.

Bruno: Você descansa agora, eu dirijo.

— Quê!? Você não sabe, está doido? Não permitirei que nos leve mais rápido a próxima vida.

Bruno: Relaxa, eu me viro.

Após muita insistência e então vendo o objeto em seu bolso mais nítido contra o tecido me aquieto, o observando conduzir o carro facilmente sem nenhum problema.

— Você mentiu sobre isso?

Bruno: Um pouco sim, só ocultei que faz anos que não toco um volante.

— Grr.. depois não reclame se ficar brava contigo.

Bruno: Fica não, sei que me ama.

Coloco finalmente o cinto regulando o banco fico de olho nele, enquanto várias idéias passam por minha mente, sem saber exatamente o que fazer pra me livrar.

Bruno On

Já se passavam das duas da madrugada quando notei que por fim a teimosa ao meu lado havia se rendido ao sono, com uma idéia de susto em mente abro o porta-luva mas desisto ao lembrar que ela já estava assustada simplesmente troco a ideia por meu casaco como cobertor a mesma, subindo um pouco o vidro da porta ao seu lado.

Bruno Off

Lysandre e DoceteOnde histórias criam vida. Descubra agora