Capítulo 82 - Chega de Fugir

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Seguimos conversando coisas aleatórias até um de nós tomar coragem de iniciar o assunto que realmente importava; Coisa que foi interrompida com a aparição repentina de um cara desconhecido, quem apressado simplesmente jogou a maleta nas mãos de Lysandre antes de fugir.

Lysandre, que a segurou no ar talvez por instinto, encarou a maleta confuso.

— Tem alguma chance de vocês se conhecerem?

Lysandre — Não, e eu não tinha pensado na possibilidade de ter acesso às outras ruas por aqui.

Então, ouvimos uma comoção não muito longe. Bastou com o apontar de um grupo de homens de outra rua, para o local ser preenchido com os gritos deles dando ordens para acabar com quem tivesse a maleta em posse.

Com o pânico presente só pude me permitir ser arrastada por um Lysandre desesperado, só tendo tempo de jogar a maleta no caminho enquanto corremos para longe dali. Levamos uns bons minutos a correr, só quando tivemos certeza de ter despistado os caras que vi Lysandre parar em frente a um hotel.

— O q...

Lysandre — Vem comigo, depois que tivermos certeza que não nos seguiram, você pode ir... se quiser.

Sem hesitar, entrei no hotel com ele ainda com a respiração acelerada enquanto tento recuperar o ar. Chegando na área da recepção fui puxada direto ao elevador, entrando dentro percebi que ele ou estava hospedado ali ou tinha algum conhecido por lá.

Enquanto esperávamos chegar no andar, olhei pelo espelho só então vendo minha aparência descabelada, quando fui ajeitar o cabelo percebi que ele ainda segurava minha mão. Dividida entre puxar a mão ou avisar ele, usei a mão livre para arrumar meu cabelo.

Com o elevador parando no andar, seguimos para fora caminhando pelo longo corredor, depois de alguns passos chegamos em frente a um quarto, onde ele usou a mão livre para abrir a porta. Quando ele entrou e se virou me esperando entrar, foi que ele gelou por alguns segundos percebendo que ainda me segurava.

— Algum problema?

Lysandre — ...Não, nenhum. Desculpa, por te arrastar até aqui sem pedir sua opinião.

Não posso negar que senti algo como uma tristeza ao vê-lo soltar minha mão, disfarçando entrei no cômodo dando de cara com a sala escura pelas cortinas fechadas. Indo a varanda dou uma olhada no lado de fora, tendo uma bela vista. Passei ali alguns segundos quando ouvi uma voz familiar se fazer presente na sala, junto a Lysandre.

Deixando a varanda, entro na sala e vejo a silhueta de quem já não via há um tempo.

— Olá, Rosalya. Quanto temp...

Sem tempo de terminar meu cumprimento, fui abraçada pela mesma enquanto sentia o tremor vindo do corpo dela.

Rosalya — Malvada, quanto tempo pretendia passar mais sem entrar em contato?! Sei que a besta do Lys-fofo te magoou, mas não precisava me deixar pra trás.

Deixando ela dizer tudo o que queria, passei a mão levemente na parte superior das costas dela, sentindo suas lágrimas molharem meu ombro. Erguendo o olhar pude ver Lysandre desviar o olhar de nós, para qualquer outro lugar da sala.

Após bons minutos enquanto via Rosalya esculachar ele pela primeira vez, quando ela pegou no sono agora sentada ao meu lado no sofá. Vi o irmão de Lysandre, Leigh aparecer e carregando Rosalya para outro cômodo. Me inclinando um pouco para frente, repouso os cotovelos nos joelhos enquanto mantenho o olhar baixo.

— Não imaginava reencontrar uma parte da sua família assim. Mas agora que estamos aqui, gostaria de corrigir se ainda for possível, minha fuga no passado.

Me levantei e fui caminhando pelos corredores junto com Dimy e Casty, quando escutei um barulho vindo do porão era mais uma voz.

Dimitry — Vamos ver o que é?

— Sim.

Chegamos perto e pude escutar melhor.

? — Agora que você sabe o quanto eu gosto de ti, vai... deixa.

Castiel — Acho que conheço esta voz de algum lugar.

Eu já meio "curiosa" olhei pra baixo, vi uma chave no chão, peguei ela e abri a porta vendo a cena de Pamela e Lysandre, os dois estavam se beijando.

Na hora fiquei estática, já o Dimy acabou soltando as chaves no chão fazendo um barulho, enquanto Castiel também ficou surpreso.

— N-Não acre...

Minha voz falhou e em choque sai da porta deixando o porão, sendo acompanhada por Dimitry e Castiel.

— Não dá pra voltar no tempo, mas eu gostaria de saber o que aconteceu no dia do seu beijo com a Pamela.

Lysandre — Oh, certo. Você está no direito de saber, naquele dia eu... aceitei ajudar Pamela a fazer ciúmes em outra pessoa que ela estava a fim. Mas acabou saindo do controle.

Sua resposta me tomou por surpresa arrancando uma risada minha incrédula. Ele... realmente ajudou ela?

— Acho que ouvi mal. Você ajudou a pessoa que desde o início estava dando em cima de você? A mesma pessoa que veio perturbar todo mundo.

Ergo o olhar, vendo ele não me encarar sob a luz da lua que entrava pela varanda aberta.

— Me conte a verdade, e somente ela. O que você está tentando esconder com essa desculpa? Nem a Nina você ajudou assim.

Lysandre — Não há nada mais.

— O quê? Você por acaso foi ameaçado? Por isso, está me ocultando a verdade.

Lysandre — Essa é a verdade. Quer você acredite ou não.

Vejo ele se levantar e antes que ele fugisse como um dia eu fiz, sabendo que não iria correr atrás dele suspirei alto. Minhas palavras seguintes o fazem parar no lugar.

— Lysandre, desde que me fui, tenho me empenhado na minha nova versão. Estive rodeada de pessoas e já aprendi algumas coisas com elas, para não notar seu comportamento. Se não me contar a verdade, irei eu mesma procurar. Então, porquê não abre o jogo?

Vejo o punho dele se fechar.

— Sei que já se passou um tempo, mas estou aqui agora querendo ouvir sua versão. É tarde, eu sei, mas estou aqui. Não quero continuar me sentindo... inútil por não saber o que realmente aconteceu.

Lysandre — ...

No começo da última aula meu celular vibrou, era uma mensagem do Victor me chamando para o porão. Estranho, mas como se ele está do outro lado da sala, com o celular fora de vista? Pedi licença ao professor e fui para o porão ao chegar, fui surpreendido por Pamela.

Ela veio em minha direção enquanto eu desviava.

Pamela — Ah... Lysandre até que enfim a sós!

Lysandre — Eu devia saber que era um jogo seu.

Pamela — Sim, foi um jogo meu que deu certo. Agora fica quieto! Ninguém virá e também estás trancado aqui.

Lysandre — Arg... me dê a chave.

Pamela — Se quiser terá que pegar de mim.

Ela colocou as chaves dentro de sua blusa querendo me provocar.

Pamela — Agora que você sabe o quanto eu gosto de ti, vai... deixa.

Quero ver como vou sair daqui! Quando sai dos meus pensamentos ela havia me beijado.

Empurrei ela com tudo e a mesma caiu no chão, limpei minha boca e no mesmo instante, escutei um barulho de chaves caindo. Olhei pra porta vendo meu Docinho paralisada, ao seu lado estava Dimitry junto com Castiel. Vi as lágrimas brotarem em seus olhos.

Lysandre — Meu amor não é o qu-

Pamela — É sim o que está pensando!

Lysandre e DoceteOnde histórias criam vida. Descubra agora