(POV Lucas)
- Boa noite meu grande amigo. - Richard disse com um braço apoiado nos meus ombros antes de subir para o seu quarto, eu ri. Subi para o meu também e Isabela não estava lá ainda, aproveitei para tomar um banho rápido e deitei na cama. Continuei lendo um livro e Isabela abriu a porta, entrando contente.
- Oi meu nenê. - Ela disse pulando em cima de mim e me beijando. Eu ri, claramente estava um pouco alterada.
- Pelo visto você se divertiu bastante. - Ela gargalhou.
- Foi engraçadíssimo. Você sabia que a Lorenna já transou de quatro?
- Uou okay, eu não precisava saber disso. - Eu falei enquanto a levantava. - Vamo toma um banho?
- Ai mas eu to com preguiça. - Isabela respondeu mole e eu ri.
- Não interessa, você vai tomar banho. - Eu disse e ela resmungou. Coloquei ela embaixo do chuveiro com água morna e Isa passou o sabonete em si própria, enquanto eu pegava seu pijama. Ela escovou os dentes e prendeu o cabelo, colocando o pijama costumeiro dela de unicórnio. Ela foi até a cama e deitou abraçando o travesseiro, sentei ao lado dela pegando o livro, e imaginei que ela iria dormir logo, mas ficou me observando. Tirei os óculos e a olhei. - O que foi?
- Sabe... Eu tava pensando sobre casamento. - Meu sangue gelou, mas deixei que ela continuasse. - Por mais que seja legal, eu não quero que a gente se case TÃO cedo assim. - Respirei aliviado e ela riu fracamente. - A Aline e o Richard noivaram e casaram rápidos por causa da Ana Lu e eles já ficavam há alguns meses, a Diana e o Barto foram rápidos, se apaixonaram e logo já estavam casando também mas eles são intensos demais, o Ben e a Lô.... Não vou nem comentar por que eles sonhavam com isso desde os quinze anos, mas o resto do pessoal... Eles não parecem querer casar tão rápido e eu acho que nós dois deveríamos aproveitar mais nosso namoro. Viajar, sair, ir pra shows, fazer loucuras... Sei que eles não deixarão de fazer isso mas é muito... civilizado. - Disse sonhadora mas rindo no final e eu sorri. - Por que senão vai que a gente casa, tem filhos e nosso relacionamento seja uma droga depois. - Eu fiquei a olhando. Isabela mantinha um medo de relacionamentos não darem certo por causa dos seus passados, e eu entendia ela por não querer casar agora.
- Isa eu entendo tudo que você disse, somos muito jovens. O pessoal que ta casado queria isso mais do que tudo, não que eu não queira, mas foi como você disse, eu quero viajar com você, me aventurar, fazer tudo que sempre conversávamos quando éramos mais jovens, sem pressa. Eu não vou a lugar nenhum. - Ela sorriu.
- Você quer filhos? - Ela perguntou. Nunca tínhamos comentado realmente sobre a ideia de ter filhos, e não que eu não quisesse, mas eu sentia que não estava preparado, assim como ela.
- Quero, mas não tão cedo. Você sabe as brigas que tinha na minha casa por causa do casamento dos meus pais, não quero ser assim, não quero chegar bêbado em casa e que meu filho veja e sinta repulsa de mim, não quero que vejam a mãe chorando por causa de um babaca, não quero ser um pai ruim, tenho medo e não me sinto preparado, e talvez demore um tempo. Assim como não quero que você se arrependa de ter um filho meu, como minha mãe pensou algumas vezes. - Ela me olhou atenta. Ela sabia de todas essas histórias, de tudo que eu havia passado com os meus pais na infância e na adolescência. Os pais dela também brigavam, mas era mais por causa das contas estarem atrasadas.
- Acho que nem se você quisesse você seria um pai ruim, você é a pessoa mais tranquila e doce que eu já conheci. - Respondeu e eu sorri. - Só quero que nós estejamos cem por cento preparados quando decidirmos, por que não quero que um dia nossa relação acabe por causa de alguma coisa, principalmente de filhos.
- As coisas vão acontecer do jeito que precisam acontecer! - Ela sorriu fracamente e percebi o quanto estava sonolenta. - Por que você não descansa? Amanhã é um grande dia, precisa estar descansada. - Ela assentiu e fechou os olhos. Fiquei pensando no que ela havia dito e realmente eu tanto quanto ela tinha medo de aquilo acontecer. Tínhamos brigas em casa e sempre falávamos de como não queríamos ser daquele jeito quando adultos. Agora, com os nossos 23 anos, nos preocupávamos em fazer um bom trabalho, pagar o aluguel da casa e as contas e nos divertir juntos.
Víamos como as coisas eram intensas com Benjamim e Lorenna, e nos cansávamos muitas vezes das situações, nós éramos mais tranquilos. Mais calmos. Depois que meu pai foi para a reabilitação quando eu tinha dezoito anos e depois de alguns meses voltou curado, a minha relação com ele, assim como com a minha mãe, melhoraram de uma maneira maravilhosa. Eles não brigavam mais, eles conversavam e eram companheiros, saiam juntos, ele se tornou meu amigo e passou a me apoiar nas decisões sem criticar, ele começou a se importar e deixou de ser o homem que eu sentia nojo.
Por diversas vezes eu aparecia na casa de Isa e sua mãe já sabia que era por que meu pai tinha dado outro surto e saído para beber, ela sempre entendeu como eu me sentia. Isa por outro lado sofria com os pais por eles não estarem conseguindo pagar as contas e o pai dela não parar em emprego algum, muitas vezes sujeitando a mãe a se desdobrar em dois empregos e em Isa começar a trabalhar com 13 anos. Seu irmão João, ajudava o quanto podia, mas era difícil mesmo assim, eles sempre tentavam ser compreensivos, mas as vezes o estresse os dominava e as brigas começava por dias.
E assim foi nossa adolescência inteira, uns anos depois as duas famílias se reestruturaram e tiveram um recomeço, mas o trauma que tínhamos dentro de nós, ainda assim não haviam sumidos e talvez nunca sumiriam.
Mas, eu me sentia feliz por estar com Isa. Ela me entendia como ninguém, apesar de termos nossos conflitos de vez em quando, a maior parte do tempo agíamos como amigos o que era gostoso e divertido. Olhei pra ela e percebi sua respiração presada. Deixei o livro de lado e me deitei apagando a luz, fiquei a olhando um tempo e logo adormeci sonhando com nós dois vivendo a melhor aventura de todas... uma vida juntos.
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Anjo Perdido
Teen FictionLorenna é uma garota de 15 anos, meiga e sensível que tinha muitos sonhos. Benjamin é um garoto de 18 anos, antes frio, mas agora sonhador; graças a Lorenna, o grande amor de sua vida, o anjo que o trouxe luz. Juntos eles viviam um amor escondido...