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Ananda Narrando:

Naquele dia, eu botei os joelhos no chão, e clamei por esse Deus todo poderoso, pra que encontrassem a Marcela com vida e ainda com o bebê na barriga.
E pela primeira vez na vida desejei mal a alguém. Eu queria que o DN queimasse no fogo do inferno, e mesmo sabendo que tudo que desejamos pros outros, volta pra gente. Nesse momento eu só queria isso. É aquilo né, no momento de raiva e tristeza, a gente só quer vingança.

Depois de tanto pedir, eis que chegam com a Marcela, em um estado lamentável, desacordada, completamente suja de sangue. O Alex estava desesperado e mal conseguia pensar.
Entrei em um carro com Marcela e um dos menor lá do morro, já que era arriscado pros meninos ficar dando rolê na pista.
Chegamos no hospital e vendo a gravidade da situação,  atenderam a Marcela numa velocidade luz.

Flash back:

_ Dr. Ela tá viva? E o bebê? Pelo amor de Deus, salva os dois. - Eu implorava desesperada.
_ Vamos fazer o possível e impossível - Ele Assentiu.
_ Ela ta viva? Me responde, me responde - Eu perguntava impaciente.
_ Olha, tome uma água com açúcar e procure se acalmar - Ele respondeu.
_ Eu não quero, vou entrar junto com ela - peguei minha bolsa.
_ Sinto muito mas a senhora não pode entrar aqui. - Colocou a mão na minha frente.
_ Como não? - Arqueei a sobrancelha.
_ Aqui só pacientes. Peço que aguarde - Falou e saiu.

Aquela espera me matava, a angústia sem ter a mínima noção do que estava acontecendo. Alex e 22 não paravam de me ligar. As horas passavam e nem sinal de médico. A cada vez que eu perguntava na recepção, era uma frustração diferente.

                                🕐
Já era tarde, pra ser exata, madrugada. Meus olhos pesavam de sono, eu dava cada cochilada, que parecia que eu ia cair da cadeira.
_ Família de Marcela Alcântara - Ouvi uma voz falar no fim do corredor.
_ Aqui - Falei num Sussurro.
_ tenho péssimas notícias - Sua voz era lamentadora.
_ aí meu Deus - Coloquei a mão no peito.
_ A Marcela está desacordada, mas ainda não podemos identificar um coma. - Deu uma pausa olhando o prontuário. - Ela sofreu fortes pancadas e isso pode causar danos graves.
_Ela vai ficar doida ? - Passei a mão na cabeça.
_ Pode, pode chegar a manifestar um tumor, problemas mentais, mas também pode sair sem nenhuma sequela, isso vai depender de Deus - Ele Assentiu.
_ Posso ficar de acompanhante com ela ? - Suspirei.
_ Claro, só pegue um crachá e diga o nome da paciente - Falou. - Por enquanto é isso.
_ E a criança ? - O olhei fixa.
_ Infelizmente não resistiu - Fitou o chão.
_ Não acredito - Levei as mãos na boca.
_ Eu sinto muito. - Falou e saiu dali.

Meu Deus, porque tudo isso ? Eu sei que ela errou, mas por favor, tenha compaixão. Não a faça sofrer mais.
Fui ate a atendente, peguei um  crachá, ela me direcionou ao quarto e eu fui.

Em passos lentos, com medo do que iria encontrar. Com medo do que iria ver. Não queria chegar nunca no quarto, mas ao mesmo tempo, queria chegar e poder conforta-la mesmo que ela esteja inconsciente.

Cheguei em frente o quarto e fui abrindo a porta lentamente. E lá estava ela, deitada naquela cama, cheia de aparelhos, pálida, e toda cheia de curativos, seus labios estavam horríveis, cortados, inchados, seus olhos roxos, se ela abrisse os mesmos, tenho certeza que não aparecia nada, de tão inchados.
Me aproximei e coloquei as mãos nas dela, que estavam geladas, parecia até que estava morta.
Me sentei ao seu lado e fiquei observando atentamente sua respiração fraca, quase imperceptível.
Fim do flash back.

Já se passaram algumas semanas e estou aqui como no primeiro dia em que estive. Mas algumas coisas mudaram. As feridas já melhoraram bastante. Os roxos dos olhos já não existem mais, o labios já estão normal. Mas Marcela, está em coma. Não sabemos quando ela volta. Pode demorar meses, anos e até a Morte, mas tenho esperança de que vai dar Tudo certo.

Alex nunca veio aqui, disse que sua parte já fez, por conta da criança, mas que já que ela perdeu, ele não tem mais nada com ela. Eu não  retruquei, estou num estado crítico, vivo no hospital, e meu psicológico está abalado com tudo isso.

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Mozonas, estou sem internet. Tô matando aula pra escrever esse capítulo, no wifi da escola. Então tenham um pouquinho de paciência. Sei que vocês são dez ❤👏😍

Amor Inimigo 🎶 ( CONCLUIDA )Onde histórias criam vida. Descubra agora