Um dia na Disneyland

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Benjamim:

Acordei no dia seguinte e Lorenna ainda dormia do meu lado. Ela estava virada pra mim e tinha a expressão serena. Ela era tão linda! A expressão de pavor nos olhos dela passou pela minha cabeça de novo e me senti numa batalha interna entre dar carinho a ela e simplesmente não chegar nem perto. Suspirei e levantei, vestindo uma bermuda, camiseta e colocando um boné na cabeça. Assim que desci as escadas, me deparei com Rodrigo e Amanda se beijando no sofá. Mais detalhadamente ela estava no colo dele.

Olhei rapidamente e atravessei a copa, pegando Danone e Sucrilhos, abrindo o armário e pegando uma tigela. Juntei os dois e nada deles perceberem que eu estava lá. Eu coloquei a primeira colher na boca e mastiguei, parece que funcionou já que Amanda saiu do colo dele e Rodrigo me olhou envergonhado. Não consegui evitar o sorriso que se formou nos meus lábios quando disse: 

- Bom dia.

- Bom dia irmão. – Rodrigo respondeu ainda sem graça e coloquei mais uma colher na boca, olhando pra eles. Olhei para Amanda que pareceu abalada por um tempo, mas logo se recompôs.

- Bom dia cunha. – Ela disse e Rodrigo a olhou surpreso. Eu comecei a gargalhar e Rodrigo sorriu pra ela, que levantou e subiu as escadas. Rodrigo me olhou ainda sorrindo e respirei fundo para não continuar rindo e acordar a todos. 

- Você ta tão besta! - Falei dando dois tapinhas em seus rosto e ele me empurrou. 

- Ah para de me zoar! – Eu ri de novo me apoiando no balcão. – Lorenna já acordou? – Perguntou indo até a geladeira e pegando um suco de laranja. Neguei com a cabeça colocando outra colherada na boca e ele se apoiou no balcão me olhando. – Ta normal com ela? – Ele me perguntou bebendo o suco e eu o olhei. – Vamos, responde. – Eu neguei com a cabeça de novo e ele riu.

- Qual é a graça? – Perguntei indignado e ele me olhou como se fosse óbvio.

- Qual é Benjamim, ela ta praticamente implorando pra você ficar bem com ela. Você conhece a Lorenna, ela já insistiu por dois dias, você sabe que no terceiro ela esfria. E você não vai gostar! – Falou o óbvio da Lorenna. Eu suspirei sabendo que era a mais pura realidade.

- Não dá cara, ta bom? Eu não consigo agora. Não posso ter meu tempo? – Respondi e ele respirou fundo.

- Bom... Está avisado! – Disse por fim e saiu andando para o lado de fora da casa. Eu fiquei pensando no que ele havia dito, mas a ideia de ver a expressão de horror no rosto de Lorenna fazia meu corpo arrepiar inteiro. O pessoal foi descendo um por um e Lorenna desceu logo depois com Amanda. As duas estavam usando shorts jeans, cropped branco e bolsinhas ao lado do corpo; além do tênis é claro. Elas estavam conversando animadas sobre conhecer a Disneyland e eu sorri vendo um brilho nos olhos da Lorenna incríveis. Ela passou por mim reto, parecendo nem me ver ali e eu já imaginava aquilo. Lorenna fez dois sanduíches naturais e entregou um para a amiga, elas passaram por mim de novo e sentaram no sofá.

- Hoje ela está de bom humor, se eu fosse você iria falar com ela. – Barto disse pegando um copo em cima do balcão e já saindo. Eu suspirei e tentei ir, mas brequei. "Droga, eu não consigo!"

- Já que todos já tomaram café, vamos né?! Eu to doido pra conhecer uma princesa lá no parque. – Vini disse e alguns reviraram os olhos e outros se levantaram, ajeitando as coisas. Lorenna saiu "correndo" para a van e todos nós entramos. O caminho foi agitado, eu conversava com Lucas enquanto Lorenna conversava com a Amanda. Quando chegamos, Lorenna saiu correndo pra fora da van e todos se contagiaram com a animação. Já entregamos nossos ingressos e entramos no parque. Automaticamente todos se animaram, incluindo eu.

- Vamos na "Festa do Chá Louco"? – Isabela perguntou e nós entramos na fila que não demorou a chegar nossa vez. De quatro em quatro, nós entramos nas grandes xícaras e esperamos o resto das pessoas entrarem. Quando o brinquedo começou a girar, um frio na barriga se instalou no meu estômago. Um frio na barriga gostoso, daqueles que eu só sentia com a Lorenna - só que menos intenso, é claro, com ela era sempre melhor. As xícaras giraram e giraram e nós colocamos os braços pra cima pra ficar mais emocionante. Alguns segundos depois o brinquedo parou, revelando muitas pessoas rindo e tentando recuperar o fôlego.

Anjo PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora