Um mal entendido.

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  Já passava das nove horas da noite e eu estava no estacionamento do barzinho que eles haviam combinado de ir naquela noite. Encarei meus amigos ainda em cima da moto, e os olhei conversarem animados.  Zac, Lucas, Ricardo, Vini, Thomas, Enrico, Rodrigo, Barto, Richard, Aline, Amanda, Diana, Isabela e o Benjamim, que agora eu já não sabia nem se era meu amigo ainda. Ele chegou fazia pouco tempo e parecia levemente alcoolizado e bom... eu não tirava a razão dele de querer beber. Eu mesma precisei me trancar no banheiro com um banho BEM longo para não sair de casa e ter uma recaída. Depois que Benjamim saiu, todos pediram para que eu desse detalhes e eu contei, no fim, fui menos julgada do que imaginei mas todos entraram em um debate interno e externo de que o que eu tinha feito não tinha sido de todo errado. 

 Os dois não tinham família, não mereciam amor e destruíam aqueles que tinha, por um lado, tinha a moral e ética que dizia que matar qualquer ser vivo era errado e do outro, os valores pessoais que gritavam a eles que eu tinha razões ótimas e que por muito menos, eles já tinham tido reações exageradas. É claro que eles passaram a tarde meio quietos, confusos e sem saber como se comportar comigo, principalmente minha mãe... é claro, a filha dela agora assumiu pra todos que sujou as mãos com sangue, mas ela foi a primeira a me abraçar e dizer que se tivesse oportunidade, faria o mesmo por tudo que eles tinham feito a princesinha dela. Eu não sabia o quanto eu precisava ouvir aquilo até realmente ouvir e me acabei em lágrimas nos braços dela que me deixou em seu colo e fez carinho no meu cabelo por muito tempo naquela tarde. Coloquei mais um chiclete na boca respirando fundo antes de sair da moto. Fechei a jaqueta pegando meu capacete e fui em direção a eles, preferi pilotar sozinha até ali para pensar e sentir o vento gelado para me preparar para um lugar cheio de álcool. 

- Boa noite margarida, até que enfim! Já ia mandar uma viatura atrás de você! - Thomas brincou dando um tapinha em Zac que riu e eu o cumprimentei. 

- Eu precisava me preparar psicologicamente pra... - Me distrai quando um garçom passou do meu lado com um combo de whisky e respirei fundo voltando meu olhar pra eles. - Isso tudo. - Eles me olharam solidários. 

- Talvez estejamos fazendo você pagar pelos seus pecados só um pouquinho! - Diana brincou colocando as mãos nos meus ombros e me direcionando para dentro onde estava bem mais cheios, com medes lotadas e pessoas empolgadas conversando. 

- Eu admito que mereço e vocês escolheram muito bem! - Eu respondi olhando de relance para o bar e com as mãos dentro da jaqueta, mastigando mais o chiclete. 

- Nós manteremos sua boca bem ocupada essa noite, com muita comida e drinks SEM álcool. Eu conferi o cardápio pessoalmente e a variedade é gigante! - Vini falou empolgado falando alguns drinks e logo explicando pra Enrico que ele já tinha sido barman. 

- Você senta aqui... - Isabela disse me fazendo sentar em um banco no centro da mesa. 

- E você aqui já que já está alcoolizado! - Amanda fez Benjamim sentar ao meu lado e nos olhamos, logo desviando o olhar. - E todo o resto vai ficar em volta pra remanejar a situação, tudo bem crianças? - Ela disse explicando realmente como se fosse pra duas crianças de dois anos e eu a encarei irritada. - Esse olhar ainda me assusta, então eu to indo pro bar. - Ela disse se retirando. Todos realmente se sentaram ao redor de nós e Rodrigo já começou a pedir comida para Benjamim e dizendo que ele só dava trabalho, o que me fez rir. Se ele dava trabalho, eu então era um pesadelo. 

– Você sabe que me colocou numa posição delicada como policial, não sabe? - Zac perguntou se sentando ao meu lado e eu gelei no mesmo instante. 

- Merda! - Falei baixo pra mim mesma e ele suspirou. 

– Merda mesmo Lorenna! - Ele respondeu e eu o olhei nos olhos. É... eu tinha que começar a aceitar ouvir das pessoas. 

- Eu precisava contar. Vocês precisavam saber quem eu realmente sou.

Anjo PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora