Anjo Perdido

O início?

- Meu anjo eu te amo tanto! – Falei a ela que sorriu. Ela me respondeu com um beijo e levantamos da minha cama, ajeitando nossas roupas que haviam ficado abarrotadas.  Descemos a rua da minha casa enquanto ela contava uma história do livro que estava lendo, e eu sorria pelo seu entusiasmo.

- E aí ela viu ele no aeroporto e foi tão romântico! Eles se beijaram e finalmente ficaram juntos, tudo tão lindo! Uma maravilha que só, mas sofri muito por causa desse livro. – Ela disse suspirando de forma dramática e eu ri. Eu definitivamente daria mais livros pra ela ler só pra poder ouvir ela contar empolgadas. Passei o braço pela sua cintura a trazendo para mais perto, e ela fez o mesmo, se aconchegando em mim de forma que fosse possível que a gente continuasse andando. Ela usava camisa xadrez minha que havia emprestado por ter esfriado, e chegava a ser um vestido em seu corpo pequeno. Mesmo assim ela exalava o doce perfume que eu simplesmente amava.

Estávamos tão felizes! Fazia um ano que nos conhecíamos e que tínhamos embarcado naquele romance escondido, já que o pai dela não me aceitava. O pai a proibiu de me ver, mas mesmo assim ela não havia desistido e eu faria qualquer coisa por ela! Tão serena... ela conseguia ser meu ponto de paz em meio a uma tempestade. Eu estava beijando o topo de sua cabeça, quando virávamos a esquina da casa dela. No portão em frente, estava os pais e os irmãos conversando com um conhecido nosso. Assim que vimos eles, nos separamos.

- Ah, aí estão eles. – O pai dela gritou e já chegou perto pegando o braço dela com agressividade e a puxando, o que fez ela soltar um grito de pavor. 

- O que é isso? Larga ela. – Falei alto tentando puxar ela de volta e soltar a mão de seu pai que a machucava. O irmão dela me segurou pelos braços, me imobilizando e eu me desesperei ao ver as lágrimas caindo dos seus olhos enquanto ela pedia que o pai se acalmasse. 

- Aonde você estava Lorenna? Aonde você estava? – O pai dela gritava com ela enquanto a segurava com força e a chacoalhava pelos ombros. Ela começou a chorar compulsivamente e não conseguiu responder nada, somente sacudindo a cabeça em negativa.

- Ela estava na minha casa, mas não fizemos nada. Eu juro! – Falei alto tentando me soltar. Tudo que eu queria era pegar ela e a levar embora. - Pelo amor de Deus Gabriel, ela é sua irmãzinha, olha o que ele ta fazendo com ela. - Olhei para o irmão dela que me segurava e implorei, ele estava pálido e claramente não concordava com aquilo, mas o irmão tinha tanto medo quanto Lorenna tinha do pai. 

- Cala a boca seu imbecil. – Disse apontando o dedo pra mim. Ele a soltou com agressividade, o que a fr-ez se desequilibrar e cair no chão. Senti mais raiva e comecei a ficar desesperado. Sua mãe e seu outro irmão tentavam acalmar seu pai, mas nada adiantava. – Se vocês acharam que uma hora ou outra nós não íamos descobrir, estavam muito enganados! – Ele gritava e os vizinhos começaram a sair de suas casas. O homem que estava quando chegamos, tentava dizer que ele poderia estar enganado e que não precisava daquilo. Mas, o pai dela simplesmente não ouvia.

- Por que você fez isso Lorenna? – A mãe dela perguntou a ela com a voz embargada enquanto segurava o rosto da filha. 

- Nós não fizemos nada mãe, eu juro! – Ela conseguiu responder em meio aos soluços. Não conseguia ver Lorenna chorando, não conseguia ver meu anjo sofrendo. Isso não podia estar acontecendo!

- Não fizeram nada? Você quer que a gente acredite nisso? Você indo todos os dias para a casa desse vagabundo? Ele não faz nada da vida Lorenna! Ele só quer te comer. – O pai dela gritava. Tentei me soltar mais uma vez, mas o irmão me prendeu de um jeito que um movimento sequer me dava a sensação de meu braço estar sendo deslocado. – Você é só mais uma pra esse aí! Você virou uma vagabunda. – Ela chorou mais e passou as mãos no cabelo. Senti lágrimas escorrerem pelo o meu rosto.