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Marcela Narrando:

Cheguei na pensão ainda de madrugada, pedi um quarto simples e entrei pro mesmo. Pretendo ir embora assim que passar a invasão.
O céu estava iluminado pela luz das estrelas. Peguei meu dexavador e uma bucha de dez, dexavei, coloquei na seda, bolei, acendi e fumei até a ponta. A lombra bateu, meus olhos começaram a se fechar sozinhos. Ajeitei a cama, me deitei na mesma e apaguei.

                
                                   🕐

Sabe quando você tem a sensação de estar dormindo e alguém está  te observando ? Então. Acordei, mas continue com os olhos fechados, girei na cama me espreguiçando.
Ao abrir meus olhos, só tive uma imensa vontade de fecha-los novamente, e isso ser apenas um pesadelo.

Minha respiração parou, meu coração batia fraco, e ele me olhava com raiva, nunca o vi desse jeito, ele respirava ofegante, seu peito subia e descia. Ao lado dele tinha mais dois  homens, armados. O seu punho estava cerrado, e seu nariz extremamente vermelho, ele cheirou muito, muito e vai acabar comigo.

Ele não piscava, apenas me olhava fixo, e seu olhos eram como tiros em minha direção.
_ Tu é uma vagabunda mesmo em - Ele falou baixo, mais diante daquele silêncio, eu escutei perfeitamente.
_ Quem te falou que eu estava aqui ? - Foram as únicas palavras que consegui pronunciar.

_ Marcela, você é uma piada mesmo. Tu acha que eu sou trouxa ? - Deu uma pausa. - Desde que tu foi pro morro do Alex, que eu mandei o Ramon ficar de olho em você. Eu falei com ele que sempre que quisesse te ver, iria avisar ele primeiro, e eu não avisei nada nessa madrugada sua puta, ele te seguiu - dizia em tom de deboche.

Como eu fui burra, mas uma vez muito burra.
_ DN eu prefiro morrer, ao ter que lembrar que um dia estive com você - Fechei os olhos.
_ Cala boca e vem comigo, anda - Falou e me Catou pelos cabelos.

DN saiu me arrastando pra fora do quarto e eu me debatia, não havia ninguém no corredor, mas em compensação a recepção estava lotada. Alguém tentou manisfestar algo, mas os soldados de DN destravaram as armas e aí todos se silenciaram apenas observando o modo como eu era arrastada feito um cachorro de rua.

_ tu vai pagar no inferno - Gritei.
_ Não seja por isso. Tá no inferno ? Abraça o inimigo - Gargalhou.
DN me jogou no carro e entrou do meu lado, os soldados foram na frente.

Ele corria com o carro no asfalto, cortava tudo. Eu soava, não sei se de frio, de calor, ou de medo.
DN conversava com eles, falavam de Alex e eles riam.
_ Tu tem inveja, porque ele é melhor que você em todos aspectos - Cuspi essas palavras na cara dele.
_ Cala a porra da boca - ele bateu com a mão na minha boca e pude sentir o gosto de ferro do sangue, após meus dentes cortarem minha boca.

A minha vontade era de abrir a porta do carro e sair correndo, mas pensando bem... Acho melhor morrer, pra não ter que viver o resto da vida pensando na minha vida amargurada ao lado de DN.

Chegamos no morro dele e o que tava pilotando seguiu pra casinha de tortura.
_ Eu prefiro morrer DN, me mata - Gritei enquanto ele me tirava do carro.
DN me jogou no chão com toda força.
_ Eu já te mandei calar a boca caralho - Disse e me desferiu um chute na cintura. Me encolhi totalmente.

_ Isso é apenas o começo vagabunda. Tu vai morrer sim, mas vai morrer de tanto sofrer, vai morrer de tanta dor. - Falou e assentiu pra um dos meninos.
E lá não estava mais só os três, tinham mais uns 10 soldados. Eu conhecia todos, uns até conversam comigo, mas naquele momento, todos eles me olhavam com pena.

Um deles me arrastou pra dentro da casinha. O cheiro era horrível, moscas estavam pra todos os lados e entrando em um quarto pude descobri o porquê. Havia um corpo ali, que fôra assassinado recentemente.

Eu balançava a cabeça negativamente e me debatia, me recusando a ficar naquele lugar. Mas ele me amarrou numa corda que era amarrada no alto da janela, onde eu não podia  alcançar. De frente pra mim estava aquele corpo, ensanguentado, e as moscas se aproveitavam daquilo.

DN entrou logo em  seguida com uma navalha.
_ DN não me deixa aqui, me mata, me mata logo - Eu dizia entre lágrimas.
_ me dá sua mão aqui. - Disse e puxou minha  mão, fechei a mesma tentando puxar mas ele segurava com força.

_ Para de relutar - Gritou e me deu um tapa na cara, que ardeu e me fez virar pro lado.
DN abriu minha mão a força é foi fazendo cortes nos vãos que tinham entre os dedos.

_ Para DN, paraaaaa - Eu gritava, tentava me debater, mas alguém me segurava forte. Doía muito, e sangrava muito também.
_ Traz a vasilha - ele ordenou e trouxeram uma vasilha com um líquido transparente.

DN segurou o mesmo e mergulhou minha mão.
_ Aaaaaaaaaaaaaaaaa - Eu Gritei, gritei, tentando exprimir toda minha dor. Era álcool aquele líquido e minha mão ardia, naquele momento eu quis morrer ainda mais, até me suicidaria se fosse necessário.

_ Seu castigo começa agora vagabunda, um bom dia ao lado desse corpo - Falou e saíram rindo, me deixando ali sozinha.
Minha mão sangrava sem parar e queimava muito. O cheiro de esgoto, misturado com carniça podre me dava náuseas, meu estômago embrulhava, e eu só queria vomitar.

_ Desculpa filho, eu prometo que vou tentar te proteger. - Disse em um sussurro.

Amor Inimigo 🎶 ( CONCLUIDA )Onde histórias criam vida. Descubra agora