Benjamim:Estava suando frio e com as mãos geladas mesmo com as luvas. Depois da ligação da mãe de Lorenna, simplesmente larguei tudo, arrumei minhas coisas junto com a Diana e o Rodrigo e caímos na estrada.
- Benjamim se você não se acalmar vai matar todos nós. Olha a velocidade que você está dirigindo. – Diana reclamou do banco de trás.
- Ela está certa Ben, para o carro. – Rodrigo disse e eu o olhei. – Vamos, pare o carro. – Ele falou mais firme e eu parei no acostamento. – Agora desce. Eu vou dirigindo. – Disse já saindo do banco do carona e eu desci também, invertendo os lugares. Ele deu partida no carro e eu passei as mãos pelo o rosto.
- Okay, agora que você já está fora do alcance de nos matar, pode por favor me contar toda a história? – Diana me pediu e eu apenas respirei fundo. Falar da Lorenna ainda me doía, me provando que ela não foi só um romance adolescente.
- Eu tinha dezessete anos quando conheci a Lorenna. Ela tinha 16. Ela chamou minha atenção desde o primeiro dia em que nos vimos, no começo eu só queria um lance, mas depois de um tempo quando eu percebi já estava a amando. – Diana se surpreendeu e se ajeitou para ouvir melhor a história. – Quando eu fui perceber já estava movendo céus e terras por ela. Eu não conseguia viver sem ela, um dia sem a ver ou receber uma mensagem sua, já me deixava péssimo, eu sei que tem a coisa da dependência emocional mas não era ruim... entende? Não era sufocante, era leve... No começo ela relutou, mas depois admitiu que não conseguia ficar longe de mim também; foi o melhor dia da minha vida. – Diana sorriu e Rodrigo também. Um flashback de tudo que eu estava contando se passava na minha cabeça como um filme, nos mínimos detalhes. Rodrigo havia acompanhado nós desde o começo, e sempre torceu por nós dois. Me senti um menino de novo e lembrei das sensações que era quando estava com ela e abri um sorriso, Diana apertou meu ombro me trazendo de volta e eu respirei fundo por chegar no pior da história. - Ela tentou conversar com os pais para podermos namorar com a permissão deles, mas o pai dela não aceitou. Ele era ex policial, grosseiro e ignorante, queria tornar a Lorenna intocável só pra um dia a casar com algum homem velho e nojento.
- Benjamim... - Rodrigo me alertou e eu o olhei com raiva.
- Fala que eu to mentindo. - Falei entre os dentes e ele travou o maxilar sem resposta sabendo que eu estava certo. - Quando ela me contou, se jogou nos meus braços chorando como uma criança. Aquela foi a primeira vez que a vi chorar e fiz de tudo para que fosse a última. Ela continuou comigo mesmo escondido, ela arrumava tempo, ocasião e lugar.... Tudo para poder ficar comigo. Muitas vezes nós íamos lá pra minha casa e ficávamos a tarde assistindo filmes. Ela era doce, meiga, romântica, acreditava em mim, era engraçada, linda, responsável, tinha sonhos e me incluía nos planos dela.... Ela era perfeita! Eu a amava tanto que era difícil descrever. A gente nunca brigava... Quando completamos um ano, eu estava a levando para casa quando tudo aconteceu. – Senti lágrimas nos olhos e abaixei a cabeça. – Eles simplesmente tiraram o meu tudo!
- Eles quem? – Diana perguntou com a voz fraca. A olhei e vi que ela estava quase chorando. Abaixei o olhar para as minhas mãos e permaneci ali.
- Um vizinho da Lorenna havia visto ela entrando na nossa com ele e concluiu que eles estavam ali para transar. Mas eles nunca haviam feito nada. Ela dizia não se sentir preparada totalmente e queria que fosse especial não só para ela, mas como para o Ben também. – Rodrigo continuou. Ouvir aquelas palavras me fizeram voltar aquele dia em que tinham tirado ela dos meus braços. – Obviamente os pais dela não acreditaram neles quando tudo aconteceu. Eles não quiseram ouvir ninguém, colocaram ela para dentro da casa e ninguém nunca mais soube dela. O pai dela... - Ele engoliu em seco. - Bom, o pai dela teve a pior das reações... quando eu cheguei, os hematomas já eram evidentes nela. - Diana teve um susto e levou a mão à boca, parecendo não querer aceitar que aquilo era verdade. - Chamaram a polícia, mas os policiais nos levaram para casa, nada fizeram com o pai dela... é claro que não... Como poderiam? Dois meses depois eu e o Ben nos mudamos para Porto Alegre, logo depois fomos para o intercâmbio e nunca mais voltamos para São Paulo. Tudo lá pra ele lembrava ela. O Ben ficou muito mal! Caiu em depressão e tirá-lo... foi difícil. – Rodrigo terminou de contar e Diana parecia estar em estado de choque.
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Anjo Perdido
Teen FictionLorenna é uma garota de 15 anos, meiga e sensível que tinha muitos sonhos. Benjamin é um garoto de 18 anos, antes frio, mas agora sonhador; graças a Lorenna, o grande amor de sua vida, o anjo que o trouxe luz. Juntos eles viviam um amor escondido...