Cap. 85

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Alguns dias depois... 13/06

Hoje faz exatamente quatro dias que eu e Jake não nos falamos e evitamos ao máximo se encontrarmos. Diego já teve alta do hospital, está super bem. Embora ele não tenha vivenciado o dia que brigamos, insiste em dizer que no ver dele ele acha melhor eu me desculpar. Não acho que eu esteja tão errada assim, ele também deixou bem claro que eu precisava de um tempo e longe dele, ele acertou, me fez bem, mas ao mesmo tempo me torturou. Ele não pensou nisso. Cecília ainda não falou à Lucca sobre a gravidez. E acho difícil estar perto de realizar tal ação. Acabei de sair para o horário de almoço, estou faminta! Estou indo ao shopping com Diego, Lucca e Matheus, as meninas estão trabalhando para serem dispensadas mais cedo.

- Então, Jake está sofrendo demais com sua ausência. Sério, o cara não tá à fim nem de sair pra comprar pão como fazia antes. - Matheus defende.

- Verdade, eu pedi para ele comprar um vídeo-game de 2.000 reais, ele está tão carente que comprou sem reclamar. - Lucca fala.

- Sei lá, acho que precisamos desse tempo.

- Precisa nada, vocês dois sempre se deram bem. Esses três meses foi super de boa, porque só agora essa briguinha besta?

- Não sei, foi tudo tão de repente. Ele foi falar comigo num momento delicado, onde eu estava com raiva de alguém e poderia à qualquer momento descontar em uma outra pessoa. Essa pessoa foi ele.

- Isso não justifica, Jade. Ele só queria ajudar. Não era a intenção dele te machucar ou algo do tipo. Na minha opinião, tu deveria dar uma chance para ele. - Diego finaliza.

- Tá, vocês me venceram. - reviro os olhos. - Só porque estou morrendo de saudade daquela boca e reconheci o meu erro.

- Aeee!!! - batem palmas só para me pirraçar.

Fomos ao shopping, pedimos o prato do dia no Girafas e fomos embora, já havia dado a hora. O Delegado pediu para fazermos ronda, no entanto, a minha foi com a do senhor Capitão. É, que sorte que eu tenho. Sentiram a irônia?

Entramos na viatura sem falar nenhuma palavra, muito menos se olhar na cara. Estava uma situação desconfortável, ambos sabiam, mas não queriam assumir. Resolvi abrir a boca para falar o que eu estava sentindo, afinal, cedo ou tarde iríamos ter que conversar, e que seja agora.

- Então, eu não queria que estivéssemos brigados. - suspiro. - Me desculpa, eu sou muito infantil em determinados momentos. Naquele dia eu estava nervosa, com raiva, acabei descontando em você. Achei injusto, você queria apenas me ajudar perguntando educamente o que houve. Eu, toda estupida, te respondi grotescamente, mesmo não sendo totalmente a minha intenção. - ele ficou um tempo sem responder, mas logo me olhou rapidamente, voltando seu olhar para o caminho.

- Eu te desculpo. Só não admito esses tipos de brigas bobas entre a gente. Todo dia brigamos por alguma coisa, isso é chato. Custava falar o que tanto te irritou no momento? Eu não estou suportando essa mentiras na nossa relação. Se eu estou chateado eu te falo, se eu estou puto com algo eu te falo, eu simplesmente te falo tudo, só não entendo porque não faz o mesmo. Que eu saiba, uma casal que quer um futuro profissional bem sucedido juntos, eles lutam por isso. A primeira coisa é uma relação sem mentiras.

- Tá, desculpa, eu prometo que daqui em diante tentarei ser clara com tudo que estiver acontecendo comigo. - falo olhando janela à fora.

- Começando por aquele dia, o que te deixou daquele jeito? - se olhamos rapidamente, respiro fundo e resolvo contar uma história meio retorcida.

- Uma amiga minha de infância tinha traido minha confiança, nada demais.

- Tem certeza?

- Sim.

Ele ficou quieto, não sei se acreditou, mas eu tentei. Eu menti? Sim, eu menti. Prometi parar? Sim, mas era por uma boa causa. Se as mensagens continuarem eu falo para ele. Aliás, não sei se depois daquele "desabafo" a pessoa continuará mandando.

Lucca Dornan On

Terminei o horário de trabalho, umas 20h00 eu já estava em casa. Matheus me chamou para ir na casa das meninas, eu não estava muito à fim mas mesmo assim fui. Chegando lá Brenda nos atendeu, como sempre, fiquei um pouco de vela, mas entrei sem eles mesmo. Encontrei Cecília mexendo no celular sentada no sofá da sala.

- Ah, oi Cecília.

- Oi Lucca.

Se sentei ali e também fiquei mexendo no celular, Matheus e Brenda entraram na sala logo depois.

- Acho que vou dormir gente, estou morrendo de sono. - Cecília se levanta com cara de sono. - Você vem? - pergunta olhando para mim. Assinto e subo junto com ela.

Vi ela arrumando a cama e indo escovar os dentes. Enquanto isso, no quarto, avistei um envelope branco em cima da cabeceira. Achei estranho e fui olhar. Abri o envelope, chegando em uma folha com algumas anotações.

Cecília saí do banheiro e paralisa na entrada do quarto.

- Er... Eu ia te contar...

- Cecília, desde quando?

- Vai fazer três semanas.

- Porque não me disse nada?

- Eu não sabia como te contar.

Ela sai do quarto meio sem acreditar no que acabará de acontecer e eu vou atrás. Desço as escadas como ela faz, indo para a sala. Brenda e Matheus não estavam mais lá. Segurei em seus braços firmemente, trazendo seu olhar forçado para mim.

- Cecília, porque não evitamos isso?! - me sento no sofá e passo as mãos pelos cabelos.

- Relaxa, cedo ou tarde eu não estarei mais. - levanto meu olhar para ela imediatamente, desacreditado, enquanto ela sorri amarelo.

- Você não está pensando em...

- Sim, já decidi, vou abortar.

Abortar

Abortar

Abortar

Abortar

Essa palavra ecoou lá no fundo da minha mente.

- NÃO! VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO! - me levanto alterado.

- Essa criança está no meu corpo, eu faço o que quiser com ela.

- CECÍLIA! - solto algumas lágrimas pelo meu rosto mega vermelho e quente. - Você sabe o peso que é matar uma criança? Isso é crime!

- Eu vou para fora, mas não deixarei de realizar essa ação.

- CECÍLIA! VOCÊ NÃO SE TOCA!!! - seguro seus braços com força. - É UMA VIDA! UMA CRIANÇA!

- Eu sei. - responde normalmente. - Nada me impede de matar o que não me faz bem. Aliás, meus pais me ensinaram a eliminar coisas ruins do meu caminho.

- Uma criança não é ruim. - olho de lado para a mesma após soltar seus braços, colocar as mãos na cintura e respirar um pouco.

- Ué, não é você que odeia crianças?

- Odeio! Mas isso não justifica eu matar uma.

- Até parece que se eu continuasse com isso na minha barriga você ia assumir. Aliás, esses dias mesmo, você estava em casa? - arqueio as sobrancelhas e só então lembro da noite passada.

- Que, para de falar bobagem! Eu estava no Batalhão, fazendo plantão, para conseguir um futuro melhor se você não sabe.

- Mas um motivo para eu não ter essa coisa. Você acha que eu vou largar tudo que demorei uma vida para conquistar, de lado por causa de uma criança que veio num mal momento?

- Sim, e você vai.

O Capitão 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora