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Penúltimo Capítulo.(leia com a música)
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Marcela Narrando:

Bom, chegou o grande dia. Tão esperado durante toda semana, mas hoje, justo hoje, me sinto desanimada. O tempo está pouco bonito. Na verdade ele está horrível, chove muito, muito, muito. Isso me deixa com medo, morro de medo de viajar com chuva. Rezei um terço e me senti pronta pra enfrentar, esse dia que tem tudo para ser perfeito, mas que algo em minha mente o puxa pra trás.

Fui pro banheiro, me despi, coloquei creme dental na escova e entrei no box. A água né acalmava, tirava um pouco da tensão que a chuva trouxe.
Tomei um banho demorado, lavei meu cabelo, escovei os dentes e sai enrolada na toalha.
Passei hidratante, coloquei uma lingerie confortável, vesti uma calça flare preta de bandagem, um cropped preto e branco bem justo, e um blazer branco. Calcei um salto preto grosso, coloquei  brinco e relógio, Bati o secador no cabelo, pranchei, me perfumei e fui comer algumas coisa.

Coloquei a última mala dentro do carro, e a cada hora a chuva apertava mais. Dei uma última olhada na casa, que me fez bem por um bom tempo. Uma casa que sempre desejei conquistar, algo meu, comprado com dinheiro digno do meu trabalho, mas que logo ganhará um novo morador.
Deixei a chave onde havia combinado com meu amigo que a venderia pra mim e entrei no táxi.
Pedi que ele seguisse pro aeroporto. Apoiei minha cabeça no vidro, e olhava a rua sendo molhada pela água da chuva, enquanto em minha mente eu já não fazia mais ideia do que pensar. E uma imensa vontade de voltar atrás, mas eu escolhi estar aqui, eu quis, eu tive certeza. Só estou insegura, mas assim que eu entrar no avião, tudo isso irá passar.

Não demorou muito e já estávamos no aeroporto. Paguei a corrida e me adentrei com as bagagens. Não estava lotado, mas também não estava vazio. Minha barriga estava gelada demais, eu só queria fechar o olhos e dormi por uns três dias seguidos, pra que esse nervosismo tenha um fim. A chuva não sessava, ela estava acompanhando o meu consciente, uma verdadeira tempestade.
Me sentei em uma cadeira, ainda na sala de espera. Era um pouco cedo. Encostei minhas malas bem pertinho de mim, e fiquei ali fitando o chão.

O que será de mim agora ? Como será minha nova vida ? Será que vou me adaptar? Essas perguntas me assombravam, e a cada minuto eu me sentia ainda mais nervosa, por essa  escolha. Minhas mãos tremiam, fechei os olhos e então pude sentir alguém sentando do meu lado...

Alex Narrando:

A noite passou, e como esperado, eu não dormi. Minha mente estava a mil, meu coração acelerado, e a chuva caia lá fora. Eu sentia que precisava fazer algo, mas oque? É besteira, besteira colocar minha liberdade em jogo por alguém que me fez mal, por alguém que dormiu ao meu lado e desejou a minha morte. A Marcela não merece tanto, não mesmo. E agora que ela resolveu dar rumo a sua vida, eu posso ser apenas um peso. Onde já se viu, bandido com advogada?

Tomei um banho demorado, e meu coração se apertava mais a cada minuto. Se eu mandasse uma fileira pro nariz, eu não pensaria duas vezes, iria atrás dela. Mas eu tô de cara limpa e não tenho a moral. Uma que não temos nada, outra que eu não sinto nada por ela, nem ela por mim. Já foi, já passou, vida que segue.
Escovei os dentes e sai do banho, vesti uma cueca box branca, uma calça de moletom preta, vesti uma blusa do Barcelona, uma blusa de moletom cinza e preto, calcei um tênis da mizuno cinza, espetei o cabelo, lancei um perfume, um cordão de ouro, fininho, peguei minha pistola, a chave do astra e colei na boca.

_ Fala nego doido. - Assenti pra Dodo
_ Eai meu bom - Falou dando uma bola no baseado.
_ E essa chuva? Corta até a onda - Falei fitando o tempo.
_ Aí Alex, tu consegue disfarça pra geral, mas comigo não. - Me olhou e riu.
_ AM qual foi? Viajando logo cedo mano - Balancei a cabeça negativamente.
_ Eu não, mas a Marcela jaja vai - Olhou no relógio.
_ Tá forjano é? já vem você com esse papo de Marcela também. - Cocei a nuca fingindo não me importa.
_ Tu tá tirando Alex. Tá deixando a mina ir embora assim, numa boa - Retrucou.
_ Ue,vou fazer oque nego ? - Dei de ombros.
_ Vai lá, lança os papo nela pô - Me deu o baseado.
_ Jamais, vou arriscar por causa de buceta não meu caro - Falei dando uma bola.
_ Tá dando mole nego - Deu de ombros.

Mandei pra mente e fiquei trocando ideia com Dodo, sobre umas paradas que estavam pra chegar.
As horas estavam passando rápido demais, minhas mãos estavam tremendo igual vara verde. Dodo toda hora jogava uma indireta. Minha mente estava a milhão. Ir ou não ?
Quando dei por mim, já estava dentro do carro, chegando no aeroporto. Eu já não conseguia pensar mais em nada. A chuva não parava de cair, e nesse momento, meu medo maior era de não encontrar a Marcela.

Cheguei em frente o aeroporto, estacionei e de longe vi o Edgar. Um policial que eu já conheço faz tempo. Sai correndo na chuva e fui até ele.
Que me olhou assustado.
_ Alex ?
_ Edgar, to precisando de uma ajuda - Falei alto por conta da chuva.
_ Fala rápido, não podem me ver com você - Olhou pros lados.
_ Eu preciso entrar lá, mas é sujeira - Tirei a carteira do bolso.
_ Não  demora Alex, meu emprego ta em jogo, você tem quinze minutos - Olhou o relógio.
_ Valeu ai. - Entreguei um bolo pra ele.
_ Essa mulher deve ser sensacional - Balançou a cabeça negativamente e riu.
_ Ela é - assenti e sai dali correndo.

O aeroporto não estava cheio, nem vazio. Andei olhando por todos os lados. Minhas roupas estavam encharcadas. Fui área de espera e mesmo de costas eu a vi. Meu coração acelerou ainda mais, era algo surreal. Fui me aproximando lentamente, e sem que ela percebesse, sentei ao sei lado. Seu perfume doce inalou em meu nariz, ela mexia nas unhas grandes e pintadas de preto.

Foi aí que ela percebeu minha presença, mas creio eu que se recusou olha para cima, pois continuou ali.
_ Olha, eu só tenho - Olhei no relógio. - Dez minutos, pra te convencer a ficar comigo pra sempre.
Ela fitou o chão por mais um tempo, e enfim me olhou.

_ Você é louco Alex. - Balançou a cabeça negativamente.
_ Desiste de tudo, da viagem, da vida nova, esquece tudo isso. - Coloquei minha mão sobre a dela.
_ É o meu futuro, você não tem nada pra me oferecer. - Ela suspirou.
_ Eu Sempre te ofereci muito Marcela, você quem não quis receber.  - Falei olhando nos olhos dela.
_ Eu não posso trocar o certo pelo duvidoso. - Ela parecia indecisa.
_ Você pode sim sair da zona de conforto. Eu fiz isso, olha onde estou. - Abri os braços.
_ Não da pra abandonar tudo assim. É a minha carreira.  - Olhou o chão.
_ Tudo bem, eu também já não tenho mais tempo. - Levantei e ela me olhou.
_ Fica bem. - Deu um sorrisinho forçado.
_ Boa viagem, vai com Deus. - Dito isso dei as costas e sai dali apressado.

Era como se alguém tivesse cravado uma faca no meu peito, eu sentia um nó na garganta, e meus olhos minarem. Passei pelo Edgar, assenti pra ele e fui correndo naquele temporal até o carro.
Liguei o mesmo e abaixei a cabeça, encostando no volante.
Apertei o maxilar reprimindo a raiva e foi então que ouvi um " TOC TOC " no vidro do carro.

Levantei a cabeça rapidamente e lá estava ela, com suas malas, e completamente molhada. Automaticamente um Sorriu surgiu em meu rosto, sai apressado do carro e então Marcela pulou em meus braços.
_ Eu aceito sair da zona de conforto, se a zona de perigo for ao seu lado.  - Depois disso, unimos nossos lábios, esses mesmos que estavam com desejo louco de se encontrarem novamente. A chuva caia sobre nós, mas isso não era nenhum problema.

Amor Inimigo 🎶 ( CONCLUIDA )Onde histórias criam vida. Descubra agora