Anjo Perdido

Tentando - parte 2

Benjamim:

  Saímos de casa e logo avistamos a Lorenna encostada no portão de uma das casa comendo um pastel e conversando com algumas mulheres, que reconheci ser da igreja do bairro. Fomos em direção a ela que nos olhou e falou de boca cheia:

- Vocês demoraram demais, eu tava com fome e conheci essas mulheres incríveis que fizeram esse pastel e as outras comidas incríveis. – Apontou para as três mulheres a sua frente que nos cumprimentaram e saíram. 

- Nossa a fila da ficha ta enorme! – Rodrigo falou observando a fila.

- Eu tenho. Comprei cem reais em ficha. – Olhamos assustados para ela que bebeu seu refrigerante despreocupadamente. – O que? As coisas estão caras e eu to com fome. É meu segundo pastel já. – Ela respondeu de boca cheia, colocando a mão do bolso e tirando muitas fichas, ela nos entregou e fez sinal para que fossemos comprar coisas.

- Ei Rodrigo se acalme. – Disse a Rodrigo com tom brincalhão, já que ele comia seu segundo pedaço de bolo já.

- Deixa eu ser feliz Ben. – Ele respondeu mordendo o bolo.

- É deixa ele ser feliz Ben. – Lorenna disse enfatizando meu apelido. A olhei estranhando, já que ela nunca havia me chamado pelo o meu apelido.

- Tem maça do amor ali Lô, vamos comprar? – Rodrigo perguntou animado e percebi que seus olhos brilharam. Ele a puxou e eles foram quase saltitando como se fossem duas crianças.

- Parece que ela está começando a se soltar. – Diana comentou comendo de sua batata.

- É, mas ainda está um pouco relutante em relação a várias coisas que são importantes no dia a dia...

- Dê tempo a ela Benjamim, a vida que ela tinha foi mudada completamente quando chegamos. Nós somos intrusos na vida dela... ao mesmo tempo que ela sente que podemos a ajudar, ela sente que nós somos intrometidos, por que somos! - Refleti sobre e percebi que não tinha pensado por esse lado. - Ela já está limpa por 24 horas, já é um grande avanço. – Diana disse certa e eu apenas assenti a olhando voltar já com a maça na boca.

- Como isso daqui é bom. – Ela disse e mordeu mais a maça sendo acompanhada com Rodrigo que também tinha uma.

- Você continua uma formiga. – Comentei rindo e ela deu de ombros lambendo os lábios. 

- Então Lô.... Benjamim comentou que você tem algumas tatuagens. Doeu para fazer? Eu estou pensando em fazer alguma coisa. – Diana perguntou empolgada. Lorenna a olhou encostando no muro, com aquele olhar que parecia te analisar inteiro. Diana olhou para baixo parecendo sem graça e esperou sua resposta.

- Bom, depende o quanto você suporta a dor. – Ela começou voltando seu olhar para a maça. – Se sente incomodada com um beliscão? – Ela perguntou, Diana negou. – Já se furou com uma agulha? – Diana confirmou com a cabeça. – Doeu?

- Mais ou menos. Me senti incomodada depois. – Lorenna riu um pouco.

- Depende do lugar que for fazer, o tamanho, o desenho, o tempo.... Tem tudo isso. Mas, pega a "dor" e o incomodo de ser furada por uma agulha.... – Deu a última mordida na maça, jogou o palito no lixo e limpou as mãos. – E multiplica por mil. – Finalizou e saiu indo para mais uma barraca. Diana ficou parada pensando um tempo e depois me olhou.

- Eu não sei se eu gosto dela ou a odeio. – Rodrigo riu e eu também. – Mas, eu acho melhor gostar dela já que ela sabe usar uma ARMA. – Diana disse um pouco alto meio histérica. Eu dei de ombros sem saber o que dizer e apenas fiquei a olhando. Ela pegou uma garrafa de refrigerante da mão da moça e sorriu. Ela ainda tinha um sorriso lindo.