Cap. 91

1.8K 122 14
                                    

- Para, né. - sorrio. - Um simples pedido de desculpas não vai mudar nada entre a gente. Até porque, foram anos tocando na mesma tecla.

- O que eu fiz para te machucar tanto? - risos.

- O que você fez? Cara, você me estuprou por anos, me bateu e deixou cicatrizes eternas. Sabe o peso que eu guardo de você? O peso das memórias, o peso de ter um irmão que ao invés de cuidar de você, te bate e te machuca todas as noites mesmo sem você não ter feito nada. Na verdade eu nunca fui nada para você, não é mesmo? E que se não fosse pela morte dos nossos pais e o acolhimento da minha tia, eu ainda estaria nas tuas mãos. Você é um mostro!

- Ah, não é para tanto. Vai me dizer que você não gostava? Eu te dava prazer, era isso que você precisava sentir naquela etapa da vida.

- Eu precisava sentir? Naquela etapa da vida? Você sabe o que está falando? Eu tinha sete anos, seu idiota! - o olho com raiva.

- Um dia você iria passar por isso, você sabe.

- Eu sei, mas não precisava ser quando eu tinha sete anos de idade.

- Até parece que arrumou alguém melhor para me substituir na cama.

- Aah, arrumei. Arrumei e foi para melhor. Bem melhor. Essa pessoa sim me faz sentir prazer e vontade de continuar. Agora, você, só me dava desgosto à cada dia.

- Como dizem né, não sou Deus para agradar todo mundo.

- Eu nunca vou esquecer 1% do que você fez comigo. Eu só não te denunciava porque eu era nova, não sabia o que fazer e como funciona isso.

- E hoje é uma policial, vejamos.

- Sim, para quando surgir uma oportunidade, te prender. Obviamente já cometeu mais crimes do que esse. E creio que não sejam simples crimes.

- É aí que você está enganada. - risos. - Eu virei um garoto bom até. Mas você... - fecha os olhos e abri em seguida. - Que gostosa que se tornou, hein...

- Sai de perto de mim. - fecho os olhos e respiro fundo.

- O que? O chefe falou que eu posso fazer o que quiser com você. - dá um sorrisinho de prazer.

- Louis, eu estou falando sério. - realmente fico séria.

- Eu também.

Ele começa a tirar a regata que eu estava, me deixando apenas de sutiã.

- LOUIS! ME SOLTA, SEU IDIOTA!

- Respeito com o papai aqui.

- Louis...

- Não fale nada. - coloca o dedo indicador na minha boca. Eu só não falei mais nada porque eu estava desacreditada e não adiantaria muita coisa.

- Louis! - um outro homem entra. - Está louco de abusar da novinha? Ela está vendida. Você sabe.

- Mas ele não disse como quer ela.

- Inteira. - sorri e sai do quarto.

Louis se levanta bufando e antes de fechar a porta o interrompo.

- Vendida? - ele se vira e sorri.

- Sim, vendida.

- Como assim? Alguém me explica o que está acontecendo aqui? Por que eu estou aqui? Por que eu fui vendida? Por que...

- É simples irmãzinha. Mulheres loiras, brancas, de olhos verdes, rendem muito para americanos sedentos de sexo. Óbvio, o chefe ganhou uma bala de grana contigo. - sorri mais uma vez.

- O que? Mas por que ele quis me vender? Eu nunca fiz nada para ele...

- Aff, você é muito ingênua em certas partes. Na verdade, muito burra. - fecha a porta com tudo.

Comecei a chorar. Chorar, ali, sozinha. Sei lá, por um momento eu quis bancar a durona e imaginar que nada de sério estaria acontecendo, mas estava totalmente errada. Cara, daqui a pouco eu serei entregue à americanos que me tornarão um brinquedinho deles. Meu Deus, o que eu faço até lá? Eu acho que não tem jeito de escapar daqui, pelo menos à cada minuto que estive aqui e pensei não achei um modo. Será que Jake está me procurando? Por favor, Jake, vem logo, estou precisando de ti, esse lugar e essas pessoas não querem o meu bem, por favor...

Jake Dornan On

Entrei na sala do Delegado, mais ou menos umas 8h50, quando todos estavam indo para alguma operação.

- Delegado, posso entrar?

- Claro. Espero que seja algo importante, não era para estar em trabalho?

- Sim e não. Mas mudando de assunto, não pode mesmo iniciarem buscas? Sei lá, ela é importante para o Batalhão, uma policial, não podem deixar o caso de lado e fingir que é qualquer uma. Até porque ela foi sequestrada pelos maiores inimigos.

- Inimigos?

- Sabe a morte dos pais dela? - assente. - Os cinco traficantes que mataram eles à sequestraram. À um tempo atrás eu havia procurado vestígios desde aquele dia. Até porque se for ver o relatório dos pais, do qual não tenho mais, não parecia muito bem que eles haviam sido mortos. Como posso dizer, tudo indicava que eles estavam vivos. Eu e meus irmãos procuramos por provas, mas a única coisa que achamos foi uma carta. Que dizia que os pais fizeram um acordo com os traficantes para saírem da Penha vivos. Uma longa história. Mas enfim, um pouco antes deles morrerem e das meninas completarem oito anos eles lhes entregaram uma carta lembrando do acordo. Até então eles não sabiam do que era, os traficantes ainda não tinha falado qual era a promessa/acordo. Na carta diz que quando a filha mais velha, Jade, completasse o vigésimo aniversário, hoje no caso, eles iriam ter de entregá-la. Na madrugada de hoje eles à capturaram. As meninas sofreram com alguns acontecimentos, Brenda foi afogada e Cecília dopada. Não sei o que ela está passando agora, nem quero imaginar. Mas por serem os inimigos dela eu não espero o melhor. De todo o meu coração, Delegado, você sabe que eu nunca fiz isso por nenhum outro alguém, nunca me apaixonei tanto por alguém, nunca me preocupei mais com alguém do que por ela. Enfim, não quero que faça tudo isso por mim, por ser namorado dela, mas por lembrar que ela trabalha aqui, lembrar que ela é uma das policiais mais úteis e importantes do Batalhão, dá uma chance... Por ela. - ele me olha por um curto tempo, em silêncio, e pega o telefone, o posicionando na orelha.

- É o Delegado. Bom dia. Informe aos outros que iremos iniciar uma busca. - sorrio - A garota tem vinte anos de idade, trabalha aqui no Batalhão como ajudante do Capitão, sumiu na madrugada de hoje, tudo indica ser um sequestro. Quando chegarem eu informo com mais detalhes. Ok, obrigado. - por fim olha para mim novamente sem reação, apenas sorrindo sem mostrar os dentes.

- Obrigado, Delegado. Com certeza estou indo trabalhar mais tranquilo. Qualquer informação me avise, eu quero me manter por dentro do que está acontecendo. - assente.

Saí da sala dele até mais tranquilo, pelo menos alguma coisa está sendo feita.

- E aí, cara, como está? - Diego me lança um olhar de pena e segura em meu ombro esquerdo.

- Ah, ainda estou meio em estado de choque, não acredito. A notícia boa é que o Delegado resolveu iniciar as buscas e estou indo trabalhar mais tranquilo.

- Ele resolveu ou você ajudou? - risos.

- É, eu expliquei a gravidade da situação.

O Capitão 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora