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Marcela Narrando:

Já não sei há quantos dias estou aqui. Não aguento mais sofrer. DN já me tortura de todas maneiras possíveis.
Ontem eu estava morrendo de sede. Implorei pelo amor de Deus, pra que ele me desse água e ele trouxe, um copo. Era como se fosse um paraíso, olhar aquele copo, fui com sede ao pote, literalmente, e quando coloquei aquele líquido na minha boca, era loló. Queimou tanto, que pensei que ficaria sem  língua. Ele ria sentindo prazer com isso. Essa noite a minha barriga estava estranha, e tive medo de perder meu filho, pelo líquido do loló que ingeri. Não aguento mais apanhar, meu corpo está todo ferido, saindo sangue o tempo todo. Estou sem banho, e o cheiro das feridas estão horríveis.

Estou fraca, muito fraca e se estou aguentando todo esse tempo, é pela criança, porque se fosse pra mim, eu já teria entregado os pontos.

Ouvi conversa lá fora, e já nem sinto medo mais, o sofrimento e a dor se tornaram costumes. Mas não pude deixar de reparar que eram muitas pessoas conversando, o zum zum era alto.

Então a porta se abriu, e hoje tenho toda certeza de que irei morrer. Meu corpo se amoleceu todo, e minha respiração estava fraca, meu coração apertou, eu me encolhi, apenas esperando o quê iria acontecer.

Estava DN e todos os meninos que trabalham pra ele, a mulher dele, as amigas delas e as mulheres dos meninos. Meu corpo já contraia sozinho, sem que eu me movesse.

_ Tirem a roupa dela - DN ordenou friamente e a mulher dele ria, como se alguém tivesse contando uma piada.
Eu não tinha força pra gritar, ou me debater.

Tentei me afastar, mas era em vão.
DN pegou uma toalha grande de banho e eu já imaginei o que seria. Apenas balançava a cabeça negativamente, e as lágrimas começaram a rolar.

Ele molhou a toalha por  inteira, enrolou um pouco em sua mão e se aproximou de mim. Ali se iniciou mais uma sessão de tortura. DN me batia, com aquela toalha, e eu não sei se sentia mais dores nos machucados, ou na toalha molhada que batia com força em mim. Eu apenas me contorcia de dor, e todos olhavam atentamente o meu sofrimento.

Alex Narrando:

Tava na boca fumando um baseado com os cara. De bobeira.
_ Ramon e Dodo nem brotaram aqui hoje em - 22 falou.
_ Dodo foi levar a dona pra dar uma rolê. - Dei uma pausa, tragando o baseado. - Ramon deve tá em casa.

Fumei até a ponta e liguei um racionais e fiquei trocando ideia com os cara.
Meu celular começou a tocar confidencial.

_ Nem vou atender essa porra - Desliguei a chamada.
_ Atende Lekim - 22 falou.
_ Com certeza é gracinha daquele cuzão. - Bati a mão na mesa.
_ Me da aqui, eu atendo - 22 falou pegando o celular que tava tocando de novo.

Ele atendeu e colocou no viva voz.
Início da ligação:
_ Alex - ouvi aquela voz que alimentava meu ódio. E no fundo ouvia uns gemidos baixos, gemidos estranhos, gemidos de dor.
_ Vai tomar no seu cu filhão. Brota, pra nós trocar - Falei.
_ Alex, Alex, me ajuda por favor. - Ouvi a voz de Marcela, seguida de uns gemidos, 22 me olhou assustado.
_ Tá ouvindo Alex ? - DN Riu.
_ Alex me ajuda.. Eu tô.. Tô grávida, de um filho seu - Ela dizia entre gemidos, e meu coração acelerou.
_ VOCÊ O QUE VAGABUNDA ? - DN gritou e a ligação caiu.
Fim da ligação.

Levantei correndo, peguei a chave da moto e acelerei pro morro do Nem. Ouvi um barulho de hornet logo atrás,  olhei o visor e era 22.
Chamei de uma roda e fui acelerando a trilha a mil.

Amor Inimigo 🎶 ( CONCLUIDA )Onde histórias criam vida. Descubra agora