Capítulo 81 - Casa de Shows

4 1 0
                                    

Casa de Shows..

Estava na companhia de um grupo de jovens da mesma idade em volta de uma mesa a jogar, já tinha um tempo desde minha chegada ao lado de Bruno o qual em seguida sugeriu a ideia de nos separarmos e misturarmos entre as pessoas, alegou ele que isso me ajudaria a enturmar sem intervenção mas não estaríamos tão longe.

Aproveitei para disfarçar minha falta de experiência observando os de mais e copiando alguns detalhes.

E quando me senti mais solta, menos perdida no meio de tanta gente a se divertir, foi quando percebi que a voz a cantar já a poucos minutos não me era desconhecida. Movida pela curiosidade e familiaridade caminhei entre as pessoas, abrindo espaço como podia até o mais próximo que conseguisse do palco.

Com a voz cada vez mais alta em meus ouvidos a cada passo, senti um sentimento surgir no peito embora não saiba explicar o que era a ficha caiu quando pude ver a causa, pra ser mais exato a silhueta no palco.

Abrindo os olhos, me deparo com ele a me observar acordar logo pela manhã, ou melhor a observar minha feiura tão cedo. Cobri o rosto em uma tentativa de tirar essa imagem de sua mente e a vergonha da minha.

? — Por que se esconde? Essa não será a primeira vez que a verei.

— Não quero que veja o caos que sou ao acordar, deus meu, que eu não tenha roncado ou babado enquanto dormia!

? — Hahaha.

Deixo a bebida em uma mesinha aleatória.

Com os outros entretidos em uma leve e animada conversa, tendo o violão em meu colo a tocar os novos acordes, olhei para o lado encontrando seu olhar gentil. Sorrindo, ao meu lado ele se aproximou repousando sua mão por trás de mim no assento, ganhei um beijo rápido na bochecha.

Ainda de olhos fechados, ele dá alguns passos à frente concentrado em sua música.

Depois de dar um perdido no pessoal, finalmente tínhamos um tempinho para desfrutar da companhia do outro pela praia.

? — Por que parece tão aliviada, agora? O que estava te incomodando?

— Eles. Assim, gosto deles, são boas pessoas. Mas é difícil vimos a praia e passar um tempo sozinhos, sinto que é sempre na companhia de alguém.

? — Cansada de dividir a atenção? O que devo fazer pra ver um sorriso ao invés dessa carranca?

— Apenas me dê um pouco de sua atenção.

O olho de soslaio pegando a tempo um indício de um olhar sapeca, sem tempo para reagir sou carregada e levada para o mar, onde fui molhada e claro não deixei a oportunidade de retornar o favor passar, favor de o afogar.

As memórias param de surgir assim que seus olhos abrem e ao observar distraído as pessoas, nossos olhares se cruzam. Senti um suspiro junto de ao menos uma lágrima saírem. O sentimento confuso havia saído junto e já não sabia o que dizer.

Não achava que teríamos um reencontro, ou que seria dessa maneira e com esses sentimentos. A pessoa que amei, agora estava ali a poucos metros do meu alcance se apresentando a todos.

Desviando o olhar por notar o reconhecimento no seu, ele deixa de cantar saindo apressado do palco para talvez o bastidor atrás. Com o pessoal começando a reclamar pela música ter parado com os músicos confusos com sua saída, o responsável subiu ao palco.

Funcionário — Sinto muito, pessoal. A apresentação foi cancelada, por motivos pessoais da banda. Agora, como pedido de desculpas todos terão uma rodada por conta da casa e passamos para nosso próximo convidado.

Me virando, me afasto do palco sentindo algo como choque começar a passar, enquanto a mente não parava quieta com bilhões de pensamentos. Querendo pará-la antes que os sentimentos saíssem me movo pelo local sem algum lugar em mente, meus pés acabaram me levando por passagens mais escuras.

Voltei a mim, tomando algumas longas respirações ao chegar em um corredor. Com mais calma, passei a prestar atenção ao redor, não havia muito o que destacar além de várias portas e parecia haver mais corredores no final deste.

Cada uma estava nomeada, a curiosidade em abrir cada uma bateu, porém agora o medo em ser descoberta sem saber se aquele corredor era restrito ou não, foi maior e apenas me concentrei em memorizar o caminho enquanto dava apenas uma olhada e retornar.

E com um pouco de coragem que senti cheguei ao final do corredor sem avistar algum funcionário, claro que a sorte durou pouco. Ao virar o corredor trombei com uma pessoa, recuei.

? — Está bem? Desculpe, minha senhora.

Sem esperar uma resposta, sinto passar ao meu lado com pressa, e não foi preciso dar muitos passos para sentir o turbilhão de pensamentos voltar. Claro que havia reconhecido a voz e havia visto bem seu rosto, embora queria fingir que não.

— Sei que da última vez fiz exatamente o que você acabou de fazer e que não tenho direito de exigir saber algo agora, depois de um bom tempo.

Me viro, torcendo para que não estivesse falando sozinha e ele tivesse ouvido a tempo.

— Ainda temos uma conversa que nunca chegou, não acho que nos encontrarmos aqui seja uma coincidência então... se não tiver mais nenhuma apresentação, podemos conversar?

Fecho o punho em um aperto firme, surpresa comigo mesma e por isso ao menos ainda ter tido um efeito o fazendo parar.

Lysandre — Está certa, mas o que me garante que não irá fugir antes mesmo de começar ou acreditar no que bem quiser?

Não posso garantir, quando o assunto é sobre você não consigo prever o meu comportamento.

— ...Quero ter essa conversa o quanto antes, assim não terá que deixar o lugar se nós nos vermos outra vez.

Novamente sem resposta, o vejo voltar a andar agora em outra direção, torcendo para não ter que o convencer mais o segui independente se essa era a reação que esperava.

Caminhando mais um pouco cruzamos a porta saindo do local.

Lysandre — Saída de emergência, dificilmente alguém virá. E não sei se há algum cômodo disponível.

— Menos barulho também, sem dores de cabeça depois.

Sem nenhum banco por perto, sem me importar com nada, me sentei na calçada mesmo observando o céu.

— Que tal começar, contando o que aconteceu durante esse tempo?

Ao menos, sinto que preciso começar por um assunto mais leve enquanto tento acalmar os nervos.

Lysandre — Com o fim do curso, pude resolver o desentendimento com Castiel e como os outros, cada um tomando seu caminho decidimos não voltar com a banda.

— Claro, final dos estudos e início das despedidas, lembranças que se tornarão histórias mais tarde.

Lysandre — Escolhi voltar para perto dos meus pais, também estou mais perto da natureza comparado a cidade.

— Dei início a nova etapa em um novo lugar, conhecendo novas pessoas e lugares que nem sonhava antes. É diferente, não estou em minha zona de conforto, mas é interessante.

Lysandre e DoceteOnde histórias criam vida. Descubra agora