Novo dia, novas oportunidade.

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 Eu e Thomas acabamos dormindo por umas quatro horas, mas sempre acordando para verificar se Lorenna ainda estava bem e ela teve um sono tranquilo pelas próximas horas que se seguiram. Levantamos, cada um fazendo suas higienes e descemos, nos sentando para tomar café. Amanda já estava acordada, assim como Vini e Ricardo que faziam o café e assavam pães de queijos, e preparavam sanduíches. 

- Bom dia. - Eles desejaram juntos e eu ri. 

- Bom dia. - Respondi e me sentei. 

- Como foi a noite? 

- Terrível! Sabe aqueles episódios de Euphoria em que a Rue está na abstinência? É exatamente daquela forma que alguém fica. - Eu falei fazendo comparação e os três parecendo entender, já que fizeram caretas. 

– Tá sendo agoniante ver a Lorenna assim. - Thomas falou e eu assenti. - Mas é muito bom ela ter você ao lado dela. - E me olhou.

– Por que todos me falam isso? - Perguntei. - Vocês também são importantes para ela. A ajuda de vocês está sendo fundamental!

– É claro que está Benjamim, mas não vamos nos iludir. Sabemos que Lorenna sempre o amou e sempre irá amar - te. - Amanda falou prendendo os cabelos rosas em um coque e sorrindo docemente. - Ela não fala, mas quando estávamos na escola todos exigiam muito dela. Principalmente seu tio. Ela treinava até mais do que nós e nosso treino não era nada, nada fácil! No começo ela chorava todas as noites no meu colo, ficamos amiga por que pedi pra ela calar boca de noite enquanto chorava e me senti mal quando ela pediu desculpas tentando engolir o choro, e fui conversar com ela. - Amanda começou a contar a história encostada no balcão e com uma xícara de café na mão, eu ri fracamente. -  Ela sentia sua falta, e sentia falta da família também. Depois de um tempo ela se tornou fria, comigo e com os gêmeos ela continuava sendo a Lorenna, mas com os outros em volta.... Ninguém se atrevia a falar um "aí" para ela. - Amanda disse séria.

– Ela sempre me disse que gostava da escola. - Falei confuso.

– E gostava. Na verdade ela amava. Mas por que ela passou a não ter tempo de nada, não permitiam que ela tivesse tempo para pensar em você. Fazer planos, sonhar, rir, chorar... só no último ano com a general. Aos finais de semana, aí sim ela voltava a ser animada e sei lá... mais leve. - Explicou.

– Por ela não ter conseguido se defender do que aconteceu, ela sente que todos os anos lá foi em vão. - Thomas falou.

– Eram mais de um! E mesmo se fosse um, olha a situação de vulnerabilidade, ela... ela não tem culpa. - Falei irritado.

– Sim, só que pra ela era uma obrigação ter conseguido se defender. Aprendemos luta lá, mas a situação te desestrutura... apesar de tudo ela ainda era ingênua. Hoje ela perdeu a fé em qualquer um. - Vini completa dando de ombros e razão a ela. - É um milagre ela deixar nós todos chegar perto dela. 

– A Lorenna hoje se garante em machucar os que merecem, mas ela não sabe mais amar. Nem o próximo, e nem a si própria. Ela tá tentando, mas carinhosa como era antes? - Thomas nos olhou. - Talvez ela nunca volte a ser e nem a podemos julgar. 

– Sei que ainda ama a Lorenna e isso todos nós já vimos... Você é meio transparente. - Amanda disse me olhando e eu enrubesci. 

- Amar é... Não sei... - Respondi sincero e sem saber exatamente. 

- Se não amasse, não estaria aqui a muito tempo. Na boa cara, eu não faria isso que você está fazendo por qualquer pessoa. - Ricardo declarou. - Mas você vai ter que ter muita paciência com ela. Por que antes de te amar, ela tem que se amar. Senão, ela não vai conseguir dar o amor que você merece, que é muito! E okay, é a Lorenna... mas não se contente com menos. 

Anjo PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora