Tentando - parte 1

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- Estão dispensados. – Pego minha mochila e sou o primeiro a sair da sala, correndo para o carro e dirigindo até a República. Chego rapidamente e nem me preocupo em pegar outras coisas que não seja a minha mochila e entro em casa apressado, subindo de dois em dois degraus. Vejo Rodrigo e Diana sentados na mesinha do meu quarto, e entro no quarto, encontrando uma Lorenna entretida no videogame e comendo pipoca. Ela estava com os cabelos amarrados, e havia deixado as botas de lado. Ela fazia caras e bocas mexendo no controle freneticamente. Ela me olhou rapidamente e me deu um oi.

- Oi. – Respondo, mas ela não me olha de novo, vociferando palavrões por causa do jogo. – A quanto tempo ela está jogando? – Pergunto a Rodrigo e Diana e eles me olham rapidamente voltando para seus livros. 

- Acho que mais ou menos umas quatro horas. – Rodrigo responde olhando para o relógio em seu pulso. 

- O que? Quatro horas seguidas não é saudável! 

- Precisávamos deixar ela distraída, ela já está sentindo falta das substâncias e precisávamos estudar. Eu não sei você, mas eu ainda tenho prova amanhã. - Diana responde se defendendo e eu passo a mão no rosto. 

- Vocês serão péssimos pais! - Eles me olham indignados. 

- Ela não é uma criança e a situação é diferente. - Rodrigo também se defende e eu reviro os olhos. 

- Ta, ta... melhor jogando videogame do que se drogando. - Respondo convencido e me sento na cama. 

- Eu ouvi Benjamim. – Ela disse olhando para a televisão ainda. Nós rimos e Rodrigo aproveita a situação para pegar suas coisas e ir para sua aula, Diana aproveita para pegar carona com ele e se despede de nós com os olhos vidrados no livro ainda. Quando eles saem, fico novamente sozinho com Lorenna. 

- A Diana estuda o que? – Ela perguntou pausando o jogo e se levantando, se alongando. 

- Med... Ela ta pra se formar. - Lorenna me encara com dúvidas e eu rio. - Pode perguntar. 

- Quantos anos ela tem? – Tiro o tênis e me ajeito melhor na cama, sentindo o cansaço de um dos últimos trabalhos apresentados na aula. 

- Ela vai fazer 25 anos. – Ela ergue uma sobrancelha. – Ela faz aniversário em dezembro e entrou na faculdade com 17.

- Ela já conseguiu entrar na faculdade de medicina assim logo de cara?

- Os pais dela tem dinheiro, sempre bancaram as melhores escolas e cursinhos. Nos conhecemos no intercâmbio, e foi difícil acreditar que ela era tão gente boa... Diana sempre foi sensata e realista mesmo com o privilégio do dinheiro. Ela sempre valorizou muito os estudos, e logo entrou em medicina nas primeiras tentativas. 

- Uau! To impressionada! - Lorenna admiti e coloca um chiclete na boca, pegando uma bolinha minha e começando a jogar na parece. - Você foi pra Nova York? - Assinto positivo sorrindo. 

- Você lembra!

- Lembro de muitas coisas Benjamim, mais do que você imagina. – Ela responde olhando nos meus olhos, mas logo voltando a jogar a bolinha com um sorriso de canto. Lembro dos beijos que dávamos que as vezes se transformavam em carícias mais quentes, e lembro da sensação do corpo dela no meu. Mesmo tendo sido a anos atrás, meu corpo parece lembrar de cada arrepio que ela conseguia me provocar; um calor sobe por mim e eu pigarreio. 

- Bom, acho que agora é um ótimo horário para irmos no shopping. - Digo me levantando e ela ri fracamente ainda jogando a bolinha. - Você ta ansiosa... Precisa dispersar essa energia. 

- Claro bebê! - Ela responde provocando e eu reviro os olhos, o que a faz rir e sentar colocando as botas. Coloco novamente o tênis e pego minha carteira, guardando no bolso e pegando as chaves do carro, esperando ela na porta com sua jaqueta na mão. Lorenna coloca a touca e luvas, e pega uma bolsa pequena, vindo em minha direção. - Obrigada! - Responde quando a ajudo a colocar a jaqueta e quando ela arruma seu cabelo, vejo a frase em seu pescoço. 

Anjo PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora