O retorno para casa

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– Ansiosa pra ir pra casa Lô? - Rodrigo perguntou a ela do banco de trás.

– Sim. Eu não acredito que vou admitir isso, mas estou com saudades de casa. Por mais que a semana tenha sido ótima. - Ela respondeu sorrindo.

– Lô quando chegarmos lá você vai ter uma surpresa. - Falei e ela me olhou intressada.

– Que surpresa? - Ela perguntou curiosa.

– Não vai ser surpresa se eu te contar. - Ela revirou os olhos. Enquanto eu dirigia, ela tentava a todo custo tirar alguma informação de mim. Mas é claro que eu não disse nada. Algumas horas depois, eu parei em frente a casa dela. Era quase meio dia, e sua mãe nos esperava no portão.

– Minha filha você engordou! Está mais bonita. - Leyla disse assim que viu a filha, ela sorriu e abraçou a mãe. Leyla cumprimentou a todos nós e entramos.

– Lô esqueci uma bolsinha lá no carro, pode pegar pra mim por favor? - Diana pediu a ela, como forma de a distrair. Ela assentiu e saiu.

– Cadê eles? - Perguntei e Leyla foi até a escada animada os chamando. As meninas me cumprimentaram animadas e só naquele momento percebi que sentia falta delas, os meninos também nos cumprimentaram rapidamente.

– Diana ou você é louca ou eu sou cega, por que eu não vi na....- Ela parou a frase na metade quando os viu. Eles sorriram.

– Surpresa. - Eles disseram juntos. Lorena estava imóvel no lugar, parecendo não acreditar no que estava vendo.

– Aline, Isabela, Richard, Lucas...? - Disse os nomes deles tentando acreditar. - O que vocês estão fazendo aqui? - Ela perguntou confusa.

– Viemos passar uns dias e te ajudar. - Aline respondeu animada.

– Sentimos sua falta Lô. - Richard disse. - Minhas obras não são nada sem seus desenhos.

– Preciso das suas dicas sobre um carinha aí. - Isabela comentou fazendo graça.

– Vim ver como a menina mais linda desse mundo está. - Lucas disse se aproximando dela. - Sentimos sua falta, nos afastou de você e nós deixamos. Mas não vamos mais permitir isso. Eles vieram de São Paulo, e eu passei por cima do meu orgulho. Deixa a gente ficar com você. - Ele pediu a olhando nos olhos. Uma lágrima caiu de seu olho e ela o abraçou, logo abraçando todos eles. As meninas começaram a chorar e a mãe de Lorenna também.

– Não sabem como eu senti a falta de vocês. - Ela disse em meio ao choro.

– Nós também sentimos Lô. - Richard falou ainda a abraçando. Ele e Lucas tinham olhos azuis e o cabelo castanho. Isabela tinha cabelos ruivos e olhos castanhos e Aline cabelos castanhos escuros com olhos castanhos claros. Lucas era o que mais a olhava. Sabia que aquele era o Lucas que havia a salvado e que tinha ficado com ela, mas eu não me importava. Era amigo de Lorenna e fazia bem para ela, é claro que eu iria chamar ele.

– O pessoal sente sua falta. Ricardo, Vini, Amanda, Thomas.... - Lucas disse a olhando.

– Thomas voltou a morar na república? - Lorenna perguntou a ele.

– Depois que ele decidiu ir embora, ele pediu pra voltar. Amanda se mudou com os meninos, eles pediram desculpas, mas estão em Portugal, disseram que tentam vir o mais rápido possível. - Ela parou um tempo e apenas o ficou olhando. Não estava com a expressão fria e não os tratou com ignorância. Ela assentiu e depois nos sentamos para comer.

 Quando era mais ou menos duas da tarde a campainha tocou. Estávamos todos sentados descansando da viagem, já que eles também haviam chegado naquela madrugada. Leyla se levantou e foi até a área da frente abrindo. Minutos depois ela apareceu junto com o Zac ou Thomas. Não sabia quem era. Ele tinha cabelos castanhos, barba rala e olhos castanhos também. Lorenna olhou para quem havia chegado e "esfriou" de repente. Ela se levantou com toda a sua pose em cima das botas de salto, e cruzou os braços o encarando.

– Zac? Meu Deus, você é igual vinho homem? - Isabela perguntou indo o abraçar. Os outros fizeram o mesmo e no fim ele encarou Lorenna, cruzando os braços também. 

- Esse aí tem coragem! - Falei para Rodrigo ao meu lado que só assentiu concordando e encarando a cena novamente, atenta. 

– Veio me prender Zac? - Lorenna perguntou grossa. Ele a olhou parecendo não se intimidar com seu olhar, chegando mais perto.

– Sabe que pela a lei eu deveria te levar para prestar depoimento sobre os seus fornecedores né?! E também te prender sobre o uso e venda de drogas. - Ele perguntou debochadamente a ela.

– Sei. Mas sei também que você tem que ter provas para me obrigar a falar e me prender. - Ela respondeu friamente.

– Eu sei, e tenho provas. Mas, não vou te levar presa. Deveria, mas não vou. E você abusa dos meus sentimentos por você por causa disso. - Zac respondeu confiante.

– Isso não vai contra o que te ensinaram antes de se formar como policial? - Ela perguntou no mesmo tom a pergunta anterior de Zac. Lorenna tinha um sorriso debochado nos lábios, o mesmo sorriso que Zac.

– Tudo que você tem feito todos esses meses não vão contra o que te ensinaram no colégio militar? - Ela desfez o sorriso e pareceu estar desarmada por um momento.

– O que veio fazer aqui se não é para me prender Zac? - Lorenna perguntou fria novamente e de cara fechada.

– Bom, depois de meses vindo aqui e você me ignorando completamente por que estava dentro daquele seu quarto ou estava fora, eu vim recuperar a sua amizade. - Ele respondeu. Lorenna pareceu se surpreender e ficou sem dizer nada. - Lorenna sinto sua falta. Eu vim aqui tantas vezes tentar te ajudar da forma errada e você só continuou batendo a porta na minha cara. Eu quero que me receba de volta. Assim como recebeu Benjamim ou Aline. Me preocupo com você. Por mais que você não mereça em alguns momentos... - Ele terminou a última parte parecendo fazer esforço por dizer tudo aquilo e ela deixou os braços caírem o abraçando. Ele a abraçou mais forte e logo ele estava sentado com nós conversando. Lorenna não confiava em Zac por ser policial, mas ele deixou esse "pequeno" detalhe de lado, por ela. E ela pareceu gostar bastante de saber que podia contar com ele.

 Mas, faltava uma última pessoa. Ela estava feliz, estava sorrindo, mas faltava alguém. Lá para as nove horas da noite a campainha tocou novamente e Lorenna me olhou confusa. Leyla foi lá fora e quando ela voltou, estava na defensiva. Todos olharam para a porta e ficaram na defensiva também. Eu, Enrico, Rodrigo e Diana não estávamos entendendo nada mas pelo visto, a coisa não ia ser boa... Quando Lorenna olhou para onde nossos olhares estavam direcionados, o sorriso que estava no rosto dela sumiu. E não passou para uma expressão de frieza, mas sim de arrependimento e vacilante. 

– Thomas...

Anjo PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora