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A morte. Quando eu era criança, tinha medo dela. Muitas pessoas colocavam coisas na minha cabeça, dizendo que a morte era uma alma, que vinha de capa preta e carregava consigo uma foice. Já cheguei a perder o sono, de tanto medo da tal morte. Ela era meu pior pesadelo.

Eu tinha um tio muito ruim, ele vivia com a cara fechada e não falava com ninguém. Brigava por qualquer motivo, e parecia não gostar de crianças. Um belo dia minha mãe chegou dizendo que ele não estava mais entre nós. Então perguntei " Porque mamãe ? " e ela inocentemente respondeu " A morte veio buscar ".

Aparti daquele dia, comecei a achar que a morte só pegava as pessoas ruins. Mas depois cresci, e fui descobrindo que era tudo mentira, fui enganada toda minha vida. E hoje, hoje mais do que qualquer outro dia, eu queria realmente que isso fosse verdade, que a morte pegasse pessoas ruins. Eu queria que a morte me pegasse, eu não iria correr dela, nem à enganar, como o pica pau.

Estava perdida em meus pensamentos, quando escuto barulho de corrente. Meu corpo estremeceu, já respondendo sozinho ao medo. Fitei o chão, e ali permaneci, até que a porta se abriu.

_ Pensei que teria o azar de tu não acordar mais - DN falou.
_ Quem dera, tudo que eu mais queria, não acordar nunca mais - Disse fria.
_ Vai ter que me aturar muito Marcela - Gargalhou.

_ Vai tomar no seu cu, me  mata, me mata logo - Cuspi na cara dele , que estava agachando perto de mim.
_ Vagabunda - Me deu dois retão na cara. Senti uma tontura novamente, meu corpo amoleceu, e meu rosto doía muito, meu nariz começou a escorrer sangue e ardia.

DN passou uma fita isolante na minha boca, eu tentava relutar, mas estava fraca, muito fraca. Ele pegou um ralador de legumes, eu me contorcia, tentava gritar, mas aquilo era em vão. DN sentia prazer em ver sofrimento.

Ele me segurou pelo cabelo e passou o ralador nos meus dois joelhos, eu me contorcia, o empurrava, mas em nenhum momento pensei em tirar a fita da minha boca, eu já sabia o quão forte iria doer. Fechei os olhos enquanto aquela tortura acontecia.

Doía tanto, que chegou um momento em que eu já nem sentia dor, pois havia acostumado com ela. Abri meus olhos assim que ele parou, e pude perceber que nos meus joelhos estavam aparecendo o nervo. Estavam horríveis, sangravam sem parar.

_ Traz a caixa - DN ordenou.
Eu tentava gritar, mas a única coisa que saia era um longo " huuuuuuuuuuum" .

Um menor entrou com uma caixa de papelão, e colocou na minha frente. A caixa estava lotada de areia. Eu balançava a cabeça negativamente, tentando gritar, e DN gargalhava.
Ele segurou na ponta da finta e eu afastei pra trás.
_ Fica quieta cachorra. - Segurou meu cabelo e puxou a fita com muita força.
_ Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa. - Gritei ao sentir a fita arrancar pele da minha boca.

Era tanta dor, que eu já nem sabia mais onde doía. Morte, se você existe, se você realmente existe, venha me pegar, acho que este é o momento certo.

_ Ajoelha aí Marcela - DN apontou pra caixa.
_ Não, isso não. - Já comecei a chorar balançando a cabeça freneticamente.
_ Agora - Me deu uma coronhada na cabeça e minhas vistas ficaram turvas.

_ Acorda Cachorra, acorda - Me sacudiu e aos poucos fui voltando realidade.
_ Me mata, porque eu não vou fazer isso. - Falei pausadamente e em um tom baixo.
_ Eu não tô pedindo, eu tô mandando - Gritou e me arrastou pelo cabelo me jogando de cara na areia.

Me debate ao sentir falta de ar. Mas DN pressionava meu rosto com mais força.
_ se tu não ficar de joelhos nessa porra por 3 horas, vai ficar de cara o dia inteiro - Me puxou pelo cabelo.

Limpei a areia do meu rosto, ouvindo os berros de DN.
Fechei os olhos que naquele momento derramavam lágrimas e mais lágrimas, eu balança a cabeça e DN berrava e me sacudia.

Meu psicológico estava totalmente abalado, eu já não aguentava nenhuma pressão.
Olhei pra caixa, e entre soluços me ajoelhei nela.
_ EU TE ODEIOOOOOOOOOO - Gritei ao sentir a dor do meu joelho ferido entrando em contato com a areia.

_ Boa menina - Ele aplaudiu.
Eu tremia de raiva, de ódio, meu nariz escorria sangue e as lágrimas não paravam de rolar.
DN foi embora e deixou um contenção lá, pra vigiar, se eu realmente estava com os malditos joelhos na areia.

Alex Narrando:

Sabe quando você confia tanto em uma pessoa, ao ponto de entregar sua vida na mão dela e não perceber o quanto essa pessoa pode te afetar? Porque você se perde tanto, que acaba ficando cego. Aliais, acho mesmo que ninguém fica cego, o problema é que não queremos enxergar o que já está estampado.

Fumei o décimo baseado dessa manhã, e esse foi mais um que não deu nenhum efeito.
_ Alex ,Alex - Ouvi vozes de desespero.
Peguei minha pistola e então 22 abre a porta da salinha com a Ana.

_ Que susto porra - Coloquei a mão no peito.
_ Alex tu precisa ir atrás da Marcela. - Ana falou bufando.
_ Tá doidona é ?
_ Olha isso - Me entregou uma sacola. - Ela tá grávida.

Grávida ? Como assim ? Abri a sacola em dois tempos, e lá tinham uns testes de gravidez. Balancei a cabeça negativamente, sem querer acreditar. Abri um por um, e todos com as malditas duas listras.
Mordi o maxilar e Cerrei o punho.
Joguei aqueles malditos teste no chão e encostei a cabeça na parede.

_ A gente precisa ajudar ela - Ana sussurrou.
_ Ela não precisa de ajuda e esse filho é daquele cuzão - Gritei.
_ Ananda, Vamo embora - 22 falou.
_ Mas, mas.. - Ela tentou falar.
_ Mas porra nenhuma - Falou e saiu puxando ela.

_ Preciso ficar ligadão - Falei pra mim mesmo, pegando um saquinho de pó.
Meu sangue fervia de ódio. Descarregar uma doze na cabeça dessa vagabunda ainda é pouco.

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Boa madrugada.
Só queria falar que..... Amo amo amo vocês ❤😍 RS

Amor Inimigo 🎶 ( CONCLUIDA )Onde histórias criam vida. Descubra agora