A recaída.

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Ela sussurrou o nome dele. Ele a olhou, o olhar transmitindo muita mágoa e decepção. 

– Oi Lorenna. - Ele respondeu. Ela se levantou ficando de frente pra ele como fez com Zac, mas não cruzou os braços.

– Achei que você não vinha. - Ela disse baixo.

– E não vinha. - Thomas respondeu grosso. - Mas Benjamim me convenceu, agradeça a ele... ou não. - Ela me olhou, apenas abaixei minha cabeça.

– Achei que não quisesse mais me ver, você deixou isso bem claro da última vez que esteve aqui. - Dessa vez ela disse com frieza e aumentando a voz.

– Aquela última vez que completava um mês que meu afilhado tinha morrido e você simplesmente me falou um monte de merda e me bateu? - Ele perguntou grosso mais uma vez. Não sabia dessa história, não sabia nada disso.

– Te bati por que você me falou um monte de merda. - Ela respondeu brava aumentando um pouco a voz.

– É Lorenna, eu disse. Sabe por que? Por que foi quando você começou a se drogar. Eu disse um monte de merda por que eu me preocupava com você. Me preocupo, por que senão, eu não estaria aqui de novo, passando por essa merda de novo, e me permitindo ser destruído por você DE NOVO. Você me bateu por que sabe que era verdade. Você sabia que o que eu estava dizendo sobre você virar uma viciada problemática era verdade. Por isso você me bateu. - Ele gritou, cuspindo as palavras na cara dela.

– Pera aí Thomas não vamos brigar. - Richard disse se levantando e chegando perto dele. Me levantei também.

– Fica longe de mim Richard. A Lorenna merece ouvir. Ela merece ouvir o que todos estão pensando aqui. - E olhou para cada um de nós. Ela estava parada sem expressão. – Você foi egoísta! Você foi fraca!

– Você não sabe a dor que eu passei. - Ela gritou de volta.

– Eu sei sim! E você é mais egoísta ainda por achar que eu não sei. Todos aqui sabem. - Ele gritou de volta apontando o dedo pra ela. - A sua mãe perdeu um neto, da sua única filha. Eu perdi o meu afilhado, eu passei todos os meses ao seu lado cuidando de você e dele, eu me senti pai dele Lorenna... Por mais que ele fosse meu afilhado eu considerava ele um filho. - Thomas começou a chorar, mas não parava de gritar. - Amanda, Aline, Isabela... todas iam ser tias do seu filho e você acha que elas não sofreram? Depois de todos os meses comprando as coisas pra vocês? Planejando com nós?! - Lorenna olhou para as meninas que abaixaram a cabeça e começaram a chorar. - Richard? Lucas? Todos choraram, todos lamentaram. Zac? Ele estava apaixonado por você e tinha se oferecido para ser pai do seu filho. Ele te amava e amava o seu filho, e ele ia ficar cada segundo que pudesse ao seu lado Lorenna. - Ele continuou gritando. Algumas lágrimas rolaram pela a bochecha dela. Não sabia que Zac já havia amado Lorenna ou ainda amava. Mas, naquele momento aquela informação não era importante. - Você foi egoísta! Seus pais, seus irmãos, seus sobrinhos, todos perderam um bebê que amavam. E todos se uniram para poder continuar. Você.... Você se afastou Lorenna. Você foi egoísta. Não perdemos só o seu filho, perdemos você também. Nós sentimos uma dor enorme Lorenna, passamos meses e meses tentando superar. Você machucou todos nós, com palavras e ações, se afastando. Não, nós não sabemos a dor que é perder um filho gerado por nós, mas nós sabemos a dor de perder duas pessoas que amamos profundamente. Nós íamos cuidar de você... - Ele continuou chorando, mas começando a falar mais baixo. - Você nem no velório dele foi. - Lorenna já chorava compulsivamente e passou as mãos nos cabelos. - Todos nós o amava, mas ele se foi Lorenna. E tenho certeza que ele nos amava, mas você não tinha o direito de se afastar. Não tinha! - Ele terminou e ficou chorando encostado na parede. Quando fui perceber todos estavam chorando. Não conseguia ver aquela cena tão triste e pesada. Leyla estava desolada em um canto da cozinha. As meninas se sentaram no sofá e tentavam se recompor.

Anjo PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora