O Capitão 1 (Concluído)

Cap. 08

• Jade On

*Dia seguinte*

Acordo bem de manhãzinha, as meninas nem haviam acordado ainda. Ao sair do quarto, recebo uma ligação inesperada e de um número desconhecido.

— Oi? Jade, certo?!

— Sim, eu mesma. Quem fala?

— Ah, me desculpe, nem me apresentei. Sou o delegado do BPF de Brasília. Meu nome é Sidney Custódio e vim aqui te fazer uma proposta. — caraca!!!! Tô quase morrendo de parada cardíaca.

— Ah, que honra Sr. Sidney. Qual seria essa proposta? — falei normalmente, mas a vontade era de pular. Só de ele ter me ligado...

— Bom, fiquei sabendo da sua suspensão e pedi o seu número para o delegado. Ele me passou tranquilamente, e então eu observei mais seu histórico. Você é muito boa, tem um currículo ótimo, para a sua idade isso é maravilhoso. Você sabe que tem um potencial que a maioria não tem né?! E isso me chamou atenção. Achei meio que um absurdo essa suspensão de duas semanas, mas estou aqui para te convidar a se mudar para cá. Se transferir...

Fiquei sem palavras. Essa era a melhor notícia que recebi de uma semana para cá. Cara, ele é delegado de uma das sedes mais conhecidas de São Paulo, no Batalhão da Polícia Federal. Sem falar que eu ganharia bem mais do que eu ganho.

— Será que o senhor pode esperar um pouco pela minha resposta?

— Claro, me fale sua resposta até amanhã de manhã, ok?!

— Ok, prazer conhecê-lo.

— Eu que tenho um prazer enorme, Sra. Williams.

Encerrei a ligação, sem ao menos tomar café da manhã, resolvo chamar Diego e os meninos para se encontrarem comigo na pracinha perto do batalhão. Já que hoje não teve plantão para eles, e acho que os policiais ainda nem devem ter chegado. Eram quase 07h da manhã, e creio que eles já estavam à caminho do batalhão. Então não perco tempo e resolvo mandar mensagem para cada um.

Assim que terminei de mandar mensagem para todos, visto uma roupa apresentável, arrumo o cabelo num coque frouxo, calço um salto alto preto, pego a chave do carro e vou ao encontro deles. Estava um trânsito só, até porque as pessoas devem estar indo trabalhar. Finalmente chego lá. Avisto os meninos de costas, e somente Diego virado em minha direção. Logo ele me vê.

— Nossa, demorou... — olha o relógio de pulso, fazendo os meninos virarem para mim, notando a minha presença.

— É... Digamos que peguei um trânsito desagradável.

— Mas o que você queria falar? — Ítalo pergunta o que todos queriam saber.

— Vocês já devem saber da suspensão... — assentem. — Eu fiquei muito mal por isso. Chorei até dormir, lembrei de coisas do passado, do qual não vêem ao caso, e hoje de manhã recebi uma ligação inesperada.

— De quem? — Nathan me interroga.

— O delegado Sidney Custódio. — respondo e todos continuam com a expressão facial normal.

— E o que queria nos falar? — Max pergunta já sem paciência, por estar curioso.

— E acontece que ele me fez uma proposta...

— Qual? — Hugo questiona.

— Ele me chamou para se transferir para o BPF de lá de Brasília, o que ele é delegado. O mais famoso da cidade.

Os meninos ficaram quietos por um instante, pareciam processar o que eu tinha acabado de falar.

— E você vai aceitar? — Jonas pergunta sério.

— Pedi um tempo para pensar. Mas é provável que sim.

— Mas duas semanas passam rápido demais, logo mais você está de volta... — Diego tenta me fazer mudar de ideia.

— Não é só isso. Sabem o que isso significa? Que será uma ótima experiência para o meu currículo. Tem como não ficar feliz com um pedido desses? Acho que nunca mais terei uma oportunidade como essa. Se eu não aceitar...

— Você vai realmente nos deixar?! — Nathan pergunta incrédulo.

— Tenho que fazer isso pelos meus pais.

— Porque? Eles não sabem que você está nesse batalhão, e que está dando orgulho para eles?! — Hugo revira os olhos.

Suspiro e uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

— Eu sei que foi de última hora, e que vocês não iriam gostar disso. Mas eu não vou negar um pedido desses.

— Então esquece da gente. — Nathan se levanta e rapidamente os meninos também se levantam me olhando com desgosto e entrando no batalhão, que era em frente à praça. Só restou Diego. Deixo mais algumas lágrimas escaparem e Diego simplesmente me abraça.

— Eu sei que está sendo difícil para você, pequena. Está sendo difícil para mim também. Claro que eu queria você perto de mim, mas eu estava ciente que uma hora ou outra você iria seguir sua vida e íamos acabar escolhendo rumos diferentes. Mas eu ainda estou do seu lado, viu?! Te apoiando em tudo. Te amo. E não vou ficar bravo por mais uma conquista sua. Sei o quanto está feliz com isso, e triste pelos meninos terem essa reação, mas pense no seu futuro, no que será melhor para você. Se quiser eu te acompanho até o aeroporto. Sei lá, dou um jeito...

— Não, não precisa Diego. Estou muito feliz por sua compreensão e suas belas palavras, mas você já me ajudou demais até hoje. Eu ainda não retribui nem metade do que você já me fez. Você é uma das únicas pessoas que me apoiam e praticamente vive para me agradar. Infelizmente eu acho que vou de madrugada, e você tem plantão hoje. Espero te rever algum dia. Quem sabe nas minhas férias... — sorrimos. — Mas deixa isso para mais tarde, ainda está muito cedo para comemorar. Muito obrigada por tudo. Eu serei eternamente grata por tudo que você já me fez. Só cuida das meninas por mim, viu?! — ele assente. — Eu ainda não avisei para elas, e nem sei se devo. Elas iriam ter uma reação pior do que a dos meninos, pois elas sempre seguiam o que eu fazia. E creio que a minha saída vai ter um efeito pesado para elas.

— Ok, baixinha. Te entendo. Se não quiser falar, tudo bem. Estarei aqui para acudir elas, quando descobrirem. E não se preocupe, o que eu fiz por você em toda a minha vida, não foi nem um pingo do que pretendia. Cuidarei muito bem das suas irmãs, e espero que se adapte ao batalhão de lá, faça amizades... ( Claro, sem me esquecer ) e te desejo toda a felicidade e sucesso que você merece. Te amo, viu?! Vai com Deus. — beija o meu pescoço e olha para o relógio. — Olha, estou um pouco atrasado, tenho que ir, mas pode ir tranquila, estou aqui, torcendo por ti. — sorriu.

Se despedimos e fui para casa. Aproveitei que as meninas já haviam ido para o batalhão e resolvi arrumar minha malas.