Cap. 111

1.9K 104 4
                                    

Nos separamos, como dito. Entrei num beco com Nathan, Diego, Jake e Lucca. Parecia que dava para ouvir nossos passos de tão silenciosa que as ruas estavam. Continuamos descendo o beco, que era bem extenso por sinal. Ouvimos um tiro vindo mais ou menos do meio da favela. Se entreolhamos, levantamos as armas e continuamos andando, dessa vez, mais rápido.

- Alguém se machucou?

- Não, Capitão. Foi um tiro informando guerra. - um PM local informa.

- E vai ser agora que ela vai começar. - responde determinado.

Chegamos no campo e outro tiro foi disparado, dessa vez da Carabina de Jake, acertando um sujeito na janela.

- É um dos cinco? - questiono.

- Não, mas estava apontando uma arma para nós. Alguém que esteja ao lado sul, tem um homem ferido com tiro de raspão no telhado da única casa amarela do campinho. - informa no rádio.

- Compreendido. - alguém responde.

Em questão de segundos mais PM's se encontravam no campinho, foi quando os tiros aumentaram. Os traficantes também já saíram das tocas, dando para vê-los em janelas das casas mais altas, lajes, telhados. Recarreguei a arma, já que as balas acabavam e a gente nem via. Até então ninguém foi acertado e nenhum suspeito foi reconhecido, ou seja, eles ainda não estão por aqui.

- Vamos ir para a boca?

- Está louca, Jade?

- Se hoje está tendo A Guerra, temos que correr atrás dos nossos alvos, não é mesmo? Ou acha que eles vão vir se a gente chamar? - ele dá mais alguns tiros, olha para mim rapidamente, volta a atirar, segura na minha mão e sai correndo para trás de uma parede. Nossas respirações estavam aceleradas, era mais do que perceptível.

- Ei. - olho para ele. - Promete que vai tomar cuidado?

- Por que não tomaria?

- Sei lá, estou com um pressentimento ruim. - fala seriamente.

- E por que acha que vai acontecer algo comigo?

- Porque geralmente essas coisas só acontecem com quem amamos.

- Meu amor, não vai acontecer nada. Relaxa. - dou um sorriso de lado. - Agora vamos logo, antes que... - olho para atrás dele e paraliso.

- Antes que o que? - olha para trás e não vê nada.

- Er... - engulo um seco. - Por à caso Louis foi solto? - encaro Jake.

- Quê? Louis?

- Uhum.

- Não, por... Perai, você... - assinto. - Jade permanece ao meu lado, não se afasta por nada! - segura meus braços.

- Tudo bem. Vamos.

Andamos encostados nas paredes para que não fossemos atingidos por nenhum tiro até chegar na famosa "boca". Ainda tinha um caminho meio longo para repercutimos até lá. A garoa já não eram apenas pingos de água, agora, uma tempestade se iniciando. Nesse momento minha boina e meu cabelo já estavam encharcados. Até minha farda. Era tanta concentração, tanta determinação, que eu pensava e via que nenhuma operação foi tão quente como essa. Com esse ar de "eu vou ganhar essa guerra em nome dos meus pais" ou então com essa coragem toda que me consumia por inteiro.

As ruas começaram a ficar bem alagadas, tinham tantas poças de água que tinhamos na maioria das vezes que pular ao passar por elas. Chegamos na rua da biqueira, vendo de longe aqueles homens na frente da mesma, vendendo e outros comprando drogas. Tinham de todos os tipos, tamanhos e preços. Alguns com cigarros, desde comuns, até baseados e outros tipos, levando à boca. À partir dali já não era tanto silêncio assim, mesmo eles falando e negociando com a voz baixa e tentando ser os mais discretos possíveis, ainda sim, dava para ouvir cada uma delas. Pelo menos onde a gente estava, que faltava só atravessar para chegar até eles. Se entreolhamos e respiramos fundo.

O Capitão 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora