Anjo Perdido

Uma breve discussão.

Benjamim:

– Por que ela agiu daquela forma? - Perguntei mais uma vez sentado no banco de trás entre Rodrigo e Enrico. Thomas ia na frente com Barto enquanto dirigia.

– Já falei, não se cobre tanto. Ela teve um ataque de pânico, não deixou nenhum de nós chegar perto. Agora pare que ta deixando todo mundo irritado. - Barto disse bravo me olhando pelo retrovisor. Como ele estava dirigindo e também estava bem irritado e preocupado, eu decidi encostar no banco, respirar fundo e fechar os olhos. O sol já passava pelas janelas e estávamos quase no condomínio. Eu coloquei o braço em cima dos olhos e fiquei imaginando mil coisas.

– Oi Isa, como vocês estão? - Ouvi Thomas perguntar. Tirei o braço dos olhos rapidamente e vi ele com o celular. O peguei da mão dele. - Ei. - Reclamou.

– Isabela como ela tá? - Perguntei de uma vez.

– Oi Ben, ela tá bem! Agora ela está bem mais calma, acabamos de tomar café e já estamos indo pra casa. - Eu respirei aliviado. - O que? - Ouvi ela perguntar. - Tá. A Lorenna pediu pra vocês chegarem em casa e descansar, não quer que esperem por ela.

– Não Isabela, não vou conseguir dormir sem ver ela. - Reclamei.

– Ela tá pedindo por favor. Disse que depois conversa com você. - Falou mais uma vez depois de repetir o que eu havia dito e eu suspirei.

– Tá bom. Eu vou chegar, tomar banho e deitar. - Me dei por vencido pela Lorenna como sempre. Ela disse ótimo e desligou. Acabei cochilando o resto do caminho e Thomas me acordou quando chegamos.

– Escuta, o Rodrigo acabou de vomitar ali fora. - Ele disse e eu ri.

– Esse Rodrigo sempre foi fraco! - Sai do carro vendo o estado do meu irmão todo vomitado. - Vamos Enrico, precisamos dar um banho gelado nele. - Falei e passei um braço dele pelo os meus ombros. Barto deixou o carro na frente da casa dele e entrou nos dando tchau rapidamente. Nós entramos e levamos Rodrigo para o banheiro, tiramos sua roupa e abrimos o chuveiro.

– Oh Ben.... Abre a porta, ta chovendo aqui fora. - Começou a resmungar e nós rimos.

– Já não falei que é pra parar de dar porre Rodrigo? Sou seu irmão mais velho, tem que me obedecer. - Falei ainda rindo e ele colocou as mãos na cabeça.

– Desculpa cara, não conta pra mamãe. - Enrico gargalhou e eu o olhei que estava com o celular na mão.

– Vou contar sim. Ou eu conto pra mãe ou pra Amanda. Você escolhe. - Ele me olhou aflito.

– Pra Amanda não! Ela vai ficar me zoando cara, por favor Ben. - Implorou e nós rimos mais.

– Vamos, eu não vou contar pra ela. Sai daí. - Disse o ajudando a levantar do chuveiro e passando a toalha na cabeça dele rapidamente.

– Aí indelicado! - Reclamou e nós rimos mais. Rodrigo sempre foi meio fraco pra bebida e aquela cena já havia acontecido várias vezes e todas elas sempre foram hilárias!

– Ajuda ele a colocar a calça. - Falei pra Enrico que pegou a calça dele do pijama. Arrumei a cama de Rodrigo, abrindo a coberta. Ele apareceu cambaleando no quarto e eu ri mais. - Deita aí. - Ele se jogou de bruços na cama e afundou o rosto no travesseiro. Joguei a coberta em cima dele e saímos do quarto apagando a luz e fechando a porta.

– Você tá bem Ben? - Enrico me perguntou quando eu parei na frente do quarto de Lorenna.

– Ta, eu só.... - Comecei e o olhei. - E se ela não quiser mais nada do que aconteceu hoje? - Perguntei com medo.

– Os beijos? Os abraços, as conversas, as danças.... Tudo? - Ele me perguntou e eu assenti. – Benjamim ela tomou um susto. Se lembrou de um trauma pesado, dá um tempo pra ela. Tudo vai ficar bem! - Respondeu com uma mão no meu ombro.